sexta-feira, 30 de abril de 2010

Esquerda & Direita.

No final do século XVIII a França dividia-se em três grupos chamados “Estados Gerais”.


O primeiro era o CLERO, o segundo a NOBREZA, e o terceiro o resto, incluindo aí os empresários, banqueiros, comerciantes, médicos, advogados, artesãos e o proletariado urbano e rural. Este grupo representava 95% da população.

A Nobreza e Realeza não pagavam impostos.

O terceiro estado além de suprir o erário com os impostos eram impedidos de assumir qualquer cargo público reservados exclusivamente para a nobreza e o clero.

A burguesia mesmo com todo poder econômico era igualada ao povo.

A miséria do povo contrastava com o luxo ostentado pela nobreza estabelecendo um descontentamento generalizado resultando na revolução.

No dia 14 de Julho de 1789 ocorreu a queda da Bastilha, uma prisão que simbolizava o absolutismo.

Instituiu-se a Assembléia Nacional Constituinte.

Em 26 de Agosto a Assembléia aprovou o a Declaração de Direitos do cidadão.

Em Setembro de 1791 a Constituinte promulgou a Constituição Francesa, tendo sido eleita a Assembléia Legislativa.

Nesse parlamento existiam os JACOBINOS, representantes da pequena e média burguesia e o proletariado, e os GIRONDINOS, que representavam a alta burguesia. Ambos voltavam-se contra o absolutismo dos reis. Os GIRONDINOS defendiam posições moderadas enquanto os JACOBINOS eram radicais em defesa de seus interesses.

Os JACOBINOS sentavam-se à esquerda e os GIRONDINOS à direita.

Deste fato originaram-se a expressões “esquerda” e direita” para designar o comportamento político das pessoas.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Um País Continental.

O Brasil é mesmo um país continental.
Em seu território podemos encontrar diferenças de culinária, de fusos horários e até mesmo regionalismos que se caracterizam por diferenças lingüísticas.

Em cada região brasileira a língua portuguesa incorpora diferentes formas de expressão.

No nordeste é possível encontrar expressões com significados diferentes entre estados da própria região.

A Paraíba, por exemplo, tem um universo lingüístico genuíno somente acessível aos paraibanos.

O texto que se segue é uma brincadeira para exemplificar este regionalismo com referência às expressões utilizadas pelo paraibano.

Caso você não seja natural da terra de Zé Lins do Rego peça a um amigo seu que o seja para “traduzir” os verbetes sublinhados.

Penha era uma garota pixototinha que gostava de filar e gazear aulas.

Certo dia encontrou um caba todo invocado com um açoite na mão ameaçando lhe agredir.

O caba parece que tava bicado e tinha uma inhaca danada e com um açoite na mão fez um pantim ameaçando a menina.

Nisso Penha emburacou numa casa e pediu socorro.

A dona da casa espantada disse vôte que isso?

- Dona aquele caba deu uma carreira atrás de mim e tá querendo arengar comigo ainda me deu uma açoitada que deixou a roncha por isso emburaquei em sua casa e vim pedir ajuda.

Minha filha não fique ai toda macambúzia. Vou lascar aquele xexêro malamanhado.Ele é xôxo e frouxo e tem cara de leso e se não for cagado vou fazer que ele fique todo afolozado que é pro povo mangar dele. Num instante ele vai acabar com essa munganga pra cima de ocê. Cê vai ver.

- Dona não sei como posso lhe pagar, pois estou lisa.

Se vexe não minha filha, não precisa me pagar. Fique ai nesse cantinho ligue o pitôco do ventilador pra espantar as muriçocas coma um pedaço da tabica que eu vou cuidar do assunto.

Iapôis – agradeceu Penha meia borocoxô.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Fidel.

A doutrina do determinismo histórico supõe os líderes como meros agentes das mudanças. As coisas acontecem por que tinham de acontecer.


O determinismo assume muitas formas, o marxismo, por exemplo, como o determinismo de classe, o nazismo o determinismo de raça.

Não creio que essa a doutrina possa obscurecer ou mesmo apagar idéia que o indivíduo pode mudar as coisas.

Houvesse Adolfo Hitler sido morto num dos atentados que sofreu, se Lênin tivesse morrido durante a Primeira Guerra Mundial, Winston Churchill houvesse sido assassinado em 1931 ou Franklin Roosevelt, em 1933, o século XX teria sido o que foi?

Certamente que não. Insisto que o homem pode mudar as coisas. É o livre arbítrio contrapondo-se à idéia do determinismo histórico.

Daí sobressai-se o papel dos líderes.

A liderança pode melhorar ou piorar a História.

Alguns líderes foram responsáveis por loucuras mais extravagantes e por crimes monstruosos como o líder do cangaço Lampião. Outros foram vitais em conquistas da humanidade, como liberdade individual, a tolerância racial e religiosa, a justiça social e o respeito pelos direitos humanos.

Que dizer de Fidel Castro neste contexto?

Por mais que se exponha ao crivo de seus contestadores não se pode negar o papel importante exercido pelo líder de Serra Maestra na luta pela independência política de Cuba.

Cuba amargara uma sucessão de desmandos administrativos e corrupção protagonizada sucessivamente por Fulgêncio Batista, Ramón Grau San Martin e Carlos Prío Socarrás. Novamente, por um golpe de estado, Batista retoma o poder. Cuba saiu de uma democracia corrupta para uma ditadura corrupta.

Em 1959 o poder em Cuba foi posto nas mãos de um grupo de jovens revolucionários liderado por Fidel agora com 32 anos de idade.

A revolução Cubana não transformou apenas a estrutura política econômica de Cuba, mas também mudou o padrão de vida da população. Afetou profundamente alguns aspectos da vida cubana, como a pobreza, a saúde pública e o analfabetismo alterando radicalmente o quadro deprimente instalado.

Fidel fez da educação uma das mais importantes prioridades revolucionárias.

A saúde foi outro aspecto que melhorou notavelmente depois da revolução.

A expectativa de vida dos cubanos elevou-se de 57 anos, para 73,5 anos entre 1958 e 1983. Registrou-se uma enorme queda nos índices de mortalidade infantil.

Para não dizer que tudo foi flores no período revolucionário a principal deficiência da Revolução foi a falta de liberdade política.

Após 49 anos no poder, em 19 de fevereiro de 2008, Fidel Alejandro Castro Ruz, renunciou o cargo de presidente de Cuba e à chefia do Partido Comunista Cubano sendo sucedido por seu irmão mais jovem Raúl Castro.

A história julgará sua liderança.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

A perseverança.

A perseguição de um objetivo é o combustível que move a existência do ser humano.


A ausência de uma meta, de um desafio, gera a inércia, alimenta o desânimo e instala a depressão.

Dia após dia, instintivamente, o homem se depara com desafios e estabelece um objetivo ou grupo de objetivos.

Alguns mais complexos ocupam toda a vida e nunca são alcançados, outros de menor alcance são obtidos com relativa facilidade.

A complexidade dos objetivos depende, fundamentalmente, do horizonte de cada pessoa.

Existem pessoas de visão limitada a quem se apontam as estrelas e elas só conseguem ver a ponta dos dedos.

Outras têm sonhos mirabolantes que nunca se tornam realidade.

Factíveis ou inexeqüíveis não importa, o importante é sonhar.

Um exemplo vivo de perseverança e tenacidade protagoniza o operário brasileiro.

Este vivencia, ao longo de sua vida, um desafio permanente de sobreviver e manter a sua família percebendo um salário mínimo por mês. É um sonho que se realiza todo santo dia.

domingo, 25 de abril de 2010

Numerologia.

Não sou conhecedor nem adepto da numerologia meu pai sim, era um seguidor e estudioso da influência dos números no acontecimento das coisas no universo.


Ele nos contava que os números não são frios, estáticos ou neutros e sua finalidade é bem mais ampla do que um simples cálculo matemático. Estão interligados aos sistemas e sua disposição no todo pode alterar o comportamento das coisas e dos fatos.

Nunca o questionei nem duvidei sobre esta matéria. Preferia o comodismo de Cervantes:
Yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay.

Os números originaram-se já no primeiro dia da criação, pois nesse dia Deus separou a luz das Trevas, surgindo assim duas coisas no mundo. Com este ato criou-se o primeiro número, o número dois.

Passaram-se muito e muitos para que os números fossem descobertos. Durante séculos a humanidade só sabia contar até. Os botocudos, por exemplo, designavam o número 1 pela palavra pugik - dedo, o número 2 era krã – põ - dedo duplo, e tudo que excedesse este número tinha o nome de urubu – muito.

Os adeptos de Pitágoras elevaram o número à categoria de divindade e castigavam com a morte quem traísse seus segredos.

Alguns números são estigmatizados e sobre eles pairam uma áurea de mistérios. É o caso, por exemplo, do número sete.

Deus criou o mundo e n o sétimo dia descansou.

Sete são os sábios da Grécia Antiga (Sólon, Pítaco, Quílon, Tales de Mileto, Cleóbulo, Bias e Períandro).

Sete são os dias da semana referidos aos sete planetas do sistema solar.

Domingo - dia do Sol, Segunda - dia da Lua, Terça - dia de Marte, Quarta - dia de Mercúrio, Quinta - dia de Júpiter, Sexta - dia de Vênus e Sábado - dia de Saturno.

Sete as cores do Arco-Íris (Iris na mitologia grega era a mensageira da deusa Juno. Descia do céu num facho de luz e vestia um xale de sete cores, daí originando-se arco-íris).

Sete são os anões: Dunga, Zangado, Atchin, Soneca, Mestre, Dengoso e Feliz.

Sete são as maravilhas do Mundo Antigo: as Pirâmides do Egito, as Muralhas e os Jardins Suspensos da Babilônia, o Mausoléu de Helicarnasso, a Estátua de Zeus, o Templo de Artemisa (ou Diana), o Colosso de Rodes e o Farol de Alexandria.

Sete os pecados capitais: Gula, Avareza, Soberba, Luxúria, Preguiça, Ira e Inveja.

Sete são as virtudes para combater os pecados capitais dispostos entre parêntesis: a Temperança (gula), Generosidade (avareza), Humildade (soberba), Castidade (luxúria) Disciplina (preguiça), Paciência (ira) e Caridade (inveja).

Sete são as Notas Musicais: uma homenagem a São João Batista com o hino:

Ut queant laxis (dó) Para que possam

Re sonare fibris ressoar as

Mira gestorum maravilhas de teus feitos

Famulli tuorum com largos cantos

Sol vê polluit apaga os erros

Labii reatum dos lábios manchados

Santi Ioannis. Ó São João

Não pretendo estabelecer nenhuma teoria nem inferir conceitos exotéricos, mas há que se concordar que no mínimo é um fato curioso esses pequenos conjuntos se formarem com o número sete.

sábado, 24 de abril de 2010

O plano B.

Ontem fiquei sabendo de um moído aterrorizante que ronda o Planalto Central.


O candidato de Lula é Lula.

Brasília é pródiga na fabricação de boatos.

O perigo é que muitas vezes os boatos se tornam realidade.

Especula-se que o Presidente Lula estaria profundamente preocupado com os índices obtidos pela pré-candidata Dilma e teme que permanecendo esse desempenho ela correria o risco de perder a eleição já no primeiro turno.

Assim sendo os estrategistas do PT haviam adredemente preparado um plano B.

Lula renuncia a presidência e concorre como vice de Dilma.

Assim ele poderia subir em todos os palanques de sua candidata aumentando as chances de transferência de votos.

Uma vez eleita Dilma se licenciaria por qualquer motivo fútil e Lula assumiria seu terceiro mandato.

Constitucionalmente não se impõem quaisquer restrições a que o presidente concorra ao cargo de vice, desde que se afaste da presidência até seis meses antes do pleito (Parágrafo 6º do Art. 14 da Constituição Federal).

Parece um plano perfeito e sua lógica perfeitamente exeqüível tudo respeitando a Constituição como manda a cartilha do PT.

Boato é boato, mas se apregoa que todo boato tem um fundo de verdade.

É pertinente algumas indagações.

Por que o vice Presidente Alencar desistiu de concorrer ao Senado?

Por que o Dr. Meireles abandona seu projeto político de um cargo parlamentar e continua no Banco Central?

Pelo sim pelo não a sociedade brasileira tem que estar alerta para evitar que esses passes de mágica ou casuísmos se transformem em realidade.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Serra ou Roussef.

Me desculpem retornar ao tema político, mas diante da aproximação da eleição para presidente da república todo esforço que se fizer para reverter o atual quadro político é pouco. O “status quo” tem cheiro de caudilhismo.


Alinhavando as propostas que se apresentam é quase certa a polarização José Serra e Dilma Roussef como as opções que serão postas à escolha dos eleitores.

A situação lembra o horror a que foi submetida Sofia, uma mãe judia que no campo de concentração nazista de Auschwitz, teve de fazer uma opção, forçada por um soldado alemão, de escolher qual de seus dois filhos deveria sobreviver e caso ela não o fizesse os dois seriam mortos.

Quais as alternativas do eleitor brasileiro, Serra, Dilma ou anular o voto? (cuidado com a cacofonia: serrar Dilma).

Os antigos atenienses pregavam que assumir qualquer lado é melhor do que não assumir lado nenhum, mesmo que seja uma escolha de Sofia.

Anular o voto é permanecer em cima do muro esperando que a solução caia do céu. É uma falácia de conseqüências perigosas.

Não resta a menor dúvida que o voto nulo é uma forma de protesto contra o sistema atual.

Entretanto uma forma de protesto que não leva a canto nenhum. Sua eficácia somente surtiria efeito no dia em que os votos nulos superassem os votos válidos. Hipótese mais do que remota.

Resta a alternativa de escolher Dilma (PT) ou Serra (PSDB).

Existem diferenças importantes entre o PT e o PSDB.

O PT se caracteriza pelo ranço ideológico, tem mais sede pelo poder absoluto e disposição para aceitar que os meios (mesmo os mais abjetos) justificam os fins.

O PSDB parece ter mais limites éticos.

O PT associou-se aos mais nefastos ditadores e defende abertamente grupos terroristas.

O projeto do PT é o mesmo de Hugo Chaves na Venezuela, Evo Morales na Bolívia e Rafael Correa no Equador, quanto antes for abortado melhor.

Devemos olhar para este aspecto fundamental.

A continuação da gestão petista com Dilma é uma decisão equivocada rumo ao pior.

Dilma tem um currículo não muito recomendável e nunca se arrependeu de seu passado vergonhoso.

Como anular o voto sabendo que isto poderá concorrer para que esta senhora assuma as rédeas do poder?

Como fazer ouvidos de mercador sabendo que isto será pavimentar a estrada rumo ao socialismo “bolivariano”?

Entendo que a escolha entre um ou outro é uma escolha de Sofia ou o mesmo que escolher entre uma peste bubônica ou insuficiência cardíaca. Pior seria um tiro no coração.

Discordo do voto nulo. Defendo o voto válido não em favor de Serra, mas contra a camarilha que assomou o poder e nele pretende perpetuarem-se como donos da verdade e medida de todas as coisas.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Nero, o incendiário.

Sempre fui meio incrédulo às versões de determinados fatos históricos divulgada nos livros e ensinadas nas escolas.

Um desses registros é a questão do incêndio de Roma.

Na escola me foi passada uma imagem de Nero como uma pessoa cruel, insana, um monstro, um psicopata esquizofrênico que havia ordenado a morte de sua própria mãe Agripina por mera curiosidade de saber de onde tinha vindo.

Outra versão da conta que o matricídio teria sido para que ela não se opusesse ao seu casamento com Popeia Sabina, esposa do futuro imperador Marco Sálvio Otão, com quem mantinha uma relação amorosa.

Finalmente teria ordenado incendiar Roma para criar um clima de inspiração para seu poema Tomada de Tróia. Lembro de Peter Ustinov representando Nero no filme “Quo Vadis”, tocando harpa enquanto Roma ardia em chamas.

Os registros dos historiadores sobre este personagem são escassos e contraditórios.

Nero Cláudio Cesar Augusto Germânico ou simplesmente Nero, tornou-se Imperador com apenas 16 anos. Governou Roma do ano 54 d.C. até sua morte no ano 68. Era um homem culto, tentou incentivar a cultura com a construção de teatros. Contam os historiadores que suas ações tentaram atenuar e melhorar a situação econômica dos pobres.

Recebo um presente de minha sobrinha Beatriz. Um exemplar da revista História viva. Excelente publicação com conteúdo da centenária revista francesa HISTÓRIA,

O número que me foi presenteado insere um artigo da historiadora Catherine Salles sobre o incêndio de Roma ocorrido no ano 64 d.C. com uma versão plausível.

O desastre ocorreu no dia 18 de julho e durou cinco dias destruindo 14 distritos da cidade.

O Historiador Tácito considera o incêndio um triste acaso. Segundo ele, nessa noite, Nero encontrava-se em Antium, cerca de 50 quilômetros de Roma.

O Imperador ao saber do desastre de imediato tomou medidas de emergência. Utilizou seu próprio tesouro para custear ajuda material.

Abriu as portas do palácio para abrigar a as pessoas que perderam seu lar e após a catástrofe instituiu um fundo para comprar alimentos para os sobreviventes.

São registros verdadeiros narrados pelos historiadores que acrescentam que os incêndios eram comuns na antiga Roma e referem-se a mais dois nos reinados de Vitélio e Vespasiano.

Custa-me acreditar como uma pessoa que demonstrou tantos exemplos de equilíbrio e sensatez tenha perpetrado tamanho crime.

Enfim um indivíduo com estas características não me parece uma pessoa fadada aos atropelos com que é acusado ao longo da história.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Quem não tem cão caça com gato.

De repente fui parar como sendo seguidor do blog PB POP.

Armadilhas do acaso ou segredos da informática.

Por favor, não me perguntem como que eu não sei explicar.

O PB POP é um blog de uma rapaziada nova, jovens compositores.

Eles bolaram uma idéia fantástica para divulgar seus trabalhos.

Tudo se resume num carrinho, desses que vendem CD’s pirata acoplado com acessórios de alta tecnologia fonográfica.

Foi apelidado de PB POP Sound System.

A engenhoca é equipada com acessórios eletrônicos permitindo a ligação de instrumentos musicais, pedais, Notebooks, mixadores, e foi bolada por um jovem que não conheço chamado Coloral.

Com esse artifício eles divulgam a produção musical única e exclusivamente de artistas paraibanos.

O carrinho vem fazendo o maior sucesso e já participou da Feira Rio Mostra Paraíba, no Rio de Janeiro e da Feira da Música, em Fortaleza.

Ao que tudo indica, pela respostas que vêm recebendo do público a rapaziada está satisfeita com o invento.

Quem não tem uma base de sustentação com apoio da mídia para promover seu trabalho tem mesmo é que botar a imaginação para funcionar.

Tai gostei da idéia.

Parabens!

terça-feira, 20 de abril de 2010

Teoria de relatividade.



Imagine-se você e uma corriola de amigos num trem a 100 km por hora. Quem está fora tem a sensação exata da velocidade, mas para quem está no interior da locomotiva você e seus amigos estão parados. Esse exemplo é como o Irmão Olavo (Vicente Albuquerque de Sousa) nos ensinava as noções de movimento e a teoria da relatividade, no colégio marista PIO X.

A propósito de teoria da relatividade há uma anedota sobre uma senhora que perguntou ao Dr. Albert Einstein o que vinha a ser a Teoria da Relatividade ao que ele respondeu com uma historinha.

Um cego perguntou a um professor qual a cor do cisne.

- O cisne é da cor de leite. – respondeu-lhe o professor.

Notando que o cego continuava ignorando o professor pegou o pescoço do cego e começou a torcer enquanto explicava:

- O cisne é uma ave que tem um pescoço assim, assim... - e torcia o pescoço do cego tentando dar-lhe a forma do pescoço do cisne.

- Pare Professor, já sei a cor do cisne. – gritou o cego.

A anedota passa a idéia de que a relatividade é uma coisa simples, mas seu entendimento requer alguns pré-requisitos.

A relatividade se aplica em tudo na vida. Até no envelhecimento das pessoas. Observe que as pessoas com quem convivemos diuturnamente parecem manter a mesma fisionomia. As mudanças são atenuadas. Já os amigos que encontramos esporadicamente parecem envelhecer com mais intensidade.

Tenho uns amigos de infância a quem sempre chamei dos meninos. Ainda hoje passados centenas de janeiros continuam sendo os meninos. È a relatividade funcionando.

Pois bem, teorias a parte, me deparo com mais dois exemplos.

Minhas duas sobrinhas, Beatriz (Bia) e Marina. Lindas, maravilhosas, inteligentíssimas.

Sempre as vejo como gurias com cheiro de cueiro, apesar de já serem duas moças, uma casada (Marina) já é mãe, a outra (Bia), exuberantemente bela e saudável, universitária de acurado senso crítico.

Ambas têm um saber eclético e escrevem com um poder de síntese de fazer inveja a muitos jornalistas e articulistas profissionais. A pesar da pouca idade são pessoas “antenadas “ com tudo que ocorre na nossa aldeia global. Discutem com segurança e propriedade sobre política, meio ambiente, religião, comportamento humano, qualquer que seja o assunto.

As duas são seguidoras e críticas do meu blog. Não perdoam uma vírgula nem um assunto mal colocado. Qualquer descuido la vem a Marina ou Bia com suas tesouras afiadas botando ordem na casa.

Processo seus comentários e críticas simultaneamente com sentimentos de orgulho e de prazer.

De orgulho pelo talento e inteligência dessas duas criaturas, sabendo-se uma tratar-se de minha descendência por via indireta, e a outra minha estirpe, sangue do meu sangue.

De prazer pelo convencimento de que ao escrever o que penso não estou plantando no deserto.

A dinâmica da vida tem esses nuances. A passagem do tempo não contemporiza. O tempo se encarrega de moldar as criaturas dotando-as de atributos que lhes realçam as qualidades. O aprendizado se faz no viver. O esmero, tempero da ciência, se faz no conviver.

Com o ego massageado me certifico que pelo menos elas me honram com seu carinho e sua atenção. Além da satisfação de escrever é este o oxigênio que nutre a permanência deste blog.

E fico matutando: logo aquelas meninas que ontem faziam xixi nas calças escrevendo desse jeito como se fosse gente grande.

Acontece que elas estavam dentro da locomotiva comigo e não percebi que cresceram e se ajuizaram a cem por hora. Deu-se a metamorfose. O casulo de repente se fez libélula. A menina num relance se fez mulher.

É a relatividade.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Apocalipse now.

Os amigos Pinto do Acordeon e Piancó estão apresentando o programa radiofônico “Humor e Forró”.

A formatação do programa transfere uma atmosfera alegre, leve e agradável.

Os ingredientes são ricos atributos para o sucesso, histórias do cotidiano recheadas com o bom humor dos apresentadores e a beleza inebriante do verdadeiro forró. O forró autêntico, manifestação musical que representa a alma do nordestino, seus amores, seus pendores e seu destino.

Pinto e Piancó empunham, corajosamente, uma bandeira de luta em defesa da música de raiz, da música agregada à poesia sem artificialidade.

O programa é um libelo contra a falta de criatividade e imaginação demonstradas por “apeladores” que pretendem fazer arte sem o talento e a qualificação exigida para tal mister.

Sei que posso ser acusado de saudosista, mas como se pode classificar os absurdos e criações psicopáticas que estão sendo divulgadas como esses exemplos:

“Ado, ado, ado

Cada um no seu quadrado”

Ou a psicodélica:

“Chupa chupa que é de uva,

Tira a roupa e mostra o creu”.

Ou ainda o abominável:

“Rebolation é bom, rebolation é bom, bom, bom.

Bota a mão na cabeça que vai começar, rebolation é bom, é bom”.

Será uma forma de protesto da juventude nivelando por baixo ou um sinal dos tempos, um sinal da besta apocalíptica?

O homem civilizado, dotado de inteligência superior, tem capacidade para destruir o mundo como fez e está fazendo em relação ao meio ambiente. Da mesma forma incentiva e apóia manifestações de anti-cultura como as excrescências verborrágicas tocadas nas baladas.

Julgo tratar-se de um mergulho vertiginoso rumo à mediocridade, o Apocalipse now.

domingo, 18 de abril de 2010

Mercado de ouro.

Minha sobrinha Marina, que por sinal escreve como gente grande, freqüentemente comenta as matérias postadas neste blog.


Numa dessas vezes aludiu sobre a diversidade dos assuntos aqui tratados acrescentando ser esta uma prática salutar.

Fiel a esta observação, hoje faço algumas incursões despretensiosas sobre o mercado de ouro.

Provavelmente o ouro é o primeiro metal puro que o homem descobriu e se encontra em toda crosta terrestre e nos oceanos, numa baixíssima concentração. Cinco gramas em 1.000 toneladas.

Um trilhão de litros de água do mar contem 120 kg de ouro. A exploração torna-se economicamente inviável pelos métodos conhecidos atualmente.

Tal como o mercado de dólar e de ações o de ouro está sujeito à lei da oferta e da procura constituindo-se assim num mercado de risco.

Nos momento de incerteza econômica, financeira ou política é o investimento preferido dos investidores.

Os principais centros internacionais de comércio de ouro situam-se em Londres e Zurique, sendo a Bolsa de nova York (COMEX) o grande centro de negócios. No Brasil o maior volume de negócios é a Bolsa de Mercadoria de Futuros de São Paulo, a única do mundo que comercializa ouro no mercado físico e a cotação é feita em Reais por grama de ouro em pó.

As cotações no exterior são feitas em relação à onça troy que equivale a 31,104 gramas.

Quem compra ouro fica de posse de um ativo real.

As negociações do ouro são realizadas tanto o ouro físico como sob custódia (por telefone) sendo esta última modalidade a mais utilizada por questões de segurança e menor custo. O ouro é depositado sob custódia em um banco devidamente credenciado e o investidor mediante o pagamento de uma taxa recebe um certificado de custódia.

Já a negociação física em que pese o metal estar disponível no ato da compra ou da venda apresenta desvantagens como a perda de liquidez, a questão da segurança e o custo adicional para refundir o ouro para certificar o grau de pureza.

Nas bolsas os volumes são negociados entre contas de custódia sem que o metal passe pelas mãos de quem compra ou quem vende. Trocam-se certificados de propriedade. A negociação é feita em unidades de 0,225 g, 10g, 250g e 1000g de ouro com grau de pureza 99,9%.

Vejamos alguns conceitos utilizados no mercado de ouro.

A onça (abrevia-se oz de onza, em italiano) assume dois valores dependendo do sistema em que é utilizada.

No sistema avoir dupois (termo francês aveir de peis literalmente “bens de peso”), utilizado para pesar objetos equivale a 28,349g;

No sistema troy utilizado para pesar metais preciosos, gemas e medicamentos equivale a 31, 103g.

As cotações nos mercados internacionais são dadas em dólar por onça troy.

Troy é um sistema de peso derivado do sistema avoir dupois, referindo aos bens vendidos por peso e não por peça ou unidade.

No sistema Avoir dupois (também inglês), todas as unidades são múltiplas ou frações da libra, que é definido como 453,50 gramas e é dividida em 16 onças, sendo cada onça = 28 gramas.

Troy provavelmente derivado da cidade deTroyes, na região francesa de Champagne, onde se realizavam feiras. A libra tem 373,24 gramas dividida em 12 onças, daí o nome onça troy.

O quilate é uma unidade com dois conceitos um de peso para pedras preciosas (1 quilate = 0.20g) e outro de quantidade. Uma barra de ouro puro = 24 quilates. Uma jóia ou barra de ouro de 14 quilates tem 14 partes de ouro e o restante de outros metais (cobre, paládio, prata, etc.), portanto, o ouro 14 quilates tem 14/24 partes de ouro ou, fazendo as contas, 58,33% de ouro.

Ouro de aluvião é o ouro contido em cascalhos, areia e argila nas margens dos rios.

Mercado Spot nas bolsas de valores e de mercadorias é o ouro que pode ser entregue geralmente 24 horas depois de comprado, ao preço do dia.

Devo mencionar que os conceitos aqui incluídos foram “garimpados” em revistas especializadas e no livro Mercado Financeiro de Eduardo Fortuna.

Bons investimentos.

sábado, 17 de abril de 2010

Karol Wojtyla

Diz a sabedoria popular que Religião, Futebol e Política são três assuntos perigosos para se manter uma conversação.

Qualquer um dos três incita paixões e a paixão é companheira dos arroubos e exacerbações.

Outro dia num bate papo fui questionado com uma pergunta feito uma bala perdida: Quem foi o maior Papa do século?

Tentei desconversar primeiro porque ignorava como ainda ignoro que critérios deveria adotar para estabelecer um ranking papal. Segundo por que não conheço a história de muitos papas para formular um juízo de valor com a profundidade que tal responsabilidade exige.

Entretanto diante da insistência do grupo arrisquei um palpite não como um julgamento, mas como uma constatação.

No meu entendimento um Papa que realmente portou-se como líder da Igreja foi o Polonês de Wadowice Karol Józet Wojtyla que escolheu chamar-se João Paulo II.

Foi o primeiro Papa não italiano e o 262º sucessor de São Pedro.

Durante seu pontificado realizou uma peregrinação em centenas de países do mundo pregando o ecumenismo e o perdão e efetuando intervenções freqüentes em defesa dos direitos humanos.

Registre-se a “Homilia do Santo Pai Pedindo Perdão” referindo-se ao silêncio cristão às ofensas cometidas pelos filhos da Igreja no passado, uma menção explícita ao sofrimento dos judeus (Holocausto), a visita à Israel, sua oração no Muro das Lamentações, em Jerusalém, clamando por perdão e reconciliação.

Sempre estendeu a mão a todas as religiões do mundo dirigindo-se aos mais diversos grupos religiosos incluindo judeus, muçulmanos, budistas, e hindus pregando a aproximação das religiões monoteístas.

Apoiou a diversidade religiosa e o fim do preconceito religioso, do antagonismo racial e da xenofobia.

Visitou o Brasil por quatro vezes. Angariou a simpatia dos brasileiros com a frase: “Se Deus é brasileiro, o Papa é carioca”.

João Paulo II sofreu um atentado na Praça São Pedro perpetrado pelo turco Ali Agca. Posteriormente visitou seu desafeto na prisão perdoando-lhe o abominável gesto.

Por seus atos e ações ficou conhecido como o “Papa do Milênio”, o “Atleta de Deus”.

O Sumo Pontífice teve um dos mais longos pontificados da história, 27 anos. Morreu, em Roma, aos 84 anos, no dia 02 de abril de 2005.

Não ouso afirmar que foi o maior Papa, mas garanto que foi o que mais me impressionou.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Sexta feira.

Nos meus anos dourados, aliás, não sei por que essa de colorir os anos, dependendo do seu estado de espírito todos eles podem ser dourados como também podem ser nebulosos, negros, como você passa o tempo é o que importa. Retomando o raciocínio anterior dizia que nos meus anos dourados (uma adjetivação que se convencionou chamar a época da mocidade) adorava as sextas-feiras. Primeiro por anteceder o sábado.


Toda sexta-feira era dia de reunir os amigos. Dia de descontração. Uma cervejinha, um whisky. Um “happy hour” com direito a violão e que muitas vezes varava noite a dentro.

Na noite da sexta era proibida a fossa. Estresse zero. Só curtição das coisas boas da vida.

A noitada era uma terapia. O papo descontraído permitia poesia e perdão. Não existia o bafômetro.

A noite das sextas tinha uma áurea mágica, um poder misterioso, um condão capaz de transformar toda nostalgia e desencanto numa noite de prazeres, alegria e sensações maravilhosas.

O sábado era o arremate. Se a sexta era o vapt o sábado era o vupt.

Nenhum problema com as obrigações nem compromissos, pois existia o domingo para curtir a ressaca.

Passados os anos me dei conta que a aposentadoria pode transformar todos os dias da semana em sextas-feiras.

Infelizmente a disposição não é a mesma e nem todos estão aposentados.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Rebolation.


Em que pensava Sivuca ao interpretar “Quando me lembro” de Luperce Miranda?

Lembrava talvez o menino sambudo banhando-se nas águas barrentas do Paraíba, em Itabaiana.Quem sabe lembrava sua estimada Glorinha, companheira e amiga. Ou ainda das ruas enladeiradas de Lisboa, ou de suas passagens pela Escandinávia, Nova York ou Paris.

O fato é que em sua interpretação penetrava na alma do compositor como se fosse um espírito de luz formado de fusas e semifusas.

Em que pensava Ravel quando compôs seu famoso Bolero?

Provavelmente em sua amiga e bailarina Ida Rubinstein para quem compôs a obra que é um tributo sonoro em busca da perfeição rítmica.

Ou talvez pensasse em suas origens bascas ou mesmo nos prazeres da gastronomia e nos pratos exóticos orientais que tanto apreciava. Ou quem sabe no seu jardim japonês.

Em que pensava Beethoven quando compôs a 5ª Sinfonia?

Talvez nos ideais da Revolução Francesa.

As quatro notas de sua introdução majestosa produzem um momento impactante e poderoso numa dimensão musical inusitada. Nascida de um gênio fisicamente incapaz de ouvir sua maravilhosa criação. O maior compositor de todos os tempos talvez pensasse em uma de suas amantes ou somente em Antonia Brentano sua amada imortal.

Em que pensava Chopin quando compôs a Polonaise?

Um dos músicos mais enigmáticos da história talvez pensasse em sua Varsóvia derrotada pelos cossacos. Ou no seu exílio profissional preferindo permanecer em Paris (apesar de patriota) onde o ambiente musical era propício e vital para sua arte. Ou ainda pudesse pensar na feminista George Sand, colecionadora de amantes célebres, fumando seus charutos cubanos em público e chocando a tradicionalista elite parisiense. Talvez pensasse também no marquês de Custine que lhe cortejava e cujas cartas encerrava escrevendo “beijo-te na boca”.

Em que pensava Villa-Lobos quando compôs as Bachianas.

O maior compositor brasileiro talvez pensasse na riqueza folclórica do seu país. Nos encantos de sua musicalidade, na diversificação e singularidade dos instrumentos de percussão, como o ganzá, chocalhos, pandeiro, reco-reco e maracá, além do triângulo, pratos, tantã e bombo. Ninguém foi tão brasileiro e tão universal quanto ele.

Em que pensava Pixinguinha quando compôs Carinhoso?

Alfredo Pixinguinha, flautista virtuoso e compositor genial certamente pensava numa mulher escultural e sedutora. Num amor frenético mal compreendido.

Ou talvez em sua adorável esposa D. Betty ou no bar Gouveia, no centro do Rio, onde mantinha cadeira e copos cativos na companhia dos amigos Donga e João da Baiana.

Em que pensava o compositor da Banda Parangolé quando compôs o Rebolation?

Em nada.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

O tempora. O mores.

Definitivamente não tenho pendores nem talento para a política.
Não fosse essa uma atividade que exige uma multiplicidade de papeis bem que gostaria de ter assumido um mandato de vereador ou deputado ou prefeito. Encanta-me e gratifica poder fazer alguma coisa por outra pessoa.
Falar em multiplicidade não me refiro a ser refratário às mudanças.
Mudar é um ato perfeitamente normal.

Já dizia Rui Barbosa: “Só as pedras não mudam; não quero mudar do bem para o mal nem do mal para o pior”.

Lavoisier também nos ensina: “Na natureza tudo se transforma e nada se perde”.

É muito mais fácil ficar parado, não mudar nunca.

Mas é preciso não confundir mudança com incoerência.

É preciso estabelecer os limites e a natureza da mudança para não ser confundido com leviandade, e oportunismo.

Certas atitudes deslizam num corrimão de incertezas e acabam chegando ao descrédito.

É o caso de divulgar repetidamente que assumiu certa postura, que a decisão é irrevogável e logo depois fazer exatamente o contrário. Isto é: desdizer à noite o que disse pela manhã.

Vejam o exemplo do Senador Cícero Lucena.

O Senador ocupou diversos programas televisivos, deu entrevistas, percorreu o Estado afirmando e reafirmando categoricamente sua pré-candidatura ao governo do Estado.

Como um paladino enfrentava as facções que disputam a governança e oferecia uma nova opção aos eleitores.

Sua decisão chegou a criar um burburinho entre seus aliados.

De repente joga a toalha.

O que motivou a mudança?

Julgo que o Senador preservando sua coerência deve uma explicação aos seus amigos e correligionários e, sobretudo à opinião pública.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Incentivo à cultura.

Há no Brasil um entendimento equivocado de que cultura é supérfluo ou coisa para nefelibatas.

Apoiar a cultura é como se estivesse fazendo caridade.

Ao contrário desse entendimento a cultura é fator de desenvolvimento econômico, gerador de investimentos, de empregabilidade, de integração social, de desenvolvimento sustentável e de internacionalização e não um mero contributo espiritual, educativo ou lúdico.

Um povo desenvolvido é um povo em que a cultura é tratada com a mesma regalia e a mesma prioridade que o Estado reserva à infraestrutura, à economia e outras atividades fundamentais à sociedade.

Só existirá o desenvolvimento se embasado nas pilastras da cultura e da educação.

A cultura, como a educação, liberta o homem dos grilhões da ignorância e lhe assegura perspectiva de futuro.

Transforma o indivíduo num cidadão e o país numa nação.

Registram-se poucos movimentos de parlamentares em defesa e em benefício da cultura.

O ex-presidente José Sarney quando parlamentar, em 1972, apresentou um projeto de incentivo fiscal à cultura. Tentou por quatro vezes aprová-lo sem alcançar êxito. O Ministério da Fazenda sempre oferecia resistência. Incentivo é para indústria, reflorestamento, para boi e vaca. Pregavam os tecnólogos do governo. Bilhões e mais bilhões foram destinados a essas atividades.

Quando chegou à Presidência da República Sarney transformou o Projeto em Lei, a tal Lei Sarney que seu sucessor (Collor) cuidou de revogar em se seu primeiro ato.

De fato nunca foi possível fazer uma efetiva política cultural superlativa.

Para arremediar e até desfazer há exemplos de sobra na história como o maior desastre ecológico que se tem notícia que subtraiu um pedaço da vida na Terra que foi a destruição da Biblioteca de Alexandria.

A Lei Rouanet, o Pronac, são mecanismos que pretendem preencher esta lacuna.

O ex Ministro Gilberto Gil ainda articulou-se para rediscutir o assunto. Ao que sabemos ficou por ai.

Alguns estados e municípios instituíram leis próprias de incentivo fiscal à cultura com renúncia de suas receitas. Entretanto, todo arcabouço hoje existente ainda é pouco para alavancar tão importante segmento.

A saída é deixar a iniciativa privada produzir seus bens culturais em liberdade sem pressões e sem amarras.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Inversão de valores.

Quanto custa um automóvel?
Vinte mil, trinta mil, um milhão de reais?
O preço deste bem de consumo varia de acordo com sua especificação.
Um carro popular básico pode ser adquirido por vinte e três mil Reais.
No outro extremo, um carro top de linha, para colecionadores, como o Rolls-Royce Silver Ghost 1906, foi cotado em aproximadamente 50 milhões de dólares ou 100 milhões de Reais.
Pelos dois exemplos poderemos estabelecer uma tabela, onde o mínimo seria 24 mil e o máximo 100 milhões.
Os valores estão perfeitamente definidos em função da especificidade que se pretende.
Quanto custa sua vida?
Qualquer que seja sua idade sua resposta com certeza será: Incomensurável.
Trata-se afinal de um bem inestimável. Mesmo sabendo que a expectativa de vida hoje no Brasil é de 84 anos, se você estiver na casa dos oitenta apoiará com certeza esta resposta.
Não há como fazer uma tabela de longevidade. A vida é a vida. O valor é intrínseco e independe da idade ou de especificação. Mesmo vivendo com restrições, alguma enfermidade, dificuldades financeiras,não importa, é importante viver.
O que você faz para manter a aparência de seu carro?
Lava-o com freqüência, algumas vezes aplica um polimento, faz as trocas de óleo de acordo com as especificações do fabricante, faz o rodízio dos pneus além das revisões habituais.
E com o seu corpo?
O que você faz regularmente e quanto você despende para preservação de sua vida?
Garanto que a displicência é a resposta generalizada.
Não dá pra entender como se trata um bem de consumo cujo valor é perfeitamente mensurável de forma sistemática com assistência integral e permanente enquanto para seu maior bem, cujo valor é incomensurável você reserva a displicência.
É ou não é uma inversão de valores?
Explique-se.

domingo, 11 de abril de 2010

O impeachment de Collor.

Recebo de minha amiga Carleusa Marques uma mensagem com uma entrevista do ex-presidente Collor de Melo narrando os bastidores do seu Impeachment.


Assisti toda entrevista com muita atenção e conclui um pensamento que há muito tempo me acompanha.

Decorridos 16 anos de seu a afastamento estou mais do que convencido que Fernando Collor não soube administrar as adversidades e caiu por dois motivos fundamentais.
Primeiro faltou competência para desfazer uma briguinha familiar por um jornal (Tribuna de Alagoas), envolvendo seu irmão Pedro Collor e o empresário Paulo Cesar Farias, o PC Farias, tesoureiro da campanha. A Tribuna seria concorrente da Gazeta de Alagoas das Organizações Arnon de Mello (Leia-se Pedro Collor).
Não sei até que ponto ele contrariou o irmão Pedro Collor a ponto do mesmo pronunciar aquelas denúncias na revista Veja. Parece uma versão estilizada de Caim e Abel.
Em segundo lugar não soube contemporizar com o Congresso.
Num sistema presidencialista de coalizão ninguém governa sem apoio do congresso. Ninguém governa sem apoio de uma base parlamentar sólida.
Collor não teve esta visão como ele próprio confessou na entrevista.
Resultado pagou caro pelo que devia (uma Elba) e pelo que não devia.
Houve desmandos no seu governo?
Certamente que sim. Não tanto quanto no atual. Que o digam os cartões corporativos, o mensalão, etc. etc.
Talvez anestesiado pelos milhões de votos que recebeu empavonou-se e se julgou o “rei da cocada preta”.
Com o confisco Collor acreditava desferir um Ippon na inflação. O Ippon é um golpe fatal utilizado em lutas marciais.
Um só golpe:bloquear os ativos (caderneta de poupança e conta corrente) para estancar a liquidez que segundo seus assessores econômicos alimentava inflação.
O confisco não liquidou a inflação, mas angariou a antipatia do povo.
Por outro lado, negando aos parlamentares recompensas e sinecuras enfraqueceu sua base parlamentar.
Estava assim alicerçada toda estratégia para seu afastamento do governo.
O final da história todo mundo sabe.
Collor, o primeiro Presidente eleito após o golpe militar de 64, deixou o Governo, compulsoriamente, no dia de 29 de Dezembro de 1992.
Posteriormente foi inocentado judicialmente por todas as acusações que lhe foram imputadas.
Sei não, comparando com os exemplos que se seguiram cada vez mais esse impeachment me parece uma pura armação.

sábado, 10 de abril de 2010

A política.

O homem é um animal político – Aristóteles.


A política é uma atividade onipresente em toda sociedade e surge sempre que está em jogo interesses quer do indivíduo quer da coletividade.

Portanto se faz política em casa, no trabalho, nas associações, nos clubes sociais, nos sindicatos, nas igrejas, nas cidades e nas nações.

Os ingredientes da política envolvem sofisticados e complexos componentes, principalmente aqueles que se referem ao comportamento do homem no contexto social.

A inteligência, a perspicácia, o convencimento, a eloqüência, a erudição, a prudência, são atributos de importantes para seu exercício.

Infelizmente há que se reconhecer que nem tudo na política é virtude.

Nódoas existem que tiram o brilho daqueles que dela participam.

Já se disse que na política o feio é perder. Por ai se pode imaginar quantas artimanhas e artifícios não republicanos são utilizados neste mister.

Nela desfilam, lado a lado, um caleidoscópio composto dos mais sórdidos e inescrupulosos ardis.

A falsidade, a mentira, o engodo, a traição e a chantagem são expedientes muito a gosto dos políticos profissionais, com raras exceções.

Na política o fim justifica os meios.

A regra geral é utilizar-se de meios degradantes, fraudulentos e escusos para alcançar os objetivos e da “Lei de Gerson” de levar vantagem em tudo.

Não é de hoje que esta sombria realidade faz parte da política.

A Política sempre foi uma atividade que abrigou ilícitos.

Casos de corrupção e fraudes na política são mais velhos que a Sé de Braga como dizem os portugueses.

Vieira já dizia que os governadores “chegavam pobres às Índias ricas e saiam ricos das Índias pobres”.

Vejam-se os exemplos de traição ocorridos na época do Império Romano.

O que se constata é que as canalhices outrora ocorriam em doses homeopáticas, atualmente a prática é uma constante chegando a se tornar uma epidemia.

Agora a big word como dizem os gringos é a corrupção.

As últimas ocorrências dos mensalões, do dinheiro na cueca, fraudes e mais fraudes tiram o brilho dos que da política participam conferindo-lhes baixos índices de credibilidade.

A Associação dos Magistrados do Brasil (AMB) e a Universidade de Brasília (UnB) realizaram uma pesquisa em âmbito nacional e constataram os seguintes índices sobre a desconfiança da sociedade nas instituições:

81.9% não confiam em político;

83.1% não confiam na Câmara Federal;

80,7% não confiam no Senado Federal;

75,9% não confiam nos partidos políticos;

54,4% não confiam no Governo Federal.

Dados alarmantes. Observe-se que apenas 18% da população ainda reservam algum crédito aos políticos brasileiros.

Diante desta constatação, perplexo, olho para o futuro e sinto uma falta de chão. Fica a pergunta qual a perspectiva de mudança?

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Infraestrutura.

A infraestrutura é uma área de atuação do Estado ou Município responsável pela administração manutenção e contrôle dos sistemas viário, de navegação aérea, pluvial e marítima, de esgotamento sanitário, de suprimento de água energia e moradia. Em alguns casos compreende também as ações da defesa civil.


A natureza das demandas produzidas nesse universo envolve matéria específica na área de ciências exatas.

A lógica desse complexo nos remete a um raciocíncio de que um profissional com formação acadêmica nessa área ficará muito mais confortável para discutir, analisar e gerenciar os problemas, soluções e as ações que devam ser implantadas na expansão e melhoria dos diversos sistemas.

Historicamente, no Estado da Paraíba, e em outras unidades da Federação, o titular da Pasta de infraestrutura, que ja se chamou Secretaria de Obras, Secretaria de Transportes, sempre foi escolhido entre Engenheiros ou outros profissionais com formação técnica.

Com o passar dos tempos esta escolha deixou de ser técnica para ser política.

Existe uma teoria de um cientista russo que diz que uma das maneiras de resolver um problema é justamente fazer o contrário do que parece lógico.

Os Governadores ultimamente têm acatado e seguido ao pé da letra esta teoria.

Assim é que se anuncia que o próximo Secretário de Estado da Infraestrutura deverá ser um médico, irmão do Deputado Marcondes Gadelha.

Nada, absolutamente nada contra os médicos. Mas não seria mais adequado um Engenheiro, um Administrador de Empresas, um Economista para exercer esta função?

Os Governadores manipulam os cargos como massa de manobra política para acomodar seus interesses eleitoreiros renegando, a segundo plano, a eficiência dos sistemas.

Os Conselhos Regionais, os Sindicatos de Classe, as Associações Profissionais que deveriam pugnar pela hegemonia de suas categorias ficam mudos, inertes, vendo a banda passar sem emitir qualquer sinal de descontentamento.

Pelo andar da carruagem não duvidem se amanhã tivermos um Chef de Cuisine comandando a política de desenvolvimento do Estado.

Quem viver verá.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Sétimo dia.

Terça feira, 16 de março, noite quente de verão.

Sessenta e três nada mais que sessenta e três pessoas lotavam a pequena capela Santa Luzia no Conjunto Renascer.

Uma casa simples, sem a ostentação costumeira dos templos religiosos, mas repleta de contrição e fé.

Na parede frontal uma cruz de madeira e uma pequena caixa ladeada por uma luz vermelha criavam o clima e a atmosfera clerical.

Doze bancos acomodavam crianças e adultos que se confraternizavam como se em família estivessem.

O ambiente era todo um recinto d’uma áurea de energia positiva. Grassava uma empatia coletiva.

Gente humilde e contrita. Todos unidos num só pensamento: reverenciar a memória de Geraldo Apolinário e orar pela sua salvação.

O diácono, um jovem afro-descendente, vestindo uma túnica roxa, símbolo da serenidade e da penitência, muito comunicativo, pronunciou a homilia em perfeita comunhão com os fies presentes. Objetivo e didático referiu-se aos textos evangélicos aludindo à continuidade da vida após a morte.

Um grupo de crianças entoando cânticos religiosos, liderado por uma das filhas do falecido, espontaneamente, prestou uma singela homenagem póstuma enaltecendo as qualidades do pai, a saudade e o vazio por ele deixados.

Enfim, foi um ato litúrgico revestido de amor e fé.

Geraldo partiu e deixou seus sonhos inconclusos.

As filhas menores Maisa e Maira demonstraram que podem completar sua tarefa aqui entre nós.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Bastardos Inglórios.

Ontem passei o dia com um mal estar inesperado se é que o mal estar pode ser programado.
Fiquei em casa o dia todo meio macambúzio e à noite, para desenfastiar, assisti a um filme que vale a pena comentar.
Bastardos Inglórios (Inglorious Basterds).
No elenco Brad Pitt, como sempre impecável. Sua caracterização lembra Marlon Brando no Poderoso Chefão. Ainda Christoph Waltz, Melanie Laurent, Diane Kruger, Eli Roth e Michael Fassbender.
A trama se passa durante o primeiro ano de ocupação da França pela Alemanha.
Melanie Laurent é Shosanna Dreyfus uma jovem que assistiu ao trucidamento de toda sua família numa fazenda no interior da França, por ordem do coronel nazista Hans Landa (Christoph Waltz).
Shosanna consegue escapar e foge. Mais tarde, em Paris, assumindo identidade falsa como Emmanuelle Mimieux é proprietária de um cinema.
O Tenente Aldo Raine (Brad Pitt) comanda um grupo de soldados americanos judeus treinados com função específica de matar nazistas como atos de vingança. São chamados “Os Bastardos”. Os soldados de Raine se aliam a uma atriz alemã Bridget Von Hammersmark (Diane Kruger) em uma missão para exterminar os líderes do terceiro Reich.
O destino se encarrega da conspiração para unir os dois caminhos no cinema de Emmanuelle, em Paris, onde Shosanna pretende colocar em prática seu próprio plano de vingar o assassinato de sua família.
A trama se desenrola em 28 capítulos recheados de atrocidades e cenas chocantes.
No desenrolar do filme há fatos que contradizem a história como o supossto assassinato em massa (Operação Kino), da cúpula do Terceiro Reich, como o Dr. Joseph Goebbels, mago da propaganda nazista e o próprio Hitler, no interior de um cinema em Paris.
A direção excelente de Quentin Tarantino. A duração é de 2:40 horas.
Vale a pena conferir.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Provas do Enem.

Todo mundo já ouviu falar no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) , uma prova instituida pelo Ministério da Educação para selecionar os candidatos nos processos seletivos das universidades federais.

A prova tem cinco notas, uma para cada área de conhecimento avaliada: Ciências da Natureza, Ciências Humanas, Linguagem e Matemática, mais a média da redação.
A idéia é a democratização das oportunidades de acesso às vagas.
No processo as universidades exercem sua autonomia e cada uma poderá optar entre quatro possibilidades de utilização do exame.
Na região Nordeste as Universidades de Sergipe, Alagoas e Campina grande utilizarão o Enem para preenchimento de vagas remanescentes. As Universidades do Rio Grande do Norte, Ceará e Paraíba ainda não decidiram suas estratégias.
Este exame descortina a realidade da qualidade do ensino no Brasil. Os disparates cometidos nos exames, pelo educando, são provas incontestes das deficiências do ensino no nível médio. A cada ano fica mais evidente e flagrante a constatação  do despreparo de nossos jóvens com relação à sua formação escolar.
Os conceitos e as respostas oferecidas nas provas são trágicômicas e representam uma peça excelente de produção humorística.
Todo ano recebo emails catalogando os maiores impropérios e absurdos com o respectivo comentários dos professores.
Ainda bem que para amenizar as agruras dos mensalões, das notas nas cuecas, pelo menos uma página que nos faz rir.
Gravei e repasso algumas dessas pérolas:
Lavoisier foi guilhotinado por ter inventado o oxigênio.
A harpa é uma asa que toca.
O vento é uma imensa quantidade de ar.
Os egipcios antigos desenvolveram a arte funerária para que os mortos pudessem viver melhor.
O petróleo apareceu há muitos séculos, numa época em que os peixes se afogavam dentro d’água.
A principal função da raiz é se enterrar.
As aves têm na boca um dente chamado bico.
Quando um animal irracional não tem água para beber, só sobrevive se for empalhado.
A insônia consiste em dormir ao contrário.
As múmias tinham um profundo conhecimento de anatomia.
As glândulas salivares só trabalham quando a gente tem vontade de cuspir.
A fé é uma graça através da qual podemos ver o que não vemos.
Os estuários e os deltas foram os primitivos habitantes da Mesopotâmia.

O objetivo da Sociedade Anônima é ter muitas fábricas desconhecidas.

A Previdência Social assegura o direito a enfermidade coletiva.
O Ateísmo é uma religião anônima.
A respiração anaeróbica é a respiração sem ar que não deve passar de três minutos.
Antes de ser criada a Justiça, todo mundo era injusto.
Afinal, de quem é a culpa?
É lastimável mas faz bem à saúde pois como dizem os gringos : “Laugh is the best medicine”

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Lula na Band.

Luis Inácio ontem noite subestimou minha inteligência e de milhões de brasileiros que o assistiram numa entrevista na TV Bandeirantes.`


Questionado sobre a sucessão presidencial comentou:

“Enquanto eu for o Presidente da República, todos são meus candidatos. A Presidência da República não pode ter um candidato. Agora no dia primeiro de Janeiro ou 31 de Dezembro ai sim vou ter meu candidato como qualquer cidadão”

Presidente, pelo amor de Deus, que juízo Vossa Excelência faz de nossa compreensão?

Acha por acaso que somos tão ingênuos a ponto de desconhecer sua preferência explícita pela sua candidata a Dilma?

E porque a leva a tiracolo a todas as inaugurações do seu Governo?

Porque lhe atribui todo mérito de seu programa de aceleração do crescimento, cognominando-a “a mãe do PAC”? Aliás, um programa que foi tão decantado, tão alardeado, que iria resolver todos os problemas nacionais e que depois de dois anos só foi implantado 11%, como anuncia o site Contas Abertas, de acompanhamento do PAC.

Senhor Presidente, não somos crianças e temos discernimento.

Assuma Presidente, que está em plena campanha em favor de sua preferida ou pelo menos omita sua opinião a esse respeito.

Fazer um comentário televisivo, para milhões de pessoas, negando este fato é fazer pouco de nossa inteligência.

domingo, 4 de abril de 2010

Eleições 2010.

Em outubro vindouro deveremos escolher, por via direta, novo Presidente da República, novos governadores, senadores, deputados federais e deputados estaduais.


Trata-se da maior e mais importante obrigação política do cidadão.

A eleição deveria ser simplesmente um ato de cidadania onde, por nossa livre e espontânea vontade, iremos outorgar um mandato a uma pessoa para administrar os bens da sociedade ou para nos representar nas casas legislativas.

Deveríamos nesse ato separar o joio do trigo e escolher as pessoas com melhores atributos para exercer uma determinada função pública.

Lamentavelmente esta escolha é extremamente difícil considerando a desqualificação do universo de postulantes e principalmente os vícios e bandalheiras envolvidas no processo e nas atividades políticas, de corrupção generalizada, quase endêmica, envolvendo fraudes, estelionato, falsidade ideológica, compra de votos, e outros tantos delitos penais.

Multiplica-se a dificuldade considerando-se que uma parcela significativa dos eleitores é analfabeta e conseqüentemente mais vulnerável ao assédio dos políticos inescrupulosos. A deseducação gera a desinformação e a alienação.

Atribui-se ao saudoso Tancredo Neves a seguinte comparação: “Política é como nuvem. Olha-se, ela está num determinado lugar e com um determinado formato. Desvia-se o olhar por um minuto que seja e quando se volta já encontramos novo cenário e novo formato.

A julgar pelo cenário atual, para as eleições majoritárias no plano federal, a escolha deverá ser polarizada entre o pré candidato José Serra e Dilma Roussef.

No plano estadual a disputa deverá ser concentrada entre os pré candidatos José Maranhão (disputando a reeleição) e Ricardo Coutinho.

Em ambos os casos nossas chances de escolher a pessoa melhor qualificada são limitadas, afinal os candidatos são pessoas alinhadas a uma filosofia política cujas premissas se baseiam no é dando que se recebe, uma mão lava a outra, para os amigos a lei, aos inimigos os rigores da lei e ainda são atreladas a um entourage cujos currículos não são muito recomendáveis.

É preciso tomar muito cuidado com as promessas enganosas. Com as falácias tipo PAC -Plano de Aceleração do Crescimento, agora com nova versão. Segundo anunciava o Governo Lula, através desse plano, teríamos, em pouco tempo, resolvido praticamente todos os problemas nacionais: saúde, educação, segurança, energia, transportes, moradias e tantos outros. Dois anos depois o que se viu é que apenas 11% das ações foram realmente executadas, segundo registro no site Contas Abertas que acompanha o andamento do PAC.

Para as eleições proporcionais dobram-se os encantos. As opções assemelham-se em escolher o que é melhor cair do 20º ou do 15º andar.

Resta-nos meditar para errar menos e escolher o menos ruim.

sábado, 3 de abril de 2010

O aposentado.

A aposentadoria é um estágio na vida de qualquer cidadão que requer um condicionamento mental e social, que a grande maioria das pessoas não possui.


È uma etapa de crucial importância na vida dos indivíduos, pois não só coincide, para muitos, com a presença do envelhecimento como , é também um marco de mudança na dinâmica da família, o que implica novos hábitos não só daquele que está se aposentando.

Supostamente é mais fácil para as mulheres seguir em frente, pois normalmente, aprendeu a diversificar seus papéis. Contrariamente, para o homem a redefinição do tempo é mais complicada.

Falar em aposentadoria implica um novo contexto de vida.

As pessoas passam a não se considerarem mais necessárias aos outros. Isto pode resultar no sentimento de inutilidade e de frustração em relação à necessidade de estima pessoal.

É realmente uma etapa que exige preparação.

Este período pode ser caracterizado como grande fase da possibilidade do lazer, da realização pessoal e do investimento em si próprio, mas a maneira como cada um irá lidar com os novos acontecimentos vai depender, entre outros aspectos, do seu autoconceito e de sua auto-estima que estão ligados principalmente às suas interações familiares passada e presente.

A solidão é o vilão da história e uma grande ameaça para o aposentado. É preciso que este seja acolhido e valorizado. Para tanto, é importante que se dê valor ao significado de sua presença, pela experiência de vida acumulada, pela família que criou e pelas atividades que poderá vir a desempenhar.

É na família que o aposentado encontrará os recursos para enfrentar o confronto dos sonhos, das perdas e da realidade de forma mais e afetiva e criativa.

Outra preocupação é como passar o tempo.

Manter um blog como este, um joguinho de cartas, jogos de tabuleiro (gamão, dama), são atividades ludo recreativas típicas do aposentado.

Já se disse que o tempo é um escultor de ruínas.

Honestamente falando o bom mesmo era que o tempo não passasse e prevalecesse o pensamento do grande Carlitos (Chaplin):

Que a gente nascesse velho, com o passar do tempo iríamos remoçando, remoçando, como no filme “O misterioso caso de Benjamim Botton” e no final tudo terminasse num grande orgasmo.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Geraldo Apolinário.

Todo edifício tem um zelador, mas nenhum como Geraldo.


Geraldo Apolinário, paraibano de Mulungu, é como aquele sertanejo de Euclides da Cunha “antes de tudo um forte”, um titã.

Baixinho na estatura física, um gigante na estatura moral. Botafoguense de carteirinha.

Índole calma e pacata, honesto e de uma disposição extraordinária para o trabalho.

Dia após dia, às seis da manhã quer chova quer faça sol, Geraldo pedalava sua bicicleta desde o conjunto Renascer, onde morava, e iniciava as suas lides diárias.

Recolher os tambores de lixo andar por andar, varrer o estacionamento, irrigar as plantas, como uma formiguinha não para.

Muito habilidoso. Algum problema no apartamento primeiro se consulta Geraldo, pois ainda lhe sobram habilidades de pedreiro, eletricista e pintor.

Semana passada, precisamente sábado 26, bebericava com uns amigos em sua casa.

Subitamente sentiu um mal estar e foi ao banheiro. Supõe-se que tenha se engasgado com um pedaço de carne. Asfixiado desmaiou e caiu ficando um tempo não mensurado sem sentidos.

Está em coma profundo há mais de cinco dias, com morte cerebral anunciada pelos médicos.

Nosso estimado colaborador Geraldo parte na flor da idade (39 anos) deixando viúva D. Maria, duas filhas menores, Maisa e Maira e uma grande lacuna nos corações de todos os condôminos do Residencial Bessa Classic.

Querido Geraldo que Deus se apiede de sua alma e o tenha em bom e merecido lugar.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

O fio do rádio.

Silvério era uma espécie de secretário do meu pai.


Em casa era um factótum.

Fazer a feira, chama Silvério.

Levar os meninos à escola, chama Silvério.

Levar os meninos ao barbeiro, chama Silvério.

Uma figura humana espetacular. Acho que faltava alguma coisa em sua estrutura psíquica e emocional ou sobrava-lhe alguma coisa, pois seus sentimentos eram só bondade, ternura e alegria.

Tudo para ele era bom, não conhecia a maldade. Um querubim. Extremamente tímido e emotivo (chorava por qualquer coisa). Não era apegado a coisas materiais e nunca se casou.

De estatura mediana e feições asiáticas. Ás vezes absorto, com o olhar para o infinito movia, com a língua, sua prótese dentária que parecia ter mais dentes do que a boca podia conter.

Soube que começou a falar somente aos nove anos de idade.

Apesar de ser uma pessoa simplória vez por outra tinha uns rasgos de inteligência e astúcia.

Morávamos em Bananeiras onde meu pai gerenciava uma usina de beneficiamento de algodão.

Mensalmente, ou quinzenalmente, não me recordo, Silvério viajava de trem à Capital para apanhar o numerário necessário ao pagamento dos empregados da usina.

Ele mesmo bolou um ardil para garantir a segurança dos valores transportados.

Colocava as notas numa pequena cesta de vime forrando-a com jornal e preenchia com ovos para não chamar atenção dos curiosos e trombadinhas que aquela época existiam, mas eram escassos.

Voltava também de trem na maior tranqüilidade.

Em contraponto a esses arroubos de esperteza armazenava extrema ingenuidade.

Certo dia eu lhe disse:

- Silvério meu pai comprou uma camioneta Stud Baker e eu soube que ela tem um rádio.

Após alguns minutos de reflexão ele me pergunta na maior inocência:

- Já pensou no tamanho do fio quando ele for a João Pessoa?