sábado, 23 de julho de 2016

Barão de Mulungu

As pessoas já nascem com uma formatação intrínseca definindo seu comportamento e suas tendências ao longo da vida. Uns são acomodados, outros inquietos, alguns vagarosos outros agitados, uns com pendores artísticos outros beligerantes, uns falantes outros monossilábicos, nômades, aventureiros e assim pode-se encontrar uma cadeia incontável de personalidades. Só os infortunados não têm pendor para nada. São um zero a esquerda. Meu cunhado Romero é um exemplo concreto de um espírito empreendedor, nasceu com essa luz. Após morar cerca de quinze anos nos Estados Unidos retorna ao Brasil para tratamento de saúde. Aqui permanece num lá e lô, hora em João Pessoa, ora na Fazenda Mulungu de propriedade de sua família. O gênio um pouco arrebatado típico dos iluminados tem uma tendência natural pelos desafios. Não se dobra aos obstáculos. Por exemplo, mesmo com problemas de saúde, movendo-se com dificuldade e o dinheiro escasso nesses poucos dias de passagem pela fazenda onde convive com seu tio Sebastião (Bastos) marcou sua presença com uma série de ações onde se destacam: Instalação de uma oficina mecânica, Impermeabilização da Cisterna, confecção de um portão para garagem, projeto de Paisagismo na frente da casa sede, limpeza de um poço profundo e conserto do cata vento, recuperação da cerca do curral, projeto e instalação da “Transmulungu” (estrada que contorna a sede da fazenda), confecção de cochos para bodes, desobstrução de instalações sanitárias, aquisição de um reboque, aquisição de um quadriciclo, colocação de artifícios nas árvores do terreiro para comida de passarinhos. Essas pessoas dão pouca importância se aconteceu uma experiência exitosa ou não, para elas o importante é fazer, por isso que são mais vulneráveis aos tropeços. Como é o caso do estadista Irineu Evangelista de Sousa, o Barão de Mauá, que liderou inúmeros empreendimentos comandou dezessete empresas e chegou a acumular uma fortuna hoje equivalente a 60 bilhões de dólares e terminou pobre. João Pessoa, 23/07/16

sábado, 16 de julho de 2016

DÍVIDAS

A intolerância se caracteriza como uma manifestação de desagravo por algum fato, coisas ou pessoas. Há quem não tolere certos matizes ou sons, outros não admitem alguns sabores, há quem não tolere a escuridão, outros fogem das multidões. Para qualquer circunstância ou coisa concreta ou mesmo subjetiva ha sempre um intolerante. Eu por exemplo não tolero dívidas. Consigo conviver com qualquer adversidade, com a dor, com a traição, com a ingratidão, com a fome, com a sede, com o frio ou calor, mas a dívida, esta realmente me tira totalmente do sério. Uma vez contraída fico com o raciocínio embotado, taciturno, irritado. À medida que passa o tempo ela vai se avolumando e se apossando do meu eu como se nada mais no mundo existisse ou importasse me tornando incapaz de pensar noutra coisa. Transforma-se numa megera, numa nuvem negra ocupando todos meus espaços e me acompanhando a todos os lugares. Chego a perder o sono e por mais que eu tente focar outro assunto a pústula arrodeia e com artimanhas e ciladas consegue fixar-se no domínio da situação. Enquanto isso ela vai ficando, vai ficando e produzindo seus horrores até que eu consiga um antídoto eficaz para exterminá-la qual seja: pagar.