Você é livre para fazer suas escolhas,
mas é escravo de suas conseqüências. (Pablo Neruda)
“O paralelo é a melhor forma de
julgamento”.
José Américo de Almeida
Estou vivenciando uma nova
experiência.
Abandonei por livre e espontânea
vontade o encanto da ociosidade permitida.
A pesar da idade avançada
suspendi meu merecido ócio remunerado pela aposentadoria e aceitei um novo
desafio.
Assumi, a convite de minha nova
amiga Tatiana Cabral a chefia do Departamento de Engenharia da CINEP –
Companhia de Industrialização da Paraíba.
A experiência acomoda duas
vertentes distintas.
De um lado o enriquecimento da
auto-estima e do outro a perda dos privilégios reservado aos jubilados.
Estabeleço um paralelo para
julgamento das duas situações.
O fato de ter sido lembrado,
sendo um sexagenário, é uma confortável e estimulante massagem no ego.
Sentir-se útil e produtivo é um
rejuvenescimento.
Ter sua capacidade reconhecida e sua
experiência de vida entendida como algo que soma e que pode contribuir
proativamente numa atividade laboriosa é algo fascinante para quem é acolhido.
Faz a diferença ser entendido não
como um estorvo ou algo descartável, mas como alguém capaz de pensar e produzir.
É realmente reconfortante e
encorajador, sem falar no reforço do orçamento doméstico.
Na coluna dos débitos lanço as
desvantagens.
A suspensão repentina da dolce far niente. A suave
indolência como dizem os italianos.
Não poder mais preencher o dia
com amenidades jogando conversa fora com os amigos sem nenhuma obrigação com
horários nem coisas a fazer.
Não poder mais dormir altas horas
da noite e acordar na hora que lhe aprouver deixando-se espreguiçar numa
leniência prazerosa.
Não poder mais desfrutar da
alegria do convívio e das brincadeiras com minhas duas netinhas Luisa e Alice, nas
sextas feiras.
Ter que enfrentar diariamente um
trânsito caótico e estressante no deslocamento para o trabalho e vice versa.
São os ossos do ofício, a lei da
compensação.
Todavia
estabelecendo-se o paralelo a coluna dos benefícios tem mais peso. (Por
enquanto).