terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Para que servem as calçadas.

Lexicamente as calçadas (Sidewalk, em Inglês, Chaussée, em Francês, Burgersteig ou Gehsteig, em Alemão) são caminhos ou ruas revestidas de pedra.

As ruas não são formadas apenas pelas vias para veículos existem ruas para uso dos pedestres, as calçadas. Assim foram chamadas originando-se do Latim, calcare que significa “pisotear, bater com os pés, calcar”. Esta palavra deu origem também a calcanhar e decalco.

Provavelmente o calceteiro, artífice que construía a calçada, seja talvez uma das mais antigas das profissões excluindo-se naturalmente as prostitutas.

As calçadas, com pavimento, já existiram nos povos tribais, como superfície que servia para execução dos rituais religiosos e rituais de poder.

As mais antigas que se tem registro são as calçadas romanas, executadas por escravos.

Do ponto de vista espacial assumem formas e características diversas como as famosas calçadas Portuguesas construídas em Coimbra, Lisboa, no Porto ou suas similares em Copacabana, no Rio de Janeiro ou no Museu do Ipiranga, em São Paulo.

Pode-se inferir que sua principal função, enquanto elemento urbanístico em todas as cidades do planeta é possibilitar a locomoção das pessoas. Lamentavelmente não é o que se constata nas cidades. Às vezes assumem outras funções como palco para apresentação de artistas populares, dançarinos de tango em Buenos Aires, mágicos e instrumentistas em Paris ou Nova York, capoeiristas e humoristas, no Rio de Janeiro ou pregadores religiosos, em Londres.

Sempre está ali a calçada como um servidor público colaborando no dia a dia do cidadão.

Aqui na capital das Acácias sua utilização ao longo dos tempos e com razoável frequência tem sido diversificada para finalidades que se contrapõem à sua principal função urbanística e constitui uma flagrante agressão aos códigos de urbanismo e à população sobretudo como obstáculo ao seu direito de ir e vir.

Um passeio por qualquer rua da cidade é um exercício onde se pode constatar o uso indevido das calçadas com estacionamento de veículos, dispositivos de publicidade (placas e outdoors), estabelecimento de pequenos negócios (ambulantes), enfim uma parafernália de atividades que muitas vezes impede o caminhar obrigando as pessoas a utilizarem as mesmas vias dos veículos expondo-se aos riscos de acidentes. O mais constrangedor que tudo se passa com a plena aquiescência do poder público que a tudo assiste sem esboçar a menor reação.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

A soma e o resto.

Acabei de conferir a mais nova publicação do Ex-presidente Fernando Henrique Cardoso “A soma e o resto”.

Trata-se da condensação do pensamento do renomado sociólogo hoje cidadão do mundo. O livro com 195 páginas editado pela Civilização Brasileira reúne confissões, lembranças, reflexões e desabafos, resultado de mais de 10 horas de conversas gravadas em seu apartamento por Miguel Darcy de Oliveira. A informalidade é a tônica da obra onde o autor explicita sua visão atual sobre o Brasil e o mundo.

“Este livro talvez seja o mais espontâneo que já publiquei”. Diz o líder tucano sobre sua obra.

Ao contrário do metalúrgico que achava a leitura pior que exercício físico e da Presidente que faz questão de ser chamada Presidenta e que até agora não fez outra coisa a não ser uma faxina tentando exorcizar os pulhas do governo (pelo menos isso), nosso representante tucano apresenta-se como um ponto fora da curva como bem qualificou o jornalista Augusto Pontes na Veja.

Fugindo da politica nanica FHC prefere fazer história e foge do ostracismo que ronda os “ex” com sabedoria e experiência. Reúne-se com os Elders, grupo de ex-presidentes fundado por Nelson Mandela, protagoniza um documentário onde se discute o problema das drogas “Quebrando o Tabu”, do cineasta Fernando Grostein Andrade, busca soluções para o Oriente Médio, escreve livros e é alvo de elogios até da presidente Dilma Roussef.

Identifiquei na leitura ricos conceitos do ilustre cientista social:

Quem mais comanda hoje é o mercado, não o Estado ou a sociedade, com seus valores e suas políticas. Eu sou contra isso. Numa sociedade democrática, não pode ser o mercado quem comanda. Tem que ser a sociedade.

Quando se tem uma somatória de desemprego, autoritarismo, corrupção, desesperança e, simultaneamente, maior acesso à informação e liberdade de comunicação, a coisa explode.

É a emergência do novo que move a sociedade. Não estamos repetindo o passado nem seguindo modelos de fora. Algo original está sendo gerado aqui e agora.

Considerando sua produção intelectual e, sobretudo sua participação na comunidade científica mundial reputo-o como sendo uma das mais marcantes personalidades deste século. Um líder formador de opinião que se impõe pelo saber, um “maître à penser” como o Nelson Mandela.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Nos tempos do Pedro Américo.

Semana passada encontro o amigo Fernando Guedes Pereira no Mag Shopping. Após um abraço efusivo nos cumprimentos comenta:

- Hoje me lembrei de você relendo o livro de Paulinho Soares “Nos tempos do Pedro Américo” quando ele atribui seus cabelos brancos a uma praga jogada por Chiquinho gerente e proprietário do bar.

Lembro, como se fosse hoje, do lançamento dessa obra do grande Pediatra e amigo numa reunião vespertina lá pelos anos de 1989, no Cassino da Lagoa.

A referência de Fernando aguçou minha nostalgia. Logo que chego em casa procuro e não encontro meu exemplar daquela preciosidade escrita por uma das figuras mais impressionantes e de humor tão rico que jamais conheci em toda minha vida. O médico, escritor, professor, humanista e agora fazendeiro Dr. Paulo Soares Loureiro, amigo e parceiro desde a época dos bancos universitários.

Passadas duas décadas procuro meu exemplar e não encontro. Cansado da busca conclui devo ter emprestado e não lembro a quem. Aliás, sobre esta história de emprestar livros meu guru Desembargador Paulo Bezerril dizia: Quem empresta um livro é um tolo, quem devolve também.

A cada hora aumenta minha ansiedade pela perda de inestimável bem. Resta-me a esperança de apelar para o próprio autor.

Estabeleço o contato e descrevo minha angústia.

- Paulinho onde posso encontrar um exemplar do teu livro.

Com a presteza que lhe é peculiar e sem arrodeios ele responde de pronto:

- Para tua sorte fui fazer uma mudança e encontrei dez volumes.

Marcamos um encontro num barzinho lá no Jardim Luna.

Hora aprazada chega Paulinho com meu presente de Natal.

Mesmo antes de cumprimentar-me joga o livro em cima da mesa num gesto que dizia era isto que procuravas amigo?

Não devo ter disfarçado minha alegria e contentamento.

Pedimos dois uísques e conversamos algumas horas sobre amenidades e coisas comuns aos dois.

Maurício, Deus me fez de um excelente material apenas negligenciou no acabamento.

A definição retrata o humor que o diferencia agregando-lhe valor e enriquecendo sua personalidade e seu bom caráter.

Despedimo-nos sem que ele deixasse que eu pagasse a conta.

Tô pagando para ele ler meu livro. – comentou para alguém que acabara de chegar exercitando seu humor característico.

Chegando em casa retomo a leitura após vinte e dois anos e experimento um prazer renovado. Viajo ao passado e vejo desfilando numa tela imaginária o mundo colorido da minha juventude. A charanga Ferro de Engomar, a churrascaria Bambu, a Zona, o Drive-in, as noitadas do CEU (Clube do Estudante Universitário), as “primas” da Maciel Pinheiro, da Silva Jardim, dos Becos do Milagre e do Zumbi, Maria de Janúncio, a casa de Dina e de Hosana, a boite de Berta libertinagem dos intelectuais e o Bar de Carioca. Ah que tempos saudosos e maravilhosamente vividos.

Continuo a leitura num frenesi permanente e descubro novas nuances nas riquezas de detalhes de ambientes e ações pintadas pela magia e pela erudição do seu narrador o genial pediatra que manipula um pincel fictício como se fosse um Rembrandt, o mestre das luzes e das sombras, ou um Rafael Sanzio. Tudo realça como dizia um jargão televisivo “cada mergulho é um flash”.

Somente o talento e a memória fenomenal de um gênio como Paulinho poderiam reproduzir com tanta fidelidade e poesia a paisagem humana e social, os fatos e as pessoas neles envolvidas fazendo-nos reviver tantas alegrias.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

O engano de Papai Noel

Numa tarde ensolarada, no início de Dezembro de 2020, Papai Noel pilotava sua Harley-Davidson pela moto via Chalenger que liga o Rio de Janeiro à Lapônia, na Finlândia.

Suas renas Rudolph, Dasher, Dancer, Prancer, Vixen, Comet, Cupid, Donner e Blitzen, estavam aposentadas num Zoo, na Escandinávia, por força de uma ação popular promovida por uma ONG ambientalista. Por essa razão os trenós são tracionados pela possante Harley-Davidson 1200 Custom.

Apesar de seu inabalável bom humor o velhinho não conseguia disfarçar a preocupação com um fato que o atormentava. Há cerca de uma semana recebera em sua caixa postal uma mensagem cifrada dando conta que até aquele momento apenas 15% de suas encomendas haviam sido aviadas. Prenunciava-se pela primeira vez na história da humanidade uma ameaça de transformar o Natal num fracasso. Milhões de criancinhas deixariam de receber s eu presente de Natal. O velho Noel estacionou numa lanchonete frequentada por pessoas da terceira idade. Serviu-se de um sanduiche natural e um suco de beterraba. Pelo smarthphone de 40 GBytes fez alguns contatos com seus agentes nos quatro continentes deles cobrando providências para evitar o colapso do Natal a todo custo. Em seguida retirou seu notebook de quatro terabytes de sua sacola Louis Vuitton e atualizou as planilhas com os endereços e especificações dos presentes solicitados em todo mundo. Tomou seu remédio de controle da pressão arterial pagou a conta com cartão e saiu.

Ao sair deparou-se com uma mulher maravilhosa. Um monumento feminino não condizente com a faixa etária dos frequentadores. Uma loira monumental com aproximadamente 20 anos de idade. A mulher chegara também numa moto e logo se estabeleceu entre os dois um agradável clima de atração.

A mulher o cumprimenta e de repente sabendo que o destino dos dois era idêntico arrisca:

- Por que não fazemos companhia um ao outro se vamos para o mesmo lugar?

Papai Noel achou a proposta tentadora e concordou.

- Acho perigoso viajar a noite. Poderíamos parar na próxima estalagem onde poderíamos jantar jogar um buraquinho e logo cedo seguiríamos a viagem. Propôs a mulher irradiando certa voluptuosidade.

- A maioria de minhas viagens, em razão do meu ofício e especialmente no mês de Dezembro são a noite mas não faço a menor restrição em passarmos a noite numa atividade ludo recreativa.

Ato contínuo pegaram suas motos e foram à estalagem Ninho da Ternura.

Em lá chegando souberam que só havia um aposento disponível.

- Por mim tudo bem, disse a moça.

Acomodaram-se e foram ao restaurante para um pequeno repasto.

Papai Noel para corresponder à gentileza da mulher pediu uma garrafa de Château d’Yquem 1811 e mexilhões ao vinagrete o que impressionou a mulher profundamente.

Enquanto provavam as iguarias o velhinho notou que por mais de uma vez os pés da mulher tocavam os seus e a medida que o gesto se repetia ia subindo por suas calças até alcançar seus órgão sexuais. Papai Noel conscientizou-se das reais intenções da moça e disfarçadamente foi ao banheiro e por garantia tomou um viagra.

Voltou à mesa e continuaram bebendo e como era de se esperar a conversa conduziu-se para assuntos libidinosos. A moça continuava e massagear o pinto do velhinho que a esta altura já estava a meio pau. Então aproximou sua cadeira com uma mão baixou o decote que escondiam um par de peitinhos que mais pareciam dois bolinhos de geleia carnosos e duros com a outra mão desabotoou a enorme calça vermelha de ceda e alcançou o pau do velhinho que já estava a mil.

Papai Noel ofegante e ansioso sugeriu que fossem ao quarto. Noel assinou a conta e saíram como um raio. Já no quarto a loira abraçou o velhinho beijando-lhe fervorosamente na boca e enfiando toda sua língua na garganta de Noel. Ato contínuo Noel se esvaindo de gozo sacou o vestido da mulher e teve sua maior decepção. Pensando que ia dar a maior trepada do século ao despir a loira pôde notar que a loura não era tão loura. De fato era um louro travestido e portador de um membro maior do que o seu.