quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

O boteco de Samuca

O boteco do Samuel, o Samuca, era ponto de encontro inevitável da pequena Vila do Resplendor.

O estabelecimento era freqüentado não somente para bebericagem, mas por quem estava ávido pelas novidades do lugarejo. O estabelecimento era pequeno, mas aconchegante e muito limpo.

Entre sua clientela circulava até uma moeda própria que Samuel improvisara para suprir a falta de troco. O papel que tinha a rubrica de Samuca dava direito a um bônus e poderia ser permutado por mercadoria ou dinheiro em espécie quando acumulasse determinada soma por ele estipulada. Os fregueses chamavam de Samdolar.

A maioria dos negócios de Resplendor iniciou-se no Samuca.

As vezes assemelhava-se a um sofá de psicanalista quando alguém cochichava com o Samuca contando as mágoas ou pedindo um conselho. Ele sabia escutar e dar apoio.

O Samuel enquanto atendia seus clientes conversa animadamente mantendo todos bem informados do que acontecia em Resplendor.

Quer saber quem está traindo quem, quem está com doença terminal, quem vai ser mãe solteira, quem muda de sexo às escondidas, é só ir ao Samuca.

Samuca, grande prosador, sabia de tudo e tinha resposta para todas as perguntas.

Nada ficava sem resposta. Quando não sabia sempre tinha um álibi para despistar.

Certo dia aproxima-se um forasteiro.

- Seu Samuca o Sr. sabe onde fica a rua 5 de Agosto lá na Capital?

- De que ano?

Nada mais foi dito

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

O cotidiano

Sentei num banco à sombra enquanto esperava lavar o carro.


Aproximam-se um afro descendente e um garoto de uns seis anos.

Ambos sentaram-se no meio fio e o menino reclamou:

- Nós chegamos primeiro.

Disfarcei e disse que eles podiam sentar no mesmo banco se quisessem.

O guri muito simpático e com ar desinibido abraçava duas bandas de côco verde. O adulto também sorridente segurava uma chuteira. Querendo puxar conversa balançou as duas chuteiras e comentou:

- São pesadas.

Para ser simpático segui a conversação:

- O Senhor joga em qual posição?

- Zagueiro sentado.

- Não, é que a maior parte do tempo fico no banco.

Sorri com seu bom humor e voltei-me para o garoto.

Brinquei e perguntei se ele não me dava um pedaço de côco.

- Pode levar. Respondeu sem titubear.

Elogiei seu comportamento e perguntei seu nome.

- Meu nome é Caio.

- Caio Prado Júnior comentei. Não sei por que essa bobagem da gente repetir o nome de alguém famoso.

- Errou. Caio Barbosa Lobo. E sei imitar Maicon Gerson.

Pensei um desses meninos prodígio.

- Ah você sabe imitar o Michael Jackson imita ai que eu vou filmar com o celular.

Liguei a geringonça para filmar, mas não encontrei a função desejada.

O garoto consolou-me.

- Liga não. Teu celular tá de bobeira.

São coisas simples da vida com poesia e humor guardadas no baú da sabedoria popular.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

O neto.

A notícia encheu a sala como um clarão.


- Pai, tenho algo a lhe dizer.

- Coisa boa ou coisa ruim?

- Você vai ser avô.

- Verdade?!

Meu filho Mauricinho exibiu o exame médico com um ar de orgulho e denunciando incontida felicidade.

Comecei a ler o exame médico. A emoção me dominou. As letras ficaram embaraçadas. Respirei fundo e finalmente pude observar nas informações do documento uma acertiva: Bia estava grávida.

Enfim a notícia que eu tanto almejava aconteceu. Bia e Mauricinho vão ter um filho.

Meu primeiro neto.

O anúncio não poderia ser mais oportuno. É como se fosse um presente de aniversário.

Gostaria de divulgar o jubilosa anúncio Urbi et Orbe.

Agora novas expectativas aguçam nossa curiosidade.

Qual será o sexo?

Será menino ou menina?

Não importa. O que for será e terá todo nosso carinho e extremado amor.

Se for um varão, muito bem. Encherá nossos corações de muita alegria. Se for uma garota será mais uma rosa abrilhantando a primavera.

Um ou outra será um pedacinho de nós para adoçar nossa vida e encher nossas casas (dos pais e dos avós) de plena e perene felicidade.

Para nós 2010 prenuncia-se um ano de esperança e fertilidade. Agora nos resta esperar pelo advento.

Que venha a nós esta dádiva tão esperada.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Eleições 2010.

Uma conjugação tripartite de forças políticas disputa a eleição para governo do Estado em 2010.

Os candidatos ensaiam lances estratégicos com o objetivo de conquistarem a preferência popular.

No processo vale tudo menos o espírito público. A miopia e pequinês dos candidatos se revelam na reciprocidade dos insultos. Todo dia no rádio, nos jornais e na televisão os postulantes desfilam pousando de bom moço e tentando convencer que ele é a melhor escolha.

Na prática insultam a paciência e a inteligência do povo com visíveis e irrefutáveis demonstrações de incoerência.

Vejam que briguinha mais infantil essa entre a Prefeitura e o Governo do Estado disputando um local para a realização de festejos do réveillon. Cada um querendo prejudicar o propósito do outro. Ou então essa para melhoria do sistema viário da Capital.

Não se discutem soluções para os problemas da sociedade, mas sim as brigas cartoriais, com o olhar focado no retrovisor. Fulano não fez isso, beltrano não fez aquilo.

Nos bastidores os acordos se engendram com intrigas e traições.

Cada um se comporta exclusivamente olhando para seu interesse pessoal. Não importam as conseqüências o que importa é ganhar. Já se disse que em eleição o feio é perder. E com essa visão os candidatos praticam toda sorte de artimanhas.

Muita coisa ainda está por vir, com certeza nada de que possamos nos orgulhar.

Entre as múltiplas escolhas o difícil é identificar o melhor para a Paraíba.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

A corrupção.

Transporto-me ao Planalto Central. Focalizo a Praça dos Três poderes e me permito uma metáfora intrigante: a corrupção ora é côncava ora convexa. Tudo depende de sua origem. Apesar da forma não está perfeitamente definida o endereço sempre é conhecido. Ocupa os palácios e os escritórios luxuosos de importantes executivos.

Persistindo na metáfora pode-se dizer que apesar de insípida, incolor e inodora ela não é indolor. Doe e corroe o íntimo da gente. É volátil ocupa todos os espaços (Poderes) em sua volta.

Embora de origem pré-histórica apresenta-se sob os mais diversificados disfarces, num mimetismo ensaiado com foco nos tímidos orçamentos municipais até esquemas milionários para sugar as caixas fortes da União.

A anatomia desses crimes começa a ser tramada e definida desde a feitura do orçamento da União e tem ramificações na contratação de obras e serviços públicos.

Caracteriza-se pelo uso ilegal e malversação dos recursos públicos pelos gestores que se utilizam da posição de poder para realizarem atos ilegais contra a sociedade.

Sua execução permeia sofisticados caminhos desde meias e cuecas até os paraísos fiscais em operações urdidas nas insídias palacianas.

Os agentes públicos ungidos por símbolos distinções, privilégios e imunidades perpetram os mais insidiosos crimes contra a sociedade. Extorsão, suborno e nepotismo são o menu principal.

O historiador britânico Lord Acton pronunciou uma frase que se tornou legendária “O poder tende a corromper – e o poder absoluto corrompe absolutamente”.

O mais inquietante e que provoca maior indignação é a impunidade.

A não ser alguns gravames imputados aos pequenos delinqüentes dificilmente se noticia a prisão dos casacudos criminosos de colarinho branco. Via de regra tanto os corruptos quanto os corruptores conseguem ludibriar os tribunais e permanecem ilesos usufruindo das benesses obtidas por meios ilícitos.

Cabe a pergunta: Que fazer para mudar tudo isso?

Ao que parece sobra legislação para identificar e punir os criminosos. O que há é um desvio coletivo de comportamento, uma inversão de valores e a corrosão do caráter.

A solução está em cada um de nós e passa necessariamente pela educação.

Certamente uma política que dê prioridade à educação transformará o homem e, as gerações futuras poderão experimentar as mudanças em direção a um mundo melhor.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Big Brother Brasil

Lamentavelmente vamos ser novamente enxovalhados com nova versão do reality show Big Brother Brasil, invenção de gosto questionável importada dos EE.UU (criação de John de Mol em 1999).

Trata-se de cenas privadas de exploração e banalização da carne.

Um atestado público da falta de imaginação e criatividade dos produtores globais.

A primeira versão até que foi palatável pelo inusitado do programa. Da segunda em diante não passa da repetição da mediocridade.

O programa se desenvolve mergulhado em futilidades numa linha que se equilibra entre a banalidade e a demência. Bundas e fofocas de todos os ângulos.

A TV Globo, a maior rede de televisão da América do Sul, rica e poderosa, bem que poderia produzir programas mais interessantes. Entretanto o fastio e a miopia de seus produtores só enxergam as cifras do faturamento e os índices de audiência registrados nas massas, desprezando qualquer compromisso ou responsabilidade social.

Felizmente podemos dispor do controle remoto uma invenção tão importante quanto a penicilina.

sábado, 19 de dezembro de 2009

Sinuca de bico.

A decisão do Senador Cícero Lucena de lançar-se candidato ao Governo do Estado é perfeitamente legítima, porém com poucas chances de êxito. Sobra-lhe o mérito e escasseiam os apoios. Não é preciso ser cientista político para acolher esta dedução.

Acumulo uma longa experiência de vida, mas não o suficiente para entender as engrenagens e os mistérios da engenharia política.

O Senador desfruta uma situação confortável, pois mesmo não conseguindo eleger-se tem garantido mais quatro anos de senatoria. É um comodismo que não alcança seus aliados políticos principalmente os deputados estaduais que se sentem como personagens de um naufrágio político causado pela corrida desenfreada das oposições em direção ao candidato Ricardo Coutinho.

A lógica de Cícero é perfeitamente palatável.

Que alternativas poderia optar?

Aliar-se a Ricardo Coutinho equivale a agachar-se e render-se ao seu arquiinimigo, afinal, o Mago foi e é seu mais virulento crítico.

Apoiar Maranhão além da dificuldade doméstica é uma hipótese que se choca frontalmente com os objetivos maiores do PSDB nacional.

As duas hipóteses são inconcebíveis.

Nesse cenário o mais surpreendente é o afastamento de seu aliado o ex-Governador Cássio. A lógica de Cássio é cartesiana e um tanto quanto egoísta.

Cássio tem assegurada sua eleição para o senado segundo a opinião dos analistas políticos. Entretanto não acreditando nas possibilidades de êxito de Cícero vislumbra a candidatura de Ricardo como a única possível de derrotar seu principal adversário político José Maranhão e por isso acena um alinhamento com o atual Prefeito da Capital negando apoio ao seu amigo “in pectoris” e correligionário histórico Cícero Lucena.

Cícero tem reafirmado inúmeras vezes que é candidato custe o que custar (CQC).

Fez sua bandeira a palavra de ordem da resistência espanhola ditada pela deputada Dolores Ibárruri, La Passionária: “Mais vale morrer de pé do que viver de joelhos”.

È uma sinuca de bico, entretanto considerando a volatilidade e a dinâmica da política não me arrisco em nenhum prognóstico, pois como já se disse em política até boi pode voar.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

A era dos Chips

A vida tem mais imaginação do que carregamos dentro de nossos sonhos. A frase é atribuída a Cristóvão Colombo.

A notícia do assassinato do Presidente Abraham Lincoln, em 1865, demorou 13 dias para cruzar o Atlântico e chegar à Europa.

A queda da bolsa, em Hong Kong (outubro/novembro de 1997), levou 13 segundos para cair como um raio em São Paulo, Tóquio, Nova York, Tel Aviv, Buenos Aires e Frankfurt.

É a integração acelerada dos mercados internacionais graças à evolução extraordinária dos meios de comunicação.

Atualmente as notícias se propagam na velocidade da luz. O que acontece em Dubai pode ser visto em qualquer lugar do Planeta, em tempo real.

O planeta é um barzinho da esquina. O mundo virou um quintal.

“Seu” Bianô, morador do Mendonça, na zona rural de Juazeirinho, acompanha com interesse o que acontece em Copenhague na conferência do meio ambiente. Moisés ruralista de Taperoá questiona a agressão sofrida pelo primeiro ministro italiano.

Estamos na idade dos chips.

A ficção do passado se tornará realidade.

É difícil imaginar o que está por vir. Imagens tridimensionais, hologramas com projeção de odores. O que possa imaginar a mente humana é passível de ser criado.

Só não entendo o contraste diante de tantas maravilhas o homem continuar tendo atitudes mesquinhas e egoístas.

Seria de extrema importância para o futuro da humanidade e o estabelecimento de nova uma ordem social se todo esse arcabouço tecnológico fosse utilizado num sistema de aprendizado capaz disseminar o bom senso e fazer com que as pessoas se auto respeitassem.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Minha irmã NORA.

Minha irmã Nora além de excelente artista plástica tem uma extraordinária faculdade de aglutinação e convencimento.


É dócil e meiga por natureza, severa quando necessário, mas sem perder a ternura.

Nora tem aquela magia angelical das mães pra cobrar um deslize do filho. Atribuo ao DNA, pois nossa mãe apresentava os mesmos atributos.

Seus conselhos são sugeridos de forma agradável e surpreendentemente prática. Sobra-lhe o senso de oportunidade.

Esta semana fui contemplado com uma lição de sua sabedoria.

Chamou minha atenção referindo-se ao artigo que escrevi “Gosto de escrever” no qual inserir alguns comentários negativos com relação ao mundo em que vivemos.

Repreendeu-me com sua elegância habitual cobrando-me o romantismo e a alegria de viver.

Enaltecendo as belezas da natureza aconselhava-me a fechar os olhos para a banalidade e a melancolia e instigava-me a superar meus próprios limites como forma de crescer.

Minha querida irmã, apesar do que escrevi, concordo plenamente com tudo que você me disse.

O que escrevi refletiu um estado de espírito. Uma angústia momentânea que me acudia por não encontrar um assunto para dissertar.

Não quero repetir a grande Cecília Meireles quando disse “... a vida só é possível reinventada”. Também não vou me prepuciar como a avestruz e fazer de conta que não existe o lado negativo.

É claro que existe uma beleza indescritível na natureza e nas relações entre pessoas.

O abraço fraterno, o sorriso de uma criança, um verso de Caymi, uma canção de Noel, são preciosidades e gestos que alimentam a esperança e a alegria de viver.

Apesar dos pesares ainda preservo estes sentimentos e a esperança de dias melhores.

Nora querida, também te amo.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Lucy de Badu

Valdelice e Enéas são os pais de minha filha Beatriz.

Encucou?

Beatriz, ou Bia é casada com meu filho mais novo, Mauricinho.

Desencucou?

Sexta feira 11 o casal serviu um jantar de confraternização natalina no seu apartamento.

Mesa primorosa, iguarias refinadas e uísque honesto tudo regado a um papo agradável e bem humorado.

Chamou atenção e registro com especial destaque a presença de uma menina prodígio filha de Badu (José Hilton Alves), a Lucy (Lucyane), componente do grupo Clã Brasil.

Lá pras tantas Lucy foi convidada para tocar seu instrumento, o acordeon que eu insisto em chamar de sanfona, me parece mais autêntico.

Que formidável surpresa.

Logo aos primeiros acordes seduziu a platéia com sua técnica e seu apurado pendor artístico improvisando com incrível facilidade.

De repente aquele corpinho franzino transmutou-se num enorme espírito de luz formado de fusas e semifusas. O encanto se deu num passe de mágica. Os dedos percorriam o teclado e os baixos numa precisão virtuosa, projetando uma nuvem indefectível de ritmo, melodia e harmonia.

Sonhei ao ouvir e relembrar o mestre Sivuca nos acordes do seu “Quando me lembro” que ela executou a meu pedido. Ao final beijei-lhe a face comovido.

Tenho absoluta certeza que essa pequena grande artista ainda brilhará e alcançará um lugar privilegiado de projeção na musicografia brasileira, pois talento e sentimento não lhe faltam.

Estaria até agora escutando contrito e anestesiado aquela maravilhosa audiência não fosse uma crise renal que me nocauteou justo naquela noite.

A dor tomou conta de mim obrigando-me uma retirada abrupta.

Sai sem cumprimentar os presentes, nem Lucy.

Lucy minhas desculpas e o reconhecimento pelo seu talento indiscutível.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Gosto de escrever.

Gosto de escrever.

Bem ou mal, adoro escrever, ainda que escreva para leitores virtuais.

O propósito quando criei este blog era atender esta satisfação pessoal.

A princípio julgava escrever sobre assuntos variados com uma freqüência de uma matéria todo dia.

Assumindo a realidade confesso que não é uma tarefa fácil. Também pudera! Como encontrar motivação e inspiração num mundo sem colorido? Num mundo sem poesia. Num mundo cinza dégradé.

Observo a natureza e seu entorno e o que vejo?

O homem socialmente inserido num contexto mal resolvido.

As mesmas ocorrências diuturnas. O assalto, o estupro, os golpes, as guerras, falcatruas, traições, enfim as mazelas sociais. Tudo se repete todo dia, mudam-se apenas a intensidade, o local e os protagonistas.

É verdade, desfruta-se a excelência das maravilhas tecnológicas, das mudanças, da robotização. Todavia em detrimento ao domínio da natureza a cada dia acentuam-se os problemas ambientais e o isolamento na convivência social.

Foi-se o tempo da poesia, dos romances, do galanteio, dos passeios no parque.

Hoje você casa e separa. A família é uma instituição com prazo de validade.

É o salve-se quem puder. A lei da vantagem. A geração Shopping Center.

Carnavais sem confete nem serpentina, o São João sem fogueira, sem rojão nem milho assado.

Esse emaranhado de encontros e desencontros, a sucessão de equívocos e surpresas termina obliterando a memória, confundindo e obnubilando o juízo e o pensamento o que torna ainda mais difícil o sonhar e o criar.

Peço desculpas pelo desabafo.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Asneiras palacianas.

O que caracteriza as asneiras do Presidente Lula, são os delírios verbais e o palavrório chulo e indecoroso.


Foi assim quando afirmou que a crise financeira mundial foi causada por “gente branca de olhos azuis”; quando disse na Folha de São Paulo, que até Jesus teria de chamar Judas para fazer coalizão” sendo refutado pelo Secretário Geral da CNBB Dom Dimas Lara Barbosa, ”Jesus não fez aliança com fariseus” e quando afirmou que as imagens da corrupção na TV são provas circunstanciais.

A bactéria Tetradactilus já produziu um rosário de pérolas extraído de sua verborréia com palavreado muitas vezes impublicável.

Não é a primeira vez, nem será a última que o pinguço presidente apela para a ignorância.

No livro dos repórteres Eduardo Scolese e Leonencio Nossa “Viagens com o Presidente” há registros estarrecedores dos delírios lulistas. Como após o quarto copo de uísque pede a palavra e comenta a política externa de seu governo:

- Tem hora, meus caros, que eu tenho vontade de mandar o Kirchner para a puta que o pariu. Ou quando, no jantar, coloca o Chile em debate.

- O Chile é uma merda. O Chile é uma piada. Querem mais é que a gente se foda por aqui. Eles estão cagando para nós.

O uísque o mantém fora do estado de consciência e numa discussão sobre meio ambiente, em audiência com a ministra Marina Silva sobre a transposição do rio São Francisco disparou:

- Marina, essa coisa de meio ambiente é igual a exame de próstata, não dá pra ficar virgem toda a vida. Uma hora eles vão ter que enfiar o dedo no cu da gente. Então companheira se é pra enfiar, é melhor que enfiem logo.

Esta semana o Presidente protegido pelos seus índices de popularidade dispara mais um pronunciamento bizarro.

“Tirei o povo brasileiro da merda”! – esbravejou numa solenidade em no Maranhão.

Que é que é isso, Presidente, onde está o respeito à dignidade de sua investidura?

Aproveite as mordomias do cargo e tome umas aulas de boas maneiras. Afinal a responsabilidade de chefe da nação não lhe dá o direito a essas baixarias.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Beco sem saída.

Sinto-me traído quando acreditei no caráter e no discurso do candidato...


Sinto-me assaltado quando assisto na TV o flagra do candidato escondendo o dinheiro sujo na cueca...

Sinto-me ultrajado quando vejo e escuto o Presidente da República comentar que as imagens do flagra não são suficientes para incriminar ninguém...

Sinto-me vilipendiado quando escuto o candidato defender-se da vergonhosa ação e faz pouco da minha inteligência...

Sinto-me insultado quando os amigos do candidato armam os casuísmos para sua defesa...

Sinto-me abandonado quando os juízes acatam liminares e outros remédios jurídicos para salvaguardar esses delinqüentes...

Sinto-me manipulado quando os tribunais protelam as decisões...

Sinto-me num beco sem saída quando tenho de votar numa eleição...

Sinto-me no epicentro de um furacão com todas essas agruras.

Quer chova, quer faça sol sinto-me enganado, constrangido, oprimido, ludibriado, revoltado, todos os dias, todas as noites, quando vou dormir, quando acordo, quando vou ao supermercado, quando vou ao trabalho, quando estou em casa, quando saio, quando leio o jornal, quando assisto a TV, quando estou dirigindo.

Sinto-me enfim desolado por não ver uma saída.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Minha caixa de mensagem.

Caixa de mensagem

Sabe quando você vai ao mesmo restaurante e pede aquele mesmo prato executivo?

Você já sabe o preço, quanto tempo demora, como é servido, quais são os acompanhamentos, etc., etc.

Assim é com minha caixa de correio eletrônico.

Dependendo do remetente já sei o teor.

Se for Arael são mulheres peladas, lindas, Marinha, Aeronáutica e putaria da grossa.

Se for Dineuza uma parafernália de lugares para visitar, piadas e mensagens filosóficas.

O “ministro” Geraldo Veras a malhação contundente na bactéria Lula da Silva.

Júnior, da Espanha, curiosidades, políticas de preferência.

O “reitor” Aníbal (ex- gordo) uma miscelânea política mesclada com sacanagem sutil.

Dudu (Soares) tem um acervo formidável de assuntos de interesse público.

Nora (minha irmã), via de regra coisas ligadas a arte e a natureza.

E por ai sai.

Dentre muitos dos meus contatos destaco com especialidade as mensagens do meu guru das Alagoas, o Eduardinho.

Eduardinho, meu amigo de infância, é um cientista político, professor universitário e tem uma visão holística do planeta. Todas suas mensagens são maravilhosas.

Ontem dele recebi duas mensagens formidáveis. Uma da conta de um projeto inusitado. O Svalbard International Seed Vault (SISV), também conhecido como ”La bóveda del fin del mundo” (a abóbada do fim do mundo).

Trata-se de um silo gigante implantado na ilha de Spitsbergen, no arquipélago de Svalbard, na Noruega. Um enorme depósito implantado num túnel de 125 metros de profundidade, escavado na rocha, distante 1000 km do Pólo Norte. Contém 100 milhões de amostras de sementes recebidas de toda parte do mundo o será suficiente e necessário para que o ser humano reinicie a conquista do Planeta caso ocorra algum desastre ecológico. É a “arca de Noé do sec. XXI”.

A outra mensagem é bem humorada e fala de um sujeito chamado Marc Faber.

Marc Faber, empresário, comentando um projeto do Governo Bush de ajuda à economia americana publicou num boletim de sua empresa o seguinte:

“O Governo Federal está concedendo uma bolsa de US$ 600,00 a cada um de nós.

Se o dinheiro for gasto no supermercado Walt-Mart, o dinheiro vai pra China.

Se comprar gasolina, vai para os árabes.

Se comprar frutas e vegetais, irá para o México, Honduras e Guatemala.

Se comprar um carro, irá para a Alemanha ou Japão.

Se comprar bugigangas, irá para Taiwan...

Se comprar um computador, vai para a Índia.

E nenhum centavo ajudará a economia americana.

O único meio de manter esse dinheiro na América é gastá-lo com prostituas e cerveja que são os únicos bens ainda produzidos por aqui.”

Um brasileiro igualmente bem humorado retrucou:

Realmente a situação dos gringos parece cada vez pior.

A Budweiser foi comprada pela brasileira AmBev...

Portanto, restaram apenas as prostitutas.

Porém, se elas (as prostitutas) repassarem parte da verba para seus filhos, o dinheiro virá para Brasília, onde existe a maior concentração de filhos da puta do mundo.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Brasília 50 anos.

“Deste Planalto Central, desta solidão que em breve se transformará em cérebro das altas decisões nacionais, lanço os olhos mais uma vez sobre o amanhã do meu país e antevejo esta alvorada com fé inquebrantável e uma confiança sem limites no seu grande destino”. - Juscelino Kubitschek.

Brasília foi concebida e implantada para ser a capital da república.
Inaugurada em 21 de abril de 1960, seu partido arquitetônico ganhou espaço e prestígio no mundo inteiro pela singeleza de sua plasticidade, pela ousadia de seus vãos audaciosos, e pela beleza de suas curvas.
Representou a concretização de uma utopia. A realização de um sonho do Presidente “Bossa Nova” Dr. Juscelino Kubitschek de Oliveira.
Rapidamente cresceu, exuberante e formosa cumprindo suas funções básicas de habitação, saúde, abastecimento, transporte, cultura e lazer.
Meio século depois adquire uma nova função não tão nobre quanto as demais.
Para vergonha dos brasileiros transformou-se numa catedral de sinecuras, um celeiro de marginais.
Com um pequeno detalhe: o núcleo da delinqüência e da bandidagem não está nos bairros pobres, não está nas praças públicas nem tampouco nas favelas. Ocupa os palácios e os luxuosos gabinetes das mais importantes personalidades públicas do País.
São Deputados, Senadores, Governadores, Secretários de Estado, Juízes, enfim todas as excelências, gestores da coisa pública.
Justo aqueles que têm obrigação constitucional de agir com denodo e correção são os primeiros a praticarem descaradamente todo tipo de delito como locupletação, lavagem de dinheiro, corrupção ativa e passiva, nepotismo, enfim toda gama de ilícitos penais previstos no Código Civil.
Os agentes públicos em lugar do zelo pela cidadania praticam uma espécie de política Robin Hood pelo avesso.
Instalou-se o caos. Hoje é a Brasília dos escândalos.
Quais as perspectivas futuras?
Quando o povo brasileiro alcançar maturidade política necessária para saber escolher seus governantes talvez um dia quem sabe, este quadro se torne coisa do passado.
Por enquanto vale a máxima do Ex-Ministro Armando Falcão: O futuro a Deus pertence.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Os sofismas.

Segundo nos ensinam os compêndios de filosofia o sofisma é um raciocínio errado que se apresenta com as aparências de verdade. Quando é cometido de boa fé, sem intenção de enganar, toma o nome de paralogismo.
Existem duas classes de sofismas: os sofismas de palavras e os sofismas de coisas ou idéias.
Para exemplificar cito alguns exemplos de paralogismos.
O equívoco, que consiste em tomar, no raciocínio uma mesma palavra em vários sentidos diferentes. Tal como o raciocínio seguinte:
Todo deputado é político.
Ora, o deputado é corrupto.
Logo, todo político é corrupto.
A confusão do sentido composto e do sentido dividido que ocorre quando se toma coletivamente o que é dividido em realidade, ou que se toma separadamente o que em realidade não é mais do que um. Tal é o argumento do pródigo:
Este político me enganará. E também o outro, e o seu sucessor. Logo, todos os políticos me enganarão.
A metáfora, que consiste em tomar a figura pela realidade. Como nos servimos de imagens sensíveis para exprimir as coisas facilmente a imagem substitui essas coisas e torna-se uma fonte de erros. Exemplo: as casas do Povo, a Câmara e o Senado.
Sofisma de indução: Consiste em tomar por essencial ou habitual o que só é acidental.
Este deputado não fez efeito.
Logo, todos os deputados não servem para nada.
Sofisma de ignorância da causa. Consiste em tomar por causa um simples antecedente ou alguma circunstância acidental.
Um mandato produz ocorrências criminais.
Logo, os políticos são um produto de delinqüência.
Sofisma de arrolamento. Consiste em tirar uma conclusão geral de um arrolamento insuficiente.
Tal deputado é venal. Tal outro também o é.
Logo, todos os deputados são venais.
Sofisma de analogia. Consiste em concluir o que é um objeto pelo que é um outro, apesar de sua diferença essencial.
O Senado é um legislativo como a Câmara.
Ora, a Câmara é corrupta.
Logo, o Senado também o é.
Para refutar os diversos sofismas, não existe outro meio senão o de criar uma mentalidade implacavelmente cidadã a fim de sabermos escolher criteriosamente nossos representantes.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Quinau de Cláudio

Pensou num censor arguto e atuante, pensou no meu irmão Cláudio.
Cláudio além de engenheiro competente e talentoso que é possui uma memória e perspicácia invejáveis.
Nada escapa à lupa do “Galego”.
O menor deslize é detectado pelo radar do mano.
Foi assim quando escrevi o texto Neologismo Tropical onde comentei o significado do termo “requalificação” utilizado numa placa de obras pela Prefeitura Municipal para divulgar as obras de restauração da calçadinha de Manaíra e recentemente quando equivocadamente nomeei de “Campo do Escorrego” um campo de pelada que existia onde atualmente é a Praça Pedro Gondim.
O lapso traiu minha memória, mas não a do mano Cláudio que por mensagem eletrônica detona o equívoco.
Onde hoje se encontra a Praça Pedro Gondim também existia um campinho de pelada, entretanto o “Campo do Escorrego” situava-se nas proximidades de nossa casa, entre a Camilo de Holanda e a Quintino Boicaiuva como bem lembrou o “Galego”.
O nome derivou-se em razão de no período invernoso o terreno saturado tornar-se bastante escorregadio sendo difícil manter-se o equilíbrio.
Cada vez mais me conscientizo que ao escrever estas matérias no meu blog tenho me policiar pois senão bastasse o ombudsman Puchkin com seus puxavantes tem também o mano Cláudio com sua lupa de longo alcance.
Tai mano feito o reparo e obrigado pelo quinau.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Ciladas III

Ainda garoto, morava ali na Camilo de Holanda.
Convivia numa corriola sadia e alegre que se dava aos pequenos vícios. Bater pelada no campo do escorrego, onde hoje é a Praça Pedro Gondim, roubar as mangas e cajus no sítio do pai de Otacílio, fumar escondido, se masturbar no banheiro e a noite comer as empregadinhas nos terrenos baldios.
Camisinha?! Nunca ouvi falar.
Lembro de Nonô, Janca, Coelhinho,dos Carneiros (Beba, Daniel, Tarcisio e Joaquim), Deca, Marcelo Soares, Marcos de Moacir, Otacílio, Erlon e Breno Machado, Neco Ramalho, Marcão, Onildo, Braguinha, e os sobrinhos de “seu” Napoleão, pai de Luiz Augusto Crispim, o mais velho Humberto e o mais novo, Hercílio, que tinha a alcunha de Mirim.
Hercílio era metido à intelectual.
Esclareceu-me as primeiras ciladas do vernáculo. Falou-me sobre a conotação que assume certas palavras de acordo com sua colocação e entonação na frase.
Explicava Mirim: Geruza foi cobrar uma conta e picas pra mãe de Inácio. Quer dizer: não recebeu nada. Inácio ofendido com o insulto à sua genitora replicou: Prá mãe de Inácio uma pica. Quer dizer, vade retro satanás, pica prá qualquer outra mãe, menos a sua.
Que línguasinha complicada, né?