quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

O boteco de Samuca

O boteco do Samuel, o Samuca, era ponto de encontro inevitável da pequena Vila do Resplendor.

O estabelecimento era freqüentado não somente para bebericagem, mas por quem estava ávido pelas novidades do lugarejo. O estabelecimento era pequeno, mas aconchegante e muito limpo.

Entre sua clientela circulava até uma moeda própria que Samuel improvisara para suprir a falta de troco. O papel que tinha a rubrica de Samuca dava direito a um bônus e poderia ser permutado por mercadoria ou dinheiro em espécie quando acumulasse determinada soma por ele estipulada. Os fregueses chamavam de Samdolar.

A maioria dos negócios de Resplendor iniciou-se no Samuca.

As vezes assemelhava-se a um sofá de psicanalista quando alguém cochichava com o Samuca contando as mágoas ou pedindo um conselho. Ele sabia escutar e dar apoio.

O Samuel enquanto atendia seus clientes conversa animadamente mantendo todos bem informados do que acontecia em Resplendor.

Quer saber quem está traindo quem, quem está com doença terminal, quem vai ser mãe solteira, quem muda de sexo às escondidas, é só ir ao Samuca.

Samuca, grande prosador, sabia de tudo e tinha resposta para todas as perguntas.

Nada ficava sem resposta. Quando não sabia sempre tinha um álibi para despistar.

Certo dia aproxima-se um forasteiro.

- Seu Samuca o Sr. sabe onde fica a rua 5 de Agosto lá na Capital?

- De que ano?

Nada mais foi dito

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

O cotidiano

Sentei num banco à sombra enquanto esperava lavar o carro.


Aproximam-se um afro descendente e um garoto de uns seis anos.

Ambos sentaram-se no meio fio e o menino reclamou:

- Nós chegamos primeiro.

Disfarcei e disse que eles podiam sentar no mesmo banco se quisessem.

O guri muito simpático e com ar desinibido abraçava duas bandas de côco verde. O adulto também sorridente segurava uma chuteira. Querendo puxar conversa balançou as duas chuteiras e comentou:

- São pesadas.

Para ser simpático segui a conversação:

- O Senhor joga em qual posição?

- Zagueiro sentado.

- Não, é que a maior parte do tempo fico no banco.

Sorri com seu bom humor e voltei-me para o garoto.

Brinquei e perguntei se ele não me dava um pedaço de côco.

- Pode levar. Respondeu sem titubear.

Elogiei seu comportamento e perguntei seu nome.

- Meu nome é Caio.

- Caio Prado Júnior comentei. Não sei por que essa bobagem da gente repetir o nome de alguém famoso.

- Errou. Caio Barbosa Lobo. E sei imitar Maicon Gerson.

Pensei um desses meninos prodígio.

- Ah você sabe imitar o Michael Jackson imita ai que eu vou filmar com o celular.

Liguei a geringonça para filmar, mas não encontrei a função desejada.

O garoto consolou-me.

- Liga não. Teu celular tá de bobeira.

São coisas simples da vida com poesia e humor guardadas no baú da sabedoria popular.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

O neto.

A notícia encheu a sala como um clarão.


- Pai, tenho algo a lhe dizer.

- Coisa boa ou coisa ruim?

- Você vai ser avô.

- Verdade?!

Meu filho Mauricinho exibiu o exame médico com um ar de orgulho e denunciando incontida felicidade.

Comecei a ler o exame médico. A emoção me dominou. As letras ficaram embaraçadas. Respirei fundo e finalmente pude observar nas informações do documento uma acertiva: Bia estava grávida.

Enfim a notícia que eu tanto almejava aconteceu. Bia e Mauricinho vão ter um filho.

Meu primeiro neto.

O anúncio não poderia ser mais oportuno. É como se fosse um presente de aniversário.

Gostaria de divulgar o jubilosa anúncio Urbi et Orbe.

Agora novas expectativas aguçam nossa curiosidade.

Qual será o sexo?

Será menino ou menina?

Não importa. O que for será e terá todo nosso carinho e extremado amor.

Se for um varão, muito bem. Encherá nossos corações de muita alegria. Se for uma garota será mais uma rosa abrilhantando a primavera.

Um ou outra será um pedacinho de nós para adoçar nossa vida e encher nossas casas (dos pais e dos avós) de plena e perene felicidade.

Para nós 2010 prenuncia-se um ano de esperança e fertilidade. Agora nos resta esperar pelo advento.

Que venha a nós esta dádiva tão esperada.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Eleições 2010.

Uma conjugação tripartite de forças políticas disputa a eleição para governo do Estado em 2010.

Os candidatos ensaiam lances estratégicos com o objetivo de conquistarem a preferência popular.

No processo vale tudo menos o espírito público. A miopia e pequinês dos candidatos se revelam na reciprocidade dos insultos. Todo dia no rádio, nos jornais e na televisão os postulantes desfilam pousando de bom moço e tentando convencer que ele é a melhor escolha.

Na prática insultam a paciência e a inteligência do povo com visíveis e irrefutáveis demonstrações de incoerência.

Vejam que briguinha mais infantil essa entre a Prefeitura e o Governo do Estado disputando um local para a realização de festejos do réveillon. Cada um querendo prejudicar o propósito do outro. Ou então essa para melhoria do sistema viário da Capital.

Não se discutem soluções para os problemas da sociedade, mas sim as brigas cartoriais, com o olhar focado no retrovisor. Fulano não fez isso, beltrano não fez aquilo.

Nos bastidores os acordos se engendram com intrigas e traições.

Cada um se comporta exclusivamente olhando para seu interesse pessoal. Não importam as conseqüências o que importa é ganhar. Já se disse que em eleição o feio é perder. E com essa visão os candidatos praticam toda sorte de artimanhas.

Muita coisa ainda está por vir, com certeza nada de que possamos nos orgulhar.

Entre as múltiplas escolhas o difícil é identificar o melhor para a Paraíba.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

A corrupção.

Transporto-me ao Planalto Central. Focalizo a Praça dos Três poderes e me permito uma metáfora intrigante: a corrupção ora é côncava ora convexa. Tudo depende de sua origem. Apesar da forma não está perfeitamente definida o endereço sempre é conhecido. Ocupa os palácios e os escritórios luxuosos de importantes executivos.

Persistindo na metáfora pode-se dizer que apesar de insípida, incolor e inodora ela não é indolor. Doe e corroe o íntimo da gente. É volátil ocupa todos os espaços (Poderes) em sua volta.

Embora de origem pré-histórica apresenta-se sob os mais diversificados disfarces, num mimetismo ensaiado com foco nos tímidos orçamentos municipais até esquemas milionários para sugar as caixas fortes da União.

A anatomia desses crimes começa a ser tramada e definida desde a feitura do orçamento da União e tem ramificações na contratação de obras e serviços públicos.

Caracteriza-se pelo uso ilegal e malversação dos recursos públicos pelos gestores que se utilizam da posição de poder para realizarem atos ilegais contra a sociedade.

Sua execução permeia sofisticados caminhos desde meias e cuecas até os paraísos fiscais em operações urdidas nas insídias palacianas.

Os agentes públicos ungidos por símbolos distinções, privilégios e imunidades perpetram os mais insidiosos crimes contra a sociedade. Extorsão, suborno e nepotismo são o menu principal.

O historiador britânico Lord Acton pronunciou uma frase que se tornou legendária “O poder tende a corromper – e o poder absoluto corrompe absolutamente”.

O mais inquietante e que provoca maior indignação é a impunidade.

A não ser alguns gravames imputados aos pequenos delinqüentes dificilmente se noticia a prisão dos casacudos criminosos de colarinho branco. Via de regra tanto os corruptos quanto os corruptores conseguem ludibriar os tribunais e permanecem ilesos usufruindo das benesses obtidas por meios ilícitos.

Cabe a pergunta: Que fazer para mudar tudo isso?

Ao que parece sobra legislação para identificar e punir os criminosos. O que há é um desvio coletivo de comportamento, uma inversão de valores e a corrosão do caráter.

A solução está em cada um de nós e passa necessariamente pela educação.

Certamente uma política que dê prioridade à educação transformará o homem e, as gerações futuras poderão experimentar as mudanças em direção a um mundo melhor.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Big Brother Brasil

Lamentavelmente vamos ser novamente enxovalhados com nova versão do reality show Big Brother Brasil, invenção de gosto questionável importada dos EE.UU (criação de John de Mol em 1999).

Trata-se de cenas privadas de exploração e banalização da carne.

Um atestado público da falta de imaginação e criatividade dos produtores globais.

A primeira versão até que foi palatável pelo inusitado do programa. Da segunda em diante não passa da repetição da mediocridade.

O programa se desenvolve mergulhado em futilidades numa linha que se equilibra entre a banalidade e a demência. Bundas e fofocas de todos os ângulos.

A TV Globo, a maior rede de televisão da América do Sul, rica e poderosa, bem que poderia produzir programas mais interessantes. Entretanto o fastio e a miopia de seus produtores só enxergam as cifras do faturamento e os índices de audiência registrados nas massas, desprezando qualquer compromisso ou responsabilidade social.

Felizmente podemos dispor do controle remoto uma invenção tão importante quanto a penicilina.

sábado, 19 de dezembro de 2009

Sinuca de bico.

A decisão do Senador Cícero Lucena de lançar-se candidato ao Governo do Estado é perfeitamente legítima, porém com poucas chances de êxito. Sobra-lhe o mérito e escasseiam os apoios. Não é preciso ser cientista político para acolher esta dedução.

Acumulo uma longa experiência de vida, mas não o suficiente para entender as engrenagens e os mistérios da engenharia política.

O Senador desfruta uma situação confortável, pois mesmo não conseguindo eleger-se tem garantido mais quatro anos de senatoria. É um comodismo que não alcança seus aliados políticos principalmente os deputados estaduais que se sentem como personagens de um naufrágio político causado pela corrida desenfreada das oposições em direção ao candidato Ricardo Coutinho.

A lógica de Cícero é perfeitamente palatável.

Que alternativas poderia optar?

Aliar-se a Ricardo Coutinho equivale a agachar-se e render-se ao seu arquiinimigo, afinal, o Mago foi e é seu mais virulento crítico.

Apoiar Maranhão além da dificuldade doméstica é uma hipótese que se choca frontalmente com os objetivos maiores do PSDB nacional.

As duas hipóteses são inconcebíveis.

Nesse cenário o mais surpreendente é o afastamento de seu aliado o ex-Governador Cássio. A lógica de Cássio é cartesiana e um tanto quanto egoísta.

Cássio tem assegurada sua eleição para o senado segundo a opinião dos analistas políticos. Entretanto não acreditando nas possibilidades de êxito de Cícero vislumbra a candidatura de Ricardo como a única possível de derrotar seu principal adversário político José Maranhão e por isso acena um alinhamento com o atual Prefeito da Capital negando apoio ao seu amigo “in pectoris” e correligionário histórico Cícero Lucena.

Cícero tem reafirmado inúmeras vezes que é candidato custe o que custar (CQC).

Fez sua bandeira a palavra de ordem da resistência espanhola ditada pela deputada Dolores Ibárruri, La Passionária: “Mais vale morrer de pé do que viver de joelhos”.

È uma sinuca de bico, entretanto considerando a volatilidade e a dinâmica da política não me arrisco em nenhum prognóstico, pois como já se disse em política até boi pode voar.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

A era dos Chips

A vida tem mais imaginação do que carregamos dentro de nossos sonhos. A frase é atribuída a Cristóvão Colombo.

A notícia do assassinato do Presidente Abraham Lincoln, em 1865, demorou 13 dias para cruzar o Atlântico e chegar à Europa.

A queda da bolsa, em Hong Kong (outubro/novembro de 1997), levou 13 segundos para cair como um raio em São Paulo, Tóquio, Nova York, Tel Aviv, Buenos Aires e Frankfurt.

É a integração acelerada dos mercados internacionais graças à evolução extraordinária dos meios de comunicação.

Atualmente as notícias se propagam na velocidade da luz. O que acontece em Dubai pode ser visto em qualquer lugar do Planeta, em tempo real.

O planeta é um barzinho da esquina. O mundo virou um quintal.

“Seu” Bianô, morador do Mendonça, na zona rural de Juazeirinho, acompanha com interesse o que acontece em Copenhague na conferência do meio ambiente. Moisés ruralista de Taperoá questiona a agressão sofrida pelo primeiro ministro italiano.

Estamos na idade dos chips.

A ficção do passado se tornará realidade.

É difícil imaginar o que está por vir. Imagens tridimensionais, hologramas com projeção de odores. O que possa imaginar a mente humana é passível de ser criado.

Só não entendo o contraste diante de tantas maravilhas o homem continuar tendo atitudes mesquinhas e egoístas.

Seria de extrema importância para o futuro da humanidade e o estabelecimento de nova uma ordem social se todo esse arcabouço tecnológico fosse utilizado num sistema de aprendizado capaz disseminar o bom senso e fazer com que as pessoas se auto respeitassem.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Minha irmã NORA.

Minha irmã Nora além de excelente artista plástica tem uma extraordinária faculdade de aglutinação e convencimento.


É dócil e meiga por natureza, severa quando necessário, mas sem perder a ternura.

Nora tem aquela magia angelical das mães pra cobrar um deslize do filho. Atribuo ao DNA, pois nossa mãe apresentava os mesmos atributos.

Seus conselhos são sugeridos de forma agradável e surpreendentemente prática. Sobra-lhe o senso de oportunidade.

Esta semana fui contemplado com uma lição de sua sabedoria.

Chamou minha atenção referindo-se ao artigo que escrevi “Gosto de escrever” no qual inserir alguns comentários negativos com relação ao mundo em que vivemos.

Repreendeu-me com sua elegância habitual cobrando-me o romantismo e a alegria de viver.

Enaltecendo as belezas da natureza aconselhava-me a fechar os olhos para a banalidade e a melancolia e instigava-me a superar meus próprios limites como forma de crescer.

Minha querida irmã, apesar do que escrevi, concordo plenamente com tudo que você me disse.

O que escrevi refletiu um estado de espírito. Uma angústia momentânea que me acudia por não encontrar um assunto para dissertar.

Não quero repetir a grande Cecília Meireles quando disse “... a vida só é possível reinventada”. Também não vou me prepuciar como a avestruz e fazer de conta que não existe o lado negativo.

É claro que existe uma beleza indescritível na natureza e nas relações entre pessoas.

O abraço fraterno, o sorriso de uma criança, um verso de Caymi, uma canção de Noel, são preciosidades e gestos que alimentam a esperança e a alegria de viver.

Apesar dos pesares ainda preservo estes sentimentos e a esperança de dias melhores.

Nora querida, também te amo.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Lucy de Badu

Valdelice e Enéas são os pais de minha filha Beatriz.

Encucou?

Beatriz, ou Bia é casada com meu filho mais novo, Mauricinho.

Desencucou?

Sexta feira 11 o casal serviu um jantar de confraternização natalina no seu apartamento.

Mesa primorosa, iguarias refinadas e uísque honesto tudo regado a um papo agradável e bem humorado.

Chamou atenção e registro com especial destaque a presença de uma menina prodígio filha de Badu (José Hilton Alves), a Lucy (Lucyane), componente do grupo Clã Brasil.

Lá pras tantas Lucy foi convidada para tocar seu instrumento, o acordeon que eu insisto em chamar de sanfona, me parece mais autêntico.

Que formidável surpresa.

Logo aos primeiros acordes seduziu a platéia com sua técnica e seu apurado pendor artístico improvisando com incrível facilidade.

De repente aquele corpinho franzino transmutou-se num enorme espírito de luz formado de fusas e semifusas. O encanto se deu num passe de mágica. Os dedos percorriam o teclado e os baixos numa precisão virtuosa, projetando uma nuvem indefectível de ritmo, melodia e harmonia.

Sonhei ao ouvir e relembrar o mestre Sivuca nos acordes do seu “Quando me lembro” que ela executou a meu pedido. Ao final beijei-lhe a face comovido.

Tenho absoluta certeza que essa pequena grande artista ainda brilhará e alcançará um lugar privilegiado de projeção na musicografia brasileira, pois talento e sentimento não lhe faltam.

Estaria até agora escutando contrito e anestesiado aquela maravilhosa audiência não fosse uma crise renal que me nocauteou justo naquela noite.

A dor tomou conta de mim obrigando-me uma retirada abrupta.

Sai sem cumprimentar os presentes, nem Lucy.

Lucy minhas desculpas e o reconhecimento pelo seu talento indiscutível.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Gosto de escrever.

Gosto de escrever.

Bem ou mal, adoro escrever, ainda que escreva para leitores virtuais.

O propósito quando criei este blog era atender esta satisfação pessoal.

A princípio julgava escrever sobre assuntos variados com uma freqüência de uma matéria todo dia.

Assumindo a realidade confesso que não é uma tarefa fácil. Também pudera! Como encontrar motivação e inspiração num mundo sem colorido? Num mundo sem poesia. Num mundo cinza dégradé.

Observo a natureza e seu entorno e o que vejo?

O homem socialmente inserido num contexto mal resolvido.

As mesmas ocorrências diuturnas. O assalto, o estupro, os golpes, as guerras, falcatruas, traições, enfim as mazelas sociais. Tudo se repete todo dia, mudam-se apenas a intensidade, o local e os protagonistas.

É verdade, desfruta-se a excelência das maravilhas tecnológicas, das mudanças, da robotização. Todavia em detrimento ao domínio da natureza a cada dia acentuam-se os problemas ambientais e o isolamento na convivência social.

Foi-se o tempo da poesia, dos romances, do galanteio, dos passeios no parque.

Hoje você casa e separa. A família é uma instituição com prazo de validade.

É o salve-se quem puder. A lei da vantagem. A geração Shopping Center.

Carnavais sem confete nem serpentina, o São João sem fogueira, sem rojão nem milho assado.

Esse emaranhado de encontros e desencontros, a sucessão de equívocos e surpresas termina obliterando a memória, confundindo e obnubilando o juízo e o pensamento o que torna ainda mais difícil o sonhar e o criar.

Peço desculpas pelo desabafo.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Asneiras palacianas.

O que caracteriza as asneiras do Presidente Lula, são os delírios verbais e o palavrório chulo e indecoroso.


Foi assim quando afirmou que a crise financeira mundial foi causada por “gente branca de olhos azuis”; quando disse na Folha de São Paulo, que até Jesus teria de chamar Judas para fazer coalizão” sendo refutado pelo Secretário Geral da CNBB Dom Dimas Lara Barbosa, ”Jesus não fez aliança com fariseus” e quando afirmou que as imagens da corrupção na TV são provas circunstanciais.

A bactéria Tetradactilus já produziu um rosário de pérolas extraído de sua verborréia com palavreado muitas vezes impublicável.

Não é a primeira vez, nem será a última que o pinguço presidente apela para a ignorância.

No livro dos repórteres Eduardo Scolese e Leonencio Nossa “Viagens com o Presidente” há registros estarrecedores dos delírios lulistas. Como após o quarto copo de uísque pede a palavra e comenta a política externa de seu governo:

- Tem hora, meus caros, que eu tenho vontade de mandar o Kirchner para a puta que o pariu. Ou quando, no jantar, coloca o Chile em debate.

- O Chile é uma merda. O Chile é uma piada. Querem mais é que a gente se foda por aqui. Eles estão cagando para nós.

O uísque o mantém fora do estado de consciência e numa discussão sobre meio ambiente, em audiência com a ministra Marina Silva sobre a transposição do rio São Francisco disparou:

- Marina, essa coisa de meio ambiente é igual a exame de próstata, não dá pra ficar virgem toda a vida. Uma hora eles vão ter que enfiar o dedo no cu da gente. Então companheira se é pra enfiar, é melhor que enfiem logo.

Esta semana o Presidente protegido pelos seus índices de popularidade dispara mais um pronunciamento bizarro.

“Tirei o povo brasileiro da merda”! – esbravejou numa solenidade em no Maranhão.

Que é que é isso, Presidente, onde está o respeito à dignidade de sua investidura?

Aproveite as mordomias do cargo e tome umas aulas de boas maneiras. Afinal a responsabilidade de chefe da nação não lhe dá o direito a essas baixarias.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Beco sem saída.

Sinto-me traído quando acreditei no caráter e no discurso do candidato...


Sinto-me assaltado quando assisto na TV o flagra do candidato escondendo o dinheiro sujo na cueca...

Sinto-me ultrajado quando vejo e escuto o Presidente da República comentar que as imagens do flagra não são suficientes para incriminar ninguém...

Sinto-me vilipendiado quando escuto o candidato defender-se da vergonhosa ação e faz pouco da minha inteligência...

Sinto-me insultado quando os amigos do candidato armam os casuísmos para sua defesa...

Sinto-me abandonado quando os juízes acatam liminares e outros remédios jurídicos para salvaguardar esses delinqüentes...

Sinto-me manipulado quando os tribunais protelam as decisões...

Sinto-me num beco sem saída quando tenho de votar numa eleição...

Sinto-me no epicentro de um furacão com todas essas agruras.

Quer chova, quer faça sol sinto-me enganado, constrangido, oprimido, ludibriado, revoltado, todos os dias, todas as noites, quando vou dormir, quando acordo, quando vou ao supermercado, quando vou ao trabalho, quando estou em casa, quando saio, quando leio o jornal, quando assisto a TV, quando estou dirigindo.

Sinto-me enfim desolado por não ver uma saída.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Minha caixa de mensagem.

Caixa de mensagem

Sabe quando você vai ao mesmo restaurante e pede aquele mesmo prato executivo?

Você já sabe o preço, quanto tempo demora, como é servido, quais são os acompanhamentos, etc., etc.

Assim é com minha caixa de correio eletrônico.

Dependendo do remetente já sei o teor.

Se for Arael são mulheres peladas, lindas, Marinha, Aeronáutica e putaria da grossa.

Se for Dineuza uma parafernália de lugares para visitar, piadas e mensagens filosóficas.

O “ministro” Geraldo Veras a malhação contundente na bactéria Lula da Silva.

Júnior, da Espanha, curiosidades, políticas de preferência.

O “reitor” Aníbal (ex- gordo) uma miscelânea política mesclada com sacanagem sutil.

Dudu (Soares) tem um acervo formidável de assuntos de interesse público.

Nora (minha irmã), via de regra coisas ligadas a arte e a natureza.

E por ai sai.

Dentre muitos dos meus contatos destaco com especialidade as mensagens do meu guru das Alagoas, o Eduardinho.

Eduardinho, meu amigo de infância, é um cientista político, professor universitário e tem uma visão holística do planeta. Todas suas mensagens são maravilhosas.

Ontem dele recebi duas mensagens formidáveis. Uma da conta de um projeto inusitado. O Svalbard International Seed Vault (SISV), também conhecido como ”La bóveda del fin del mundo” (a abóbada do fim do mundo).

Trata-se de um silo gigante implantado na ilha de Spitsbergen, no arquipélago de Svalbard, na Noruega. Um enorme depósito implantado num túnel de 125 metros de profundidade, escavado na rocha, distante 1000 km do Pólo Norte. Contém 100 milhões de amostras de sementes recebidas de toda parte do mundo o será suficiente e necessário para que o ser humano reinicie a conquista do Planeta caso ocorra algum desastre ecológico. É a “arca de Noé do sec. XXI”.

A outra mensagem é bem humorada e fala de um sujeito chamado Marc Faber.

Marc Faber, empresário, comentando um projeto do Governo Bush de ajuda à economia americana publicou num boletim de sua empresa o seguinte:

“O Governo Federal está concedendo uma bolsa de US$ 600,00 a cada um de nós.

Se o dinheiro for gasto no supermercado Walt-Mart, o dinheiro vai pra China.

Se comprar gasolina, vai para os árabes.

Se comprar frutas e vegetais, irá para o México, Honduras e Guatemala.

Se comprar um carro, irá para a Alemanha ou Japão.

Se comprar bugigangas, irá para Taiwan...

Se comprar um computador, vai para a Índia.

E nenhum centavo ajudará a economia americana.

O único meio de manter esse dinheiro na América é gastá-lo com prostituas e cerveja que são os únicos bens ainda produzidos por aqui.”

Um brasileiro igualmente bem humorado retrucou:

Realmente a situação dos gringos parece cada vez pior.

A Budweiser foi comprada pela brasileira AmBev...

Portanto, restaram apenas as prostitutas.

Porém, se elas (as prostitutas) repassarem parte da verba para seus filhos, o dinheiro virá para Brasília, onde existe a maior concentração de filhos da puta do mundo.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Brasília 50 anos.

“Deste Planalto Central, desta solidão que em breve se transformará em cérebro das altas decisões nacionais, lanço os olhos mais uma vez sobre o amanhã do meu país e antevejo esta alvorada com fé inquebrantável e uma confiança sem limites no seu grande destino”. - Juscelino Kubitschek.

Brasília foi concebida e implantada para ser a capital da república.
Inaugurada em 21 de abril de 1960, seu partido arquitetônico ganhou espaço e prestígio no mundo inteiro pela singeleza de sua plasticidade, pela ousadia de seus vãos audaciosos, e pela beleza de suas curvas.
Representou a concretização de uma utopia. A realização de um sonho do Presidente “Bossa Nova” Dr. Juscelino Kubitschek de Oliveira.
Rapidamente cresceu, exuberante e formosa cumprindo suas funções básicas de habitação, saúde, abastecimento, transporte, cultura e lazer.
Meio século depois adquire uma nova função não tão nobre quanto as demais.
Para vergonha dos brasileiros transformou-se numa catedral de sinecuras, um celeiro de marginais.
Com um pequeno detalhe: o núcleo da delinqüência e da bandidagem não está nos bairros pobres, não está nas praças públicas nem tampouco nas favelas. Ocupa os palácios e os luxuosos gabinetes das mais importantes personalidades públicas do País.
São Deputados, Senadores, Governadores, Secretários de Estado, Juízes, enfim todas as excelências, gestores da coisa pública.
Justo aqueles que têm obrigação constitucional de agir com denodo e correção são os primeiros a praticarem descaradamente todo tipo de delito como locupletação, lavagem de dinheiro, corrupção ativa e passiva, nepotismo, enfim toda gama de ilícitos penais previstos no Código Civil.
Os agentes públicos em lugar do zelo pela cidadania praticam uma espécie de política Robin Hood pelo avesso.
Instalou-se o caos. Hoje é a Brasília dos escândalos.
Quais as perspectivas futuras?
Quando o povo brasileiro alcançar maturidade política necessária para saber escolher seus governantes talvez um dia quem sabe, este quadro se torne coisa do passado.
Por enquanto vale a máxima do Ex-Ministro Armando Falcão: O futuro a Deus pertence.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Os sofismas.

Segundo nos ensinam os compêndios de filosofia o sofisma é um raciocínio errado que se apresenta com as aparências de verdade. Quando é cometido de boa fé, sem intenção de enganar, toma o nome de paralogismo.
Existem duas classes de sofismas: os sofismas de palavras e os sofismas de coisas ou idéias.
Para exemplificar cito alguns exemplos de paralogismos.
O equívoco, que consiste em tomar, no raciocínio uma mesma palavra em vários sentidos diferentes. Tal como o raciocínio seguinte:
Todo deputado é político.
Ora, o deputado é corrupto.
Logo, todo político é corrupto.
A confusão do sentido composto e do sentido dividido que ocorre quando se toma coletivamente o que é dividido em realidade, ou que se toma separadamente o que em realidade não é mais do que um. Tal é o argumento do pródigo:
Este político me enganará. E também o outro, e o seu sucessor. Logo, todos os políticos me enganarão.
A metáfora, que consiste em tomar a figura pela realidade. Como nos servimos de imagens sensíveis para exprimir as coisas facilmente a imagem substitui essas coisas e torna-se uma fonte de erros. Exemplo: as casas do Povo, a Câmara e o Senado.
Sofisma de indução: Consiste em tomar por essencial ou habitual o que só é acidental.
Este deputado não fez efeito.
Logo, todos os deputados não servem para nada.
Sofisma de ignorância da causa. Consiste em tomar por causa um simples antecedente ou alguma circunstância acidental.
Um mandato produz ocorrências criminais.
Logo, os políticos são um produto de delinqüência.
Sofisma de arrolamento. Consiste em tirar uma conclusão geral de um arrolamento insuficiente.
Tal deputado é venal. Tal outro também o é.
Logo, todos os deputados são venais.
Sofisma de analogia. Consiste em concluir o que é um objeto pelo que é um outro, apesar de sua diferença essencial.
O Senado é um legislativo como a Câmara.
Ora, a Câmara é corrupta.
Logo, o Senado também o é.
Para refutar os diversos sofismas, não existe outro meio senão o de criar uma mentalidade implacavelmente cidadã a fim de sabermos escolher criteriosamente nossos representantes.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Quinau de Cláudio

Pensou num censor arguto e atuante, pensou no meu irmão Cláudio.
Cláudio além de engenheiro competente e talentoso que é possui uma memória e perspicácia invejáveis.
Nada escapa à lupa do “Galego”.
O menor deslize é detectado pelo radar do mano.
Foi assim quando escrevi o texto Neologismo Tropical onde comentei o significado do termo “requalificação” utilizado numa placa de obras pela Prefeitura Municipal para divulgar as obras de restauração da calçadinha de Manaíra e recentemente quando equivocadamente nomeei de “Campo do Escorrego” um campo de pelada que existia onde atualmente é a Praça Pedro Gondim.
O lapso traiu minha memória, mas não a do mano Cláudio que por mensagem eletrônica detona o equívoco.
Onde hoje se encontra a Praça Pedro Gondim também existia um campinho de pelada, entretanto o “Campo do Escorrego” situava-se nas proximidades de nossa casa, entre a Camilo de Holanda e a Quintino Boicaiuva como bem lembrou o “Galego”.
O nome derivou-se em razão de no período invernoso o terreno saturado tornar-se bastante escorregadio sendo difícil manter-se o equilíbrio.
Cada vez mais me conscientizo que ao escrever estas matérias no meu blog tenho me policiar pois senão bastasse o ombudsman Puchkin com seus puxavantes tem também o mano Cláudio com sua lupa de longo alcance.
Tai mano feito o reparo e obrigado pelo quinau.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Ciladas III

Ainda garoto, morava ali na Camilo de Holanda.
Convivia numa corriola sadia e alegre que se dava aos pequenos vícios. Bater pelada no campo do escorrego, onde hoje é a Praça Pedro Gondim, roubar as mangas e cajus no sítio do pai de Otacílio, fumar escondido, se masturbar no banheiro e a noite comer as empregadinhas nos terrenos baldios.
Camisinha?! Nunca ouvi falar.
Lembro de Nonô, Janca, Coelhinho,dos Carneiros (Beba, Daniel, Tarcisio e Joaquim), Deca, Marcelo Soares, Marcos de Moacir, Otacílio, Erlon e Breno Machado, Neco Ramalho, Marcão, Onildo, Braguinha, e os sobrinhos de “seu” Napoleão, pai de Luiz Augusto Crispim, o mais velho Humberto e o mais novo, Hercílio, que tinha a alcunha de Mirim.
Hercílio era metido à intelectual.
Esclareceu-me as primeiras ciladas do vernáculo. Falou-me sobre a conotação que assume certas palavras de acordo com sua colocação e entonação na frase.
Explicava Mirim: Geruza foi cobrar uma conta e picas pra mãe de Inácio. Quer dizer: não recebeu nada. Inácio ofendido com o insulto à sua genitora replicou: Prá mãe de Inácio uma pica. Quer dizer, vade retro satanás, pica prá qualquer outra mãe, menos a sua.
Que línguasinha complicada, né?

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Romeiros da Penha

Ontem pela manhã, a pedido do amigo Luis Conrado, fomos à praia da Penha. O Santuário estava ainda freqüentado pelos remanescentes fieis que reverenciaram a Santa na noite anterior.
Pude registrar uma cena de demonstração da fé.
João Leôncio, que tem a alcunha de João Feitor, saiu de Canaguaretama às 5:00 da madrugada para cumprir e pagar uma promessa por uma graça alcançada.
Com seus setenta e poucos anos, genuflexo degrau por degrau, subiu as escadas até o pequeno altar da Santa.
Registrei para a posteridade vários momentos dessa empreitada. Desde os primeiros movimentos até a chegada triunfal ao altar. Conversei com ele alguns minutos e pude sentir a enorme satisfação e o alívio pelo dever cumprido. Não sei se ele pagou a dívida por ato de contrição ou simplesmente por estar pleno de alegria.
A devoção de João Feitor, entretanto me trouxe uma interrogação.
Até onde pode nos levar a fé?
O grande Gilberto Gil nos ensina que “a Fé não costuma faiá...e vai onde quer que eu vá”.
Sei que ela se manifesta de forma unilateral e assim como a esperança são faculdades da alma, manifestações do sentimento.
“Fé é acreditar em coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem, independentemente daquilo que vemos, ou ouvimos” – Hebreus 11:1.
A Fé pode nos trazer a paz que tranqüiliza, a esperança que multiplica as forças, a energia para percorrermos os caminhos da vida, a bondade que quebra as arestas, o perdão e a justiça.
Quem viu jamais a Fé?
Quem lhe conhece a forma ou a cor?
Ninguém. Entretanto ninguém pode lhe negar a existência, nem desconhecer seus efeitos.

sábado, 28 de novembro de 2009

Paraibanês I

Em cada região brasileira a língua portuguesa sofreu diferentes influências culturais, e por isso incorporou diferentes formas de expressão para designar uma mesma idéia ou sentimento ou mesmo um conceito. É o regionalismo. Particularidades lingüísticas decorrentes da cultura do povo ou o traço cultural de cada região.
Em nosso pequenino e heróico Estado da Paraíba identifica-se um rico arsenal de verbetes cujo significado é limitado às fronteiras da região nordeste.
Ontem pela manhã vi uma camisa num mercado de artesanato ostentando um selo com inscrição de alguns desses vocábulos e anotei alguns que passo a divulgar para satisfazer a curiosidade de alguém que porventura esteja lendo este registro.
Noutra postagem devo divulgar o significado de cada uma.

Aguado, Amuado, Apurrinhar, Ariado, Arisia,Arretado, Arripunar, Arrochado,Arrombado, Avexada, Aguado, Amuado, Apurrinhar, Ariado, Arisia, Arretado, Arripunar, Arrochado, Arrombado, Azogado,Bambo,Birô,Boiar,Brebote,Bulir,Butico,Catabi,Catraia, Catrevagem, Disunerar, Donzela, Empaxado, Engalhado, Entôjo, Estoporado, Fiteiro, Folote, Fubenta, Fubento, Fulera, Furico, Guaribada, Guelar, Imburacar, Incangado, Incriquiado, Infitete, Ingrisia, Intupido, Inxirido, Isonô, Leriado, Magote, Malamanhado, Mangar, Marmota, Miaeiro, Moído, Mulesta, Munganga, Oxente, Pabulage, Pantim, Parreco, Peinha, Peitica, Piola, Pipôco, Pitoco, Ponche, Presepada, Puxavanco, Quenga, Rabissaca, Reimoso, Ronceiro, Sibite, Sustança, Talagada, Toitiço, Tronxo, Tuia, Xexeiro

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

O turista e o viajante.

O turista é escravo da mídia. Segue religiosamente o que está posto nos guias. Contenta-se tão somente numa visita rápida em cada local descrito nos anúncios publicitários e em registrar algumas fotos.
Não descuidam de uma ida obrigatória aos shoppings centers onde compram compulsivamente o que precisam e o que não precisam, e pronto. Não há fruição, não há troca.
O viajante ao contrário, constrói seu caminho e seu momento. Experimenta uma relação de troca simbólica com as pessoas do lugar. Procura se envolver com a comunidade visitada, conhecer sua história seus hábitos e costumes. Observa as relações das pessoas com sua comunidade. Para estes comprar não é uma prioridade, mas uma eventualidade ocasional.
O turista segue as estrelas. Não aqueles que lhe indicam o norte, mas as que classificam o ranking dos hotéis e restaurantes.
Ao viajante não importa o luxo, mas o conforto e a simplicidade desde que lhes aproximem das pessoas.
A prioridade é conhecer as pessoas, suas particularidades, sua história e sua cultura.
Estes absorvem o povo e aqueles o shopping.
Além do mais, do ponto de vista financeiro, há uma relação direta de causa e efeito entre os custos do turista e do viajante.
Sem sombra de dúvidas um programa sugerido pelo trading turístico certamente é bem mais caro do que o do viajante.
O turista naturalmente se alegra e se encanta com as novidades encontradas enquanto que o viajante enriquece com o aprendizado das viagens.
Portanto, viaje. O importante é cruzar fronteiras, viajar, sair, interagir, conhecer, experimentar e compreender.
Viaje expanda seus horizontes, supere seus limites e volte uma pessoa melhor, mais sábia e comprometida com o futuro do planeta.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Estrangeirismos

Não se consegue sair de casa sem ser atacado por uma tempestade de palavras estrangeiras que estão invadindo nosso idioma alastrando-se como uma epidemia.
Trata-se de um recurso lingüístico utilizado com freqüência por jornalistas e publicitários sem imaginação que poluem nossa comunicação.
Basta olhar em volta.
Aliás, não se dá uma volta pela cidade, se faz um city tour.
Os apelos publicitários estão nos out-doors: For sale, Rent a car, free, boton,happy end, recall.
As lojas não dão mais descontos de liquidação; é tantos por cento off.
Os anglicismos estão em todo lugar.
De manhã você vai a um fitness encontrar-se com seu personal trainner saindo cedo para evitar a hora do rush.
Depois num drive thru, toma seu coffe break um hot dog diet e no almoço vai a um self service ou fast food e pede um grill com ket chup acompanhado de um drink on the rocks que é muito fashion.
Deixa seu carro num car wash e no playground do flat assiste a um wokshop no seu home theater. Atualiza seus emails, faz um down load de algumas news que lhe interessam e em seguida vai à suíte master para um breve descanso .
Nosso único patrimônio vivo está na UTI, em fase terminal pronto para morrer e dar lugar a um novo idioma. Quem viver verá.

domingo, 22 de novembro de 2009

Meu refúgio.

Meu refúgio é voltado para o Norte.
Não é grande nem luxuoso, mas suficientemente espaçoso e acolhedor.
Não tem todo conforto do mundo, mas tem o conforto que preciso.
Aqui vivo meus sonhos e minhas fantasias.
São quatro paredes brancas adornadas com meus livros, fotos dos meus antepassados e vultos da história a quem reverencio e admiro, uma bem humorada caricatura do velho Einstein, registros dos ex- Presidentes Juscelino e Fernando Henrique, lembranças de Gandhi, Raul Seixas e Gonzagão. Gravuras dos meus amigos Régis Cavalcante e Flávio Tavares, o “Habeas Pinho”, do poeta Ronaldo Cunha Lima e uma colagem primorosa de Maria José Araújo, saudosa artista plástica campinense de indiscutível talento.
É aqui que realizo meus encontros diuturnos com os amigos e onde a ociosidade faz sentido.
É aqui o palco privado de minhas emoções onde a verdade vagueia e a mentira é falsa, onde exorcizo as mazelas do mundo e todos os demônios.
Nele viajo no tempo e no espaço sem destino nem hora marcada e minhas opções se multiplicam: escolho, rejeito, repito, apago a acendo.
Mergulho numa exaltação de Haendel ou me enlevo numa virtuosa carícia musical de Sivuca. Ambos provocam emoções que conduzem a Deus por um caminho sem obstáculos nem fronteiras.
Meu refúgio é sólido e aconchegante e será eterno enquanto durar.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Um servo do Senhor.

“Feliz o homem que teme o Senhor, e põe o seu prazer em observar os seus mandamentos.” - Sl 111.1

Ao contrário de minha mulher, sou um freqüentador relapso da igreja. Aliás, minha religiosidade resume-se e exprime-se nas ações. Em minhas relações na comunidade e principalmente com o próximo procuro, na medida do possível, pensar e agir obedecendo aos preceitos cristãos de amor, fraternidade, solidariedade e, sobretudo respeito.

Mesmo não sendo um exemplo de cristandade, o que não inviabiliza minha condição de católico e temente a Deus, vou à igreja em momentos especiais e foi assim, numa dessas ocasiões, que conheci o Padre Antônio Kemps.

Com ele tive uns poucos encontros sociais. Uma vez numa feijoada para arrecadação de fundos e outra vez numa festinha de São João promovida pelos paroquianos.

Rápidas conversas, mas o suficiente para descortinar e conhecer um pouco da preciosidade escondida no cidadão Antonio Kemps.

Pouco a pouco fui sendo conquistado pela personalidade forte e irrequieta daquele pároco.

Um ser humano notável!

Recentemente li um boletim editado em comemoração aos 50 anos de sua vida sacerdotal.

Soube que nasceu na Bélgica, no dia 13 de agosto de 1934, e puseram-lhe o nome de Antoon Armand Kemps, filho de Clemant Kemps e Elisa Peeters, para nós o Padre Antônio.

Foi ordenado em 12 Julho de 1959 e trabalhou como padre durante doze anos na Bélgica.

Em 1971 resolveu vir para o Brasil e iniciou seu trabalho missionário no Nordeste Brasileiro, desembarcando no dia 16 de março, desse ano, em Recife.

Em 1971 trabalhou em Cabedelo juntamente com o saudoso Padre Alfredo Barbosa. Em 1973 mudou-se para Itabaiana onde permaneceu por 27 anos sendo lá agraciado com o título de cidadão Itabaianense como reconhecimento de sua operosidade e relevantes serviços prestados à comunidade.

Sua carreira eclesiástica tem seqüência sendo designado por D. José Maria Pires como Ecônomo na Cúria.

Foi Capelão da Maternidade Cândida Vargas e do Bom Pastor.

Em 2001 veio para o nosso bairro, o Bessa, que agora insistem em chamar de Jardim Oceania, como Administrador Paroquial. Em dezembro de 2005 foi designado Pároco da Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora, pelo Arcebispo D. Aldo Pagotto.

Na administração da paróquia adotou medidas para democratização das ações e instituiu novas pastorais. Sua imaginação criativa não parou ai. Preocupou-se também com outras atividades como a fundação do jornal “o Auxílio” um instrumento de comunicação e evangelização.

É aqui, em nossa paróquia, que o Padre Antonio revelou outras de suas inúmeras qualidades: o destemor e um invejável espírito empreendedor.

Com recursos reduzidos e muita coragem transformou a Capela que mais parecia um armazém numa Igreja. Modificou toda arquitetura externa do prédio e implantou um projeto belíssimo que deixa os fies orgulhosos de sua Igreja. Destaque para um vistoso obelisco no hall de entrada com a função de campanário onde um sino majestoso todo dia convida os fieis à oração.

Tenho certeza que Padre Antonio deve sentir-se um homem muito feliz e em paz consigo mesmo por ter identificado sua missão na terra e cumpri-la com muito amor e competência.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

O bolero de Ravel.

Em que pensava Ravel quando compôs seu famoso bolero?


Numa cavalariça, chamas num incêndio, num orgasmo, talvez?

Poderia ter pensado numa rebelião, numa invasão, numa retirada.

A composição comporta qualquer emoção, uma ilação qualquer. Desde reações contemplativas à inquietação. Permite viagens onde o pensamento possa levar. De uma sinagoga a um kibutz, de um sonho fantasioso a uma manifestação surrealista.

Com sua melodia Ravel, que tinha inigualável habilidade para orquestrar, materializou sentimentos endógenos. Mixou fusas e semifusas para expressar um grande gemido um frenético clamor.

Na realidade Maurice Ravel compôs sua obra prima pensando numa mulher, a bailarina Ida Rubinstein.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Andanças de um extraterrestre.

Vi o sorriso do mundo, nos olhos de uma criança, que são as janelas da vida...

Um ser adulto fitando-me com superioridade me disse:

Posso e quero.

Configurou-se a mácula do universo, a ganância, a prepotência, o consumo.

Num cenário tétrico estilizado por uma hedionda coreografia, vi destilar os conflitos entre os povos, a fome, a desigualdade, o analfabetismo, a mortalidade infantil, representado em vários atos, um peça trágica sobre as patologias sociais.

Busquei abrigo no convívio entre os homens, tropecei na ansiedade, na desconfiança, na corrupção, no desamor e na traição.

No meio do caminho, imaginei encontrar uma proteção na espiritualidade, e além da fronteira, além do homem e do universo, vislumbrei um caleidoscópio de mitos, rituais, crenças e misticismo, a procura da verdade, quando ela estava, bem ali, bem perto.

Concluí então que nunca deveria ter deixado minhas origens.

Foi quando novamente fitei os olhos da criança, e na sua luz senti a ESPERANÇA.

domingo, 15 de novembro de 2009

Ad limina apostolorum

Enquanto espero a chegada de Pollyana, a noiva de Dito de Ovídio, leio despreocupadamente o informativo “Caminhando Juntos “, da Arquidiocese da Paraíba.

Aqui um artigo do arcebispo D. Aldo sobre a legalização dos jogos de azar, ali outra matéria sobre os malefícios do fumo, de responsabilidade da Drª Zilda Arns. Entre outras matérias paroquiais um destaque especial sobre a visita “ad limina apostolorum”, que nada mais é do que um encontro dos bispos com o Papa, a cada cinco anos.

A notícia é divulgada com farta documentação fotográfica focalizando nosso Arcebispo Dom Aldo de Cillo Pagotto sendo recebido pelo Papa Bento XVI.

Como sempre sua excelência reverendíssima não recusa nem abandona sua idéia de estrelismo.

Mas deixando de lado o estrelismo do Dom Pagotto, prefiro comentar o discurso do Papa Bento XVI, inserido no informativo, proferido no dia 17 de setembro, no Palácio Apostólico de Castel Gandolfo, ao recepcionar os bispos.

As reflexões de Sua Santidade foi um libelo à organização da igreja organicamente estruturada como Corpo de Cristo. Nessa perspectiva o Papa reclama categoricamente a necessidade de se evitar a “secularização dos sacerdotes e a clericalização dos leigos”. Cobra o comportamento dos fieis leigos para que exprimam na realidade, inclusive através do empenho político, a visão antropológica da Igreja. E cobra dos sacerdotes para que estes se afastem de um engajamento pessoal na política, favorecendo desta forma a unidade e a comunhão de todos os fiéis e assim poder ser uma referência para todos.

De fato ao fazer uma opção político-partidária o sacerdote cria, no seio de sua comunidade, uma área de divergência que dificulta sua ação evangélica.

O recado do Papa foi cristalino. O papel do sacerdote é o de pastor, testemunha da autenticidade da fé e dispensador, em nome de Cristo, dos mistérios da salvação.

O Papa enfatiza que o ministro ordenado é o laço sacramental que une a ação litúrgica aquilo que disseram e fizeram os Apóstolos. Argumenta que a função do presbítero é essencial e insubstituível para o anúncio da Palavra e a celebração dos Sacramentos, sobretudo a Eucaristia e acrescenta que é preciso que os sacerdotes manifestem a alegria da fidelidade à própria identidade com o entusiasmo da sua missão.

Aqui pra nós, sempre achei meio esquisito essa questão de padre na política.

Ao fazer uma opção política o padre toma partido e tomar partido é incompatível com o ecumenismo da Igreja.

Com a palavra, frei Anastácio e os Padres Adelino e Luiz Couto.

sábado, 14 de novembro de 2009

O casamento

Todo final de semana é um casamento.


Ontem foi de Dito, filho de minha amiga Ana Maria e Ovídio.

Mesmo sendo laico, de tanto assistir esta cerimônia, já fico programado para as seqüencias do cerimonial.

Primeiro você tem que ter certa cautela para não se estressar com a questão do horário.

Já é uma cultura a noiva atrasar ao compromisso. Uma hora no mínimo.

Você tem duas alternativas. Se for daqueles que não dão a mínima pra essa questão de tempo vá no horário programado e aproveite para papear com os amigos. Caso contrário saia de casa com uma hora de atraso ou encaminhe-se direto para o local onde os noivos recepcionarão os convidados (melhor opção).

Ao ouvir os acordes do fundo musical é o sinal que o espetáculo começou.

A entrada dos padrinhos, primeiro da noiva depois do noivo.

Em seguida entra o noivo seqüenciado pelas pajens pavimentando a passarela com pétalas de rosa para a entrada triunfal da noiva.

Depois um casal de crianças vestidas como adultas conduzem as alianças.

Então o Padre começa aquele bla bla bla, aceita? Aceito! Pode beijar a noiva. Pronto.

Aí vem a sessão das fotos. Um teste de paciência. Tudo é registrado para a posteridade. A mão da noiva, o pescoço da noiva, o bigode do noivo, se tiver, os anéis, os tios, os primos, os irmãos, os cunhados, os enteados, enfim toda comunidade que tenha ligação direta ou indireta com os recém casados.

Finalmente, uma vez ultrapassadas todas as formalidades, vem a recepção.

Ai você tem que entender um pouco de estratégia militar e antes de tudo procurar fazer amizade com os garçons para que sua mesa esteja sempre servida a tempo.

No mais esperar a chegada dos recém casados para os cumprimentos de praxe e consumatus est.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

O Apagão elétrico.

Itaipu Binacional, a segunda maior usina hidrelétrica do mundo, colapsou.

O País inteiro foi surpreendido com um apagão elétrico de proporções assustadoras.

Mesmo que as autoridades governamentais insistam em minimizar o problema foi o maior desastre jamais registrado na história deste País.

Aproximadamente 60 milhões de pessoas sofreram durante sete horas as conseqüências da falta de energia.

Em 18 Estados, mais de 800 cidades ficaram sem luz. Hospitais, centrais de abastecimento, rede bancária, metrôs, todas as atividades urbanas foram prejudicadas com o desastre. Somente em São Paulo, a maior cidade do País, cerca de 5000 semáforos ficaram desligados.

Não se sabe avaliar a quanto monta os prejuízos.

Até o momento não se tem uma explicação clara e segura sobre a causa ou causas do acidente.

Uma coisa, entretanto ficou bastante clara: a vulnerabilidade de nosso sistema elétrico.

Nossa matriz energética parece prescindir de um novo arranjo que lhe condicione maior confiabilidade.

A geração e o transporte de grandes blocos de energia são vulneráveis aos agentes da natureza e note-se que não somos atingidos por furacões nem terremotos.

O apagão elétrico só se nota facilmente com a escuridão. Mas existem outros tipos de apagão de conseqüências muito mais devastadoras. Aqueles que ocorrem em plena luz do dia.

O apagão moral, o apagão da saúde, o apagão da educação, como denunciou ontem, com muita propriedade, o senador Cristóvão Buarque.

O apagão elétrico volta à normalidade uma vez sanada a causa que o provocou.

Os outros são ultrajantes e corroem a cidadania. São permanentes e sem perspectivas para terminar.

São resultantes da falta de caráter que predomina a grande maioria de nossos homens públicos e do descrédito de nossas instituições.

Enquanto o povo não aprender a escolher seus governantes continuaremos a ser o país do samba e do futebol. Nossa capital continuará sendo Buenos Aires e o mundo todo continuará imaginando que andamos de tanga na selva Amazônica e que nos comemos uns aos outros. O que de certa forma, não deixa de ser verdade.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Coisas ao leo.

- Evaristo, como faço para chegar à Liga dos Operários?


- Não tem errada, siga pela rodovia que liga Campo Verde a Penacho.

- Como devo me apresentar?

- Pode ir como quiser, use apenas uma liga para amarrar os cabelos, ninguém liga.

- Agora liga o rádio para ouvirmos as notícias.

São coisas ditas ao leo.

Como colocar colírio no olho da rua e depois escovar os dentes da boca da noite.

Caminhar sobre estrelas do céu da boca com as pernas de pau e os pés de chinelos.

Cuidar da aparência lavando os cabelos da cabeça de prego e pintando as unhas de fome.

Cortar as unhas da mão de ferro vestindo as meias nos pés de vento.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

A lógica de Lula.

O amigo Eduardo Magalhães, cientista político, enviou-me, de Maceió, uma “pérola” da produção presidencial.

Um vídeo com dois discursos do Presidente Lula. Duas falas sobre o mesmo assunto. A questão do assistencialismo.

A fala do Presidente assume conotações contraditórias acudindo ao seu interesse pessoal.

Primeiro numa cerimônia, em Belo Horizonte, o Presidente condena contundentemente os críticos do bolsa família. Argumenta tratar-se de um excelente programa social de combate à fome e a pobreza. Não enxerga na política adotada por seu governo o menor vestígio de assistencialismo ou de embromação demagógica para anestesiar as classes menos favorecidas e perpetuar seu prestígio.

O segundo discurso é uma gravação feita no ano 2000. Nessa fala, o então Presidente de Honra do PT, critica com veemência a política social do governo alegando justamente os mesmos argumentos utilizados pelos críticos do Bolsa Família.

Lamenta que o povo brasileiro é induzido a pensar pelo estomago e não com a cabeça. E argumenta que é por isso que os candidatos distribuem tickets de leite, vale refeição e outros benefícios como moeda de troca na época de eleição.

Acrescenta que o povo é tratado como Cabral fazia com os índios quando chegou ao Brasil, distribuindo bijuterias e espelhinhos e outras bugigangas. Tudo urdido para perpetuar a política de dominação que é secular, no Brasil, segundo o entendimento presidencial.

Muito interessante a lógica presidencial.

Quando eu faço está correto. Se for você quem faz é enrolação.

É a lógica da contradição.

Faça o que eu digo, mas não o que faço, é a conclusão.

Cabe a pergunta: quem está certo o Presidente ou o candidato.

Como candidato ele execrava o assistencialismo.

Como Presidente ele cultua.

É uma pena que as palavras ditas caiam no esquecimento com tanta facilidade.

sábado, 7 de novembro de 2009

A rameira e o Monsenhor.

Valdemir Bezerra era uma pessoa maravilhosa. Um ser humano notável. Bem humorado e um dos os papos mais agradáveis que já tomei conhecimento. Grande prosador. Uma conversa com Valdemir tinha gosto de maná do céu.

Almoçávamos no Hotel Vila do Príncipe, em Caicó. Valdemir lembrou que ali fora o berço natal do Monsenhor Walfredo Gurgel. Sacerdote, educador e político. Foi Deputado Federal, Senador e Governador do Estado. Também diziam que tinha uma queda pelos “rabos de saia”. Conta Valdemir que certa vez um sujeito espertinho, malandro, sabedor do lado conquistador do sacerdote urdiu a seguinte peça: deu um banho de loja numa meretriz alencarina, uma morena nova, bonita e com seios avantajados. Sapecou-lhe um vestido com um decote ousado, uma saia bem justinha para realçar suas curvas, pernas grossas, cintura fina, um “pitel”. Tentou e conseguiu uma audiência com o padre governador. A moça, apresentada como sendo esposa do vigarista, sentou-se numa cadeira em frente à mesa dos despachos, com as pernas cruzadas numa postura propositadamente provocadora.

O malandro argumentava que era recém casado e passava dificuldades e queria um emprego etc. e tal.

A “esposa” cruzava e descruzava as pernas, maliciosamente, sob o olhar sorrateiro do governador.

Passados alguns dias encontram-se numa solenidade qualquer.

O malandro, agora servidor público, cumprimenta o governador.

- Como vai Excelência?

- Vai tudo bem. Você com seu emprego, sua puta com meu anel e eu com uma bruta blenorragia.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Cheque nominal.

João Pessoa tinha um calendário festivo profano e religioso muito rico.

A Festa das Neves, a Festa da Cebola, a Festa de São Gonçalo, enfim um calendário formidável de eventos populares que movimentavam a vida social da cidade.

Uma dessas festas, acontecia no Roger, em homenagem a Santa Terezinha, ali perto da gameleira. Festa típica de rua. As barracas de cachorro quente, jogos, o pavilhão central, leilões, a difusora com mensagens de amor,... “atenção, atenção alguém trajando uma calça azul, outro alguém que não te esquece oferece esta página musical como prova do seu amor”. Eram fórmulas barrocas de cantadas eletrônicas. Início de grandes idílios e grandes amores.

Lá fomos nós, eu, Beba, e alguns companheiros da Escola de Engenharia, Hélio Vicente (Pescocinho), Pedro Gomes de Lyra (Pato Louro), Edmundo Sebadelli, entre outros. Sentamos numa mesa muito mal colocada, a única disponível, lá no fim do pavilhão. Um sufoco chegar um garçom. Quando pedimos a conta foi uma eternidade de espera.

- Vamos embora, assim eles aprendem a nos dar um pouco de atenção.

Saímos sem pagar. De repente uma mensagem na difusora. Era o pároco. Um desses missionários estrangeiros, acho que alemão.

- Querro lembrarr a esses garrotos que acabam de sair que esquecerram de pagar o conta. Venham pagar que esse dinhero é do santa. Repito é parra o santa.

- Temos que voltar. Já pensou se acontece alguma coisa conosco, um castigo dos céus. Era o pensamento comum do grupo. Tomei uma decisão:

- Podem deixar vou cuidar do assunto.

Voltei e paguei a conta com cheque, já que eu era um dos poucos do grupo que tinha talão de cheques. Mas preenchi nominal à Santa Terezinha. Imaginem a confusão.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Ciladas.

Ciladas.


Dorofeja, uma jovem ucraniana, acabara de chegar ao Brasil e já dominava nosso idioma com certa desenvoltura considerando o pouco tempo de aprendizagem.

Num albergue da juventude conversava amistosamente com seu amigo Cassimiro.

- Doró, eu, sem querer, quebrei a manga.

- Quebrou ou rasgou?

- Quebrei.

- A manga a que me refiro é aquele envoltório tubular que protege o candeeiro e não a parte do vestiário.

- Como quebrou?

- Estava chupando uma manga e de repente, zum, o caroço escapuliu como uma bala.

- E você come vidro?

- Não cara, a manga agora é uma fruta, muito deliciosa, por sinal.

- Outro dia, galopando, atravessei uma manga e vapt, esborrachei-me no chão.

- Com é que é? Você montava uma fruta?

- Não Doró, galopando num pasto para animais.

- Ahn... Que língua!

- Que é que t em a língua vê se não manga.

- Hein... ?!%

- Não deboche.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Topônimos e futricas.

João Pessoa foi meu segundo lar.

Foi aqui que eu consegui régua e compasso.

Uma paixão a primeira vista. Uma simbiose frenética.

Me constrange a insistência de certas pessoas em querer modificarem-lhe o nome. Pessoas barulhentas, míopes, de visão distorcida sobre os interesses da cidade.

Comentei este tema na coluna do meu amigo e brilhante jornalista Abelardo Jurema Filho (Abelardinho), num pequeno artigo intitulado: TOPÔNIMOS E FUTRICAS.

Vez por outra surgem manifestações isoladas sugerindo uma mudança no nome de nossa Capital. Uma discussão estéril e extemporânea, sem o menor interesse público.

Ora, após tantas décadas que esta cidade denominou-se João Pessoa alguns “iluminados” com intenções não muito claras procuram chamar a atenção defendendo uma tese inútil como se não existissem outros problemas de maior importância para ocupar nossas preocupações. Ultimamente tenho registrado algumas insatisfações, normalmente das mesmas pessoas, que levantam uma bandeira para que seja permutado o nome de nossa capital com argumentos pobres e infundados de origem política, de família, ou outra vertente, não entro no mérito nem discuto as razões que motivam essas pessoas a esse tipo de questionamento.

O nome, João Pessoa, existe há mais de 77 anos, consolidado sobre todos os aspectos na historiografia nacional.

Deixando de lado a discussão que julgo fora de propósito faço um convite a um pequeno exercício de ordem prática.

Vamos imaginar que esta mudança de nome fosse consumada.

Quais as conseqüências imediatas advindas dessa decisão?

Vamos nos ater apenas aos custos financeiros.

Toda produção gráfica existente até o presente, com o nome de João Pessoa teria que ser modificada.

Os livros didáticos teriam que ser reeditados com o novo topônimo e assim as cartas oceanográficas, placas de veículos, bancos de dados dos órgãos oficiais e privados, papeis timbrados das empresas e profissionais liberais, apenas para citar alguns exemplos.

Pergunta-se: toda esta onerosissima trabalheira em troca de que?

Que benefício para a cidade e seus habitantes esta medida traria?

Nenhum é claro.

Temos importantes problemas com que nos preocupar, como a questão da violência urbana, do desemprego, da falta de habitação, do trânsito desordenado, entre outros. Basta de questiúnculas!

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Nego Fuba

Tive um pequeno problema com o antebraço. Coisas da idade.


Sábado pela manhã fui atendido com muita simpatia e competência pelo jovem médico Dr. Jordano, na Clinor.

Durante a consulta a conversa desviou para outros assuntos quando lendo minha ficha o Dr. Jordano verificou que sou natural de Taperoá. Falar em Taperoá obrigatoriamente lembra ilustres personalidades como Dorgival Terceiro Neto, Manuelito Vilar, Balduino Lélis.

Contei-lhe que em tom de brincadeira o cidadão do mundo, meu amigo e conterrâneo museólogo Balduino Lélis contou-me que em Taperoá existia um popular chamado “nego” Fuba. Segundo Balduino o “nego” Fuba era a pessoa mais burra da cidade. Fazia versos. Certa vez perguntaram-lhe sobre um mistério. Como é que Nossa Senhora pode ser virgem se ela pariu Jesus. Nego Fuba saiu-se com esta:

Nossa Senhora é virgem

É virgem e cheia de graça

É como o sol que atravessa a janela

E não quebra a vidraça

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

O DISCURSO.

Lexicamente o discurso é uma exposição metódica cobre certo assunto ou ainda a exposição de idéias, de viva voz ou por escrito.

Considero como uma estratégia de comunicação e convencimento utilizada ao longo da história, por poetas, governantes, profetas, líderes revolucionários, cientistas, filósofos, enfim, por homens e mulheres que vivenciaram ou protagonizaram momentos decisivos da

história da humanidade.

Não quero escrever um discurso por isso vou direto ao assunto.

Há discursos fascinantes que traduzem paixões, grandezas e traições.

Outros registram peças inenarráveis como o discurso proferido por Péricles, há 2500 anos, defendendo um novo regime que acabara de surgir no mundo – a democracia.

Tutancâmon, faraó egípcio (assumiu aos 10 anos até os 19 anos) quando talhou um discurso na “Estela da Restauração” defronte o templo de Karnak, utilizando a equação do poder: conquistar o poder e manter o poder. No discurso o faraó olha para o retrovisor como fazem atualmente nossos governantes e debita os desacertos de seu governo às administrações anteriores.

Discursos de humilhação e tristeza como do navegador genovês Cristóvão Colombo, implorando, por carta, aos reis da Espanha, Fernando e Isabel dois anos antes de sua morte esquecido e na miséria, em Valladolid.

Caractaco, derrotado após lutar com os romanos, é feito prisioneiro e enviado à Roma. Fez um discurso que é uma excelência de síntese, argúcia e resultado, conseguindo persuadir o Imperador Romano Cláudio (41 a 54 a.D.), a libertá-lo como também a sua mulher e irmãos.

O célebre discurso político feito pelo personagem Marco Antônio na peça “Julio César” do poeta e dramaturgo inglês William Shakespeare, quando incitou a multidão contra os assassinos de César.

Galileu Galilei, matemático e físico italiano, levado a julgamento pela Inquisição por afirmar que a Terra girava em torno do Sol e não era o centro do Universo, contrariando a Igreja. Foi obrigado a negar, condenado a viver em prisão domiciliar até o fim de sua vida e a repetir, semanalmente, por 3 anos, os sete salmos penitenciais. Dizem que após o discurso murmurou: eppur se muove... ( e no entanto se move...).

Discursos antológicos como do pastor Martin Luther King contra a segregação racial nos Estados Unidos e do nosso saudoso Mário Covas, proferindo uma das maiores provas de coragem pessoal e de resistência ao regime militar quando tentou-se processar o Deputado Márcio Moreira Alves e cujas notas taquigráficas só foram resgatadas 32 anos depois.

Falar de modo objetivo vai muito além das regras da gramática ou de expressões da moda. Exige honestidade, humanidade e confiança da parte de quem fala.

Segundo Shakespeare “os homens de poucas palavras são os melhores”.

E de poucas palavras não há como esquecer o discurso do gênio do surrealismo, o pintor catalão Salvador Dali (Salvador Domingos Felipe Dali i Doménech): Serei breve, portanto, já encerrei”, e sentou-se.

domingo, 1 de novembro de 2009

estaleiro

Infelizmente hoje não haverá postagem.
Estou no estaleiro  com o braço imobilizado por uma pequena luxação e digitanto só com o dedo da mão esquerda.
Devo passar quatro dias nesse ostracismo forçado.
Volto na próxima quarta.
Um abraço

sábado, 31 de outubro de 2009

Um tiro no pé.

Um tiro no pé.


Esta semana, Sérgio Galo, exímio baixista de invejável talento foi mais uma vítima da violência urbana.

Ele e sua família foram assaltados, humilhados e torturados.

Esse episódio está se tornando corriqueiro no noticiário televisivo e outros meios de comunicação. Todo dia, invariavelmente, registra-se um assalto e outros tipos de delitos contra o cidadão. Está se tornando tão vulgar que em breve não causará impacto nenhum.

A origem desses distúrbios sociais é de fácil compreensão.

Assim como a sociedade inadvertidamente permitiu a degradação da natureza, poluindo as águas do planeta, devastando as matas, também, irresponsavelmente, sem uma visão de futuro, permitiu a concentração de riquezas gerando o empobrecimento e por via de conseqüência, as mazelas sociais.

O descaso e a falta de compromissos com as gerações futuras produziram uma sociedade ensandecida e submissa aos interesses dos marginalizados.

A violência urbana cada vez mais crescente transforma as cidades em uma bomba relógio prestes a explodir.

A tendência é que a ordem social bem como a liberdade de ir e vir, a instituição da família, o respeito ao patrimônio e aos direitos dos cidadãos, dentro em breve assumirá novo formato sob o império da marginalidade.

Não haverá nem joio nem trigo. Prevalecerá a lei do mais forte e o mais forte até prova em contrário está do outro lado da fronteira. São as legiões dos fora da lei.

Vamos nos posicionar no centro de um furacão.

Os efeitos da marginalidade restringiam-se outrora às grandes cidades. Atualmente não há limites geográficos, nem populacionais. O crime impera em qualquer instância tanto nos grandes centros como nas pequenas localidades.

Esta é a situação imposta ao cidadão brasileiro submetido aos dissabores e aos percalços do cotidiano.

Sem querer o homem deu um tiro no pé e cavou sua própria sepultura.

Não me surpreenderá se bandidagem organizada, de repente, passar a cobrar um pedágio pela vida e pelo ar que respiramos.

Quem viver verá.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Zelimeiriando

Mudança no menu. O verso substitui a prosa.
Hoje resolvi fazer uma homenagem singela ao "poeta do absurdo" - Zé Limeira,      considerado o Dali do repente. Notabilizou-se por seus neologismos esdrúxulos e suas construções poéticas verborrágicas sacrificando a coerência em favor da métrica.
As quadrinhas seguintes são homenagens singelas a esse paraibano do Sítio Tauá na serra de Teixeira.


Vinte e três mais sete trinta

A quinta é depois da quarta.

Eu não sei quem é que pinta

Nem quem é que escreve a carta

Só sei que a vida é uma finta

É briga que não se aparta



Fantasma só vem de noite

Carneiro morto é churrasco

Pancada grande é açoite

Quem traz a morte é carrasco

O corredor é ligeiro

Quem pega bola é goleiro

Torcedor no futebol

Se não é Flamengo é Vasco



Faca de aço é cutelo

Amor primeiro é o que fica

Quem sabe dá uma dica

Quem bate prego é martelo

Se for cacete é uma pica

Nem você nem Freud explica

Pobre morar num castelo



Quem mata a fome é comida

Mulher solteira é sozinha

Abelha grande é rainha

Corte na carne é ferida

Quem faz o prato cozinha

E se esmera na bebida

Comendo mel com farinha

Na entrada e na saida



Seguro morreu de velho

Mala pequena é malote

Quem não tem o rabo preso

Mostra o pau esconde o bote

E quem tem o olho aceso

Não tem medo de calote

Baleia grande tem peso

Sapo pequeno é caçote





O galo que não tem gogo

É o rei do galinheiro

E mulher que perde o fogo

Não arruma companheiro



Homem que perde a carteira

Mulher que dinheiro acha

Tudo isso é baboseira

Nem é pão nem é bolacha

Se por fora estão sorrindo

Só não vê quem se abaixa

Por dentro os dois tão mentindo

Pode crer tudo se encaixa



Tomei café num dedal

Banho tomei num riacho

E brinquei o carnaval

Com o pinto fiz um penacho

E passei a noite inteira

Boiando numa banheira

Navegando rio abaixo

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Requalificação Urbana

Meu irmão Cláudio honrou-me com um comentário ao artigo que escrevi semana passada com o título Neologismo Tropical.


No comentário do mano, que também é engenheiro, ele estranha como eu, o significado do termo requalificação, inserido em uma placa de obras da Prefeitura Municipal, dando publicidade aos serviços de melhoria que estão sendo implantados na calçadinha de Tambaú.

Cláudio, que também tem um faniquito como eu quando quer saber das coisas, não se dando por satisfeito, comenta que teve as mesmas dúvidas quando recentemente em Teresina percebeu a utilização do termo em questão, em várias placas de obras.

Ontem partiu em meu socorro e enviou-me um e-mail com um artigo escrito por um professor português chamado Antônio Cipriano Silva, comentando justamente sobre requalificação urbana.

Observei na própria mensagem que Cipriano é um jovem professor de economia em Caldas da Rainha, em Portugal.

Li o texto com a maior atenção.

Lido o texto morreu a charada. Trata-se da intervenção pública para um planejamento urbano.

Não seria mais simples e melhor compreensível se houvessem utilizado reordenamento urbano?

Não sei por que a insistência em garimpar palavras exóticas para definir as coisas.

Meu querido irmão, a utilização do termo “requalificação” no contexto pode ser entendida como um modismo maroto muito a gosto do economês e das firulas dos arquitetos.

Complicam achando que é “chic” quando na realidade é boçal. É um jargão. E para mim o jargão é o oxigênio da mediocridade.

Não vêm que esses neologismos são exemplos de mau gosto como acontece com o uso aportuguesado de vocábulos ingleses.

Hoje mesmo, num órgão público onde fiz um pagamento, uma jovem me atendeu e usou a seguinte expressão: aguarde que vou “printar” o recibo. – pode?

Na coluna social leio que a banda tal vai “startar” os festejos.

Um radialista comenta que recebeu um “paper” de um deputado que está sempre “plugado” em seu programa.

E haja saco!!!

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

O fim dos empregos

“Vou gerar 10 milhões de empregos” – apregoou em campanha, irresponsavelmente, o candidato Lula.


Essa e outras promessas são ditas e repetidas em campanhas políticas.

Os candidatos na ânsia de se elegerem prometem desmedidamente, sem levar em conta as responsabilidades que estão assumindo.

No caso específico da geração de emprego há um fenômeno de âmbito mundial que incide frontalmente na redução da oferta da força global de trabalho.

Acabo de ler “O fim dos empregos” do economista americano Jeremy Rifkin. Um relato contundente e preocupante sobre o declínio sistemático dos empregos.

Para ele muitas funções em pouco tempo deixarão de existir. Operários, secretárias, recepcionistas, caixas de banco, telefonistas, são atividades brevemente fadadas a extinção.

O número de pessoas desempregadas ou subempregadas vem crescendo constante e rapidamente. São vítimas de uma extraordinária revolução da alta tecnologia. Computadores sofisticados, robótica, telecomunicações e outras tecnologias de ponta estão cada vez mais substituindo os seres humanos nas atividades produtivas.

“Caminha-se pára uma bipolarização de um lado, a elite da informação, que controla e administra a economia global de alta tecnologia, e de outro, o número crescente de trabalhadores deslocados, com poucas perspectivas e pequena esperança de encontrar bons empregos em um mundo cada vez mais automatizado”.

Rifkin cita um estudo da Federação Internacional dos Metalúrgicos, em Genebra, onde se prevê que dentro de 30 anos, menos de 2% da atual força de trabalho em todo m o mundo “será suficiente para produzir todos os bens necessários para atender a demanda total”.

Também menciona uma afirmação do arquiteto japonês Yoneji Masuda, responsável pelo plano japonês de tornar-se a primeira sociedade totalmente computadorizada, que “ no futuro próximo, a automação total de fábricas inteiras se concretizará e, durante os próximos 20 ou 30 anos, provavelmente surgirão... fábricas que dispensarão qualquer tipo de trabalho manual”.

Enquanto isso os políticos insistem apregoando que o setor de serviços e o trabalho administrativo serão capazes de absorver os milhões de trabalhadores que procuram o mercado de trabalho.

Não basta a intenção de criar novos empregos. Diante dos desafios da modernidade impõe-se a necessidade de redefinir o papel do indivíduo na sociedade. Há que se encontrar uma alternativa ao trabalho formal na economia de mercado. Esse é o grande desafio de cada país no Planeta.

Talvez a solução esteja no “terceiro setor”. Isto será assunto para outra conversa.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Prestígio e poder

Imagino a atividade episcopal, aliás, como qualquer outra religiosa fora do mundo laico, como uma atividade que subtende a humildade, o amor ao próximo e a resignação. Afinal, não foram esses os grandes ensinamentos de Cristo?

Não apregôo, entretanto, a passividade, o laisser faire laisser passer, oferecer a outra face. A Igreja da atualidade requer um entendimento ecumênico e atitudes de vanguarda. Porém uma coisa não invalida a outra. O sacerdote ao se preocupar com sua comunidade há que ter em mente, primeiro, os compromissos doutrinários do cristianismo. Não é o que ocorre, por exemplo, com nosso atual bispo Dom Aldo Cillo Pagotto.

Sua Excelência Reverendíssima tem demonstrado à comunidade cristã paraibana, com palavras e atos, que está muito mais preocupado com sua imagem do que com as obrigações impostas pelo seu alto e importante cargo. Passa-nos, com seu comportamento reprovável, a idéia de que exercita o culto da personalidade. Esquece que um dos maiores atributos de Jesus era a humildade.

Desde que iniciou suas atividades eclesiásticas, em nossa cidade, que prefere envolver-se em temas polêmicos de origem política de preferência, o que o mantém no foco da mídia, ao invés de ocupar-se do seu rebanho e de sua Igreja cada vez mais deserta, ou ainda acobertar atos condenáveis como o abominável crime de pedofilia praticado por alguns de seus membros, fato amplamente divulgado pela imprensa internacional.

Por que preocupar-se, por exemplo, com a indicação de um padre para um cargo público como é o caso de sua reação contra Frei Anastácio quando postulava a superintendência do INCRA?

Qual o objetivo de sua Excelência Reverendíssima ao envolver-se em temas que não lhe dizem respeito senão uma estratégia apologética de quem tem sede de prestígio e poder?

Dom Aldo, com todo respeito seja mais autêntico e cuide de suas almas

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

A escada

A escada verbete originário do latim “scalata,” scala para os italianos, ladder para os americanos, escalier para os franceses, treppe para os alemães é um elemento arquitetônico secularmente utilizado nas residências, edifícios e logradouros públicos.

Serve tanto para subir como para descer.

Por ela você desce à planície e ascende aos píncaros.

Não permite o meio termo ou sobe ou desce, mas lhe permite a opção de subir ou descer.

Por ela se alcança os altares e o cadafalso, os tronos e o calabouço, os púlpitos. e as celas.

Algumas são singelas, despretensiosas, despojadas, outras realescas, magníficas, esplendorosas, umas circunspetas, outras românticas, umas simplesmente funcionais, outras decorativas, umas estáticas outras rolantes, todas com a mesma função, subir ou descer.

Há uma, porém, na casa de Aníbal, que contraria todos estes conceitos.

Só faz subir.

Mesmo quando nela se desce você sobe, pois naquela casa, por conta da energia contagiante do casal (Aníbal/Solange), não há como descer, só subir.

Subir, subir, subir, até encontrar com Deus admirando-se a beleza contagiante do mar da Praia Formosa bem ali da varanda que a escada dá acesso.

domingo, 25 de outubro de 2009

O Lagostim flambado.

Minha cunhada Rosana é pródiga em qualidades e atributos. Dentre eles destaco o prazer de cozinhar.

Rô, como a chamamos na intimidade, nunca freqüentou uma escola de culinária, mas domina essa arte com exímia maestria. É um dom natural. Já foi proprietária de um restaurante onde preparava o mais gostoso arroz “à Piemontese” jamais preparado nesta cidade e alhures.

Uma reunião social em sua casa é um festival de gastronomia tanto na variedade das iguarias como no esmero do preparo e na apresentação dos pratos.

Ela providencia todos os detalhes com uma simpatia contagiante.

Os sabores são indescritíveis e representam um desafio a qualquer gourmet. Tudo é divino, mesmo com as restrições de Alex (o marido) com o sal.

Ontem fui convidado para um papinho em sua residência. Participava apenas um “petit comitê” formado pelo casal anfitrião, sua belíssima filha e minha sobrinha Rosa Karenina, além de seus primos Fred Marinheiro e Carleusa, esta ansiosa e esbanjando alegria esperando o Antônio Carlos, o segundo filho, que chegará lá para o início de janeiro do próximo ano.

Salgadinhos deliciosos, com destaque para as codornas primorosas providenciadas por Alex, whisky honesto e o papo gostoso se desenrolava focalizando amenidades, como de costume.

Eis que de repente foi servido um lagostim refogado na manteiga e flambado.

A cor fortemente corada da casca do lagostim assumia um brilho levemente oleoso produzido pela manteiga e contrastava com o branco do filé.

O conjunto era de um efeito glamoroso e apetecedor agindo rápida e magicamente nas papilas gustativas.

Olhei para aquele prato com uma ansiedade maior que o prazer.

Os lagostins ali deitados, inertes, em posição decúbito dorsal, pareciam dizer: me coma, me coma.

Fiquei desconcertado e parti para a ação sem ligar para a mínima regra de etiqueta.

Com as mãos capturei um lagostim e devorei com a voracidade de um primata.

Foi um gesto rápido e preciso.

Somente notei a gafe quando Carleusa sutilmente observou:

- Rosana providencia uma toalha pra Maurício, acho que ele vai precisar tomar um banho.

Mancada a parte aquele lagostim merecia uma estátua de bronze ou no mínimo um tango.

sábado, 24 de outubro de 2009

Neologismo Tropical.

Sexta feira 22 de outubro, tarde de um verão magnífico.
Adentro o Bahamas, não o arquipélago das Caraíbas, mas o restaurante, ali em Tambaú.

O píer (aquele que foi sem nunca ter sido) foi detonado. Muitas barracas foram retiradas da orla para gáudio dos ambientalistas e por que não dizer também para nossa alegria em poder vislumbrar a beleza oceânica desse mar caliente.

A calçadinha está em reforma. Não é bem uma reforma. Talvez uma restauração. Não sei por que cargas d’água chamaram de requalificação.

A praia é um canteiro de obras. Estão substituindo o revestimento.

Compondo esse cenário frenético um out- door dá o recado publicitário do Dr. Coutinho divulgando os serviços da Prefeitura Municipal.

Uma placa enorme chama atenção não pelo tamanho olímpico de suas dimensões, mas pelo que está inserido no seu texto.

REQUALIFICAÇÃO E REFORMA DO CALÇADÃO DA ORLA DE MANAÍRA.

Não consigo entender o significado de requalificação no contexto.

Que será que os tecnólogos da Prefeitura quiseram dizer?

Será que criaram uma qualificação para os passeios públicos?

Consulto vários colegas engenheiros, arquitetos e urbanistas tentando desvendar o misterioso vocábulo. Todos ignoram. Ninguém aventura uma explicação.

Por fim apelo para meu ombudsman Puchkin que oferece uma saída:

Não perca tempo com essas idiossincrasias dos urbanistas municipais. Não é pra fazer sentido lógico. É tão somente uma tentativa de dar pompa ao out door. Trata-se de um neologismo tropical. Entendeu?!

Infelizmente continuo na missa sem ver o padre. Ou seja, não entendi bulhufas.

Com a palavra meu amigo Luciano Agra.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

O terceiro mandato.

Viram a pesquisa do IBOP ontem?

Mais da metade da população brasileira aprova o Governo Lula - 55% de aprovação.

Como se explica o que ocorre com o Luis Inácio?

Quanto mais se lhe batem, mais cresce sua popularidade.

Indiscutivelmente é um índice inacreditável de popularidade.

Inacreditável e, sobretudo perigoso.

Perigoso porque pode induzir o analisado a sonhos mirabolantes.

Se de um lado fica explícito que a sociedade está endossando sua política administrativa do outro preocupa, pois tem o sabor de uma bebida alucinógena muito a gosto de caudilhos latino-americanos que insistem em se perpetuarem no poder. A América Latina é pródiga nesses exemplos.

Tomara que o efeito das pesquisas seja simplesmente massagear o ego do Presidente e que o fantasma do terceiro mandato, feito uma Fênix, não ressurja das cinzas.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

A bolsa de DILMA

Você cansou do bolsa família, não se estresse.

Surge agora no planalto central mais um benefício - O Bolsa Dilma.

Está pensando o que?

Leia a coluna da jornalista Anna Ramalho no Jornal do Brasil:

“A ministra Dilma Rousseff, em foto publicada anteontem n’ O Globo, deve ter se esquecido de esconder a bolsa...”

Porque o estardalhaço?Será que a Ministra não pode usar uma bolsa?

Afinal a vaidade feminina lhe dá margens para exibir qualquer adorno.

Nada de mais se o artefato da Ministra presidenciável não fosse uma Kelly, grife Hermès, criada em homenagem à princesa Grace, e objeto de consumo das milionárias mundo afora."

O detalhe é que a bolsa não custa menos de 4.700 euros – cerca de R$ 14 mil.

Portanto… Quem ainda teme a revolucionária comunista dos anos 70 pode ficar tranqüilo.

Não se usa uma Kelly impunemente.

É muito bonito pregar comunismo nas propriedades e com o dinheiro dos outros, mas a ministra gosta mesmo é de uma grifezinha.

Para comprar a bolsinha que a ministra usa, o trabalhador brasileiro tem que trabalhar dois anos e dois meses, sem comer, sem morar, sem adoecer, sem transporte, investindo tudo na bolsinha da ministra boazinha do PAC, numa farsa de quem quer parecer popular. Mas que na verdade, depois de guerrilheira, virou foi uma aproveitadora do dinheiro público para uso de luxos 'burgueses'.

Enquanto ela e Lula se apegam ao bolsa-família para manter o povo anestesiado pela ignorância coletiva, ela se agarra mesmo é no poder para ganhar milhões e poder andar como uma perua, com bolsa de madame.

Ainda bem que ela anda despencada nas pesquisas de opinião e é a campeã absoluta em REJEIÇÃO!

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

DICAS PARA 2010

(Para Cícero, Ricardo, Zé e outros candidatos nanicos).

Senhores candidatos: o eleitorado paraibano atingiu um nível de politização que não suporta mais as futricas e os ataques pessoais entre os postulantes a cargos eletivos.

Há que se cuidar de programas de governo e explicar ao povo de forma clara e objetiva quais são suas reais intenções caso venha a ser eleito para governar o Estado.

A título de colaboração ofereço-lhes esta singela contribuição para estabelecimento de um programa de governo realmente voltado para atender às aspirações populares.

POLÍTICA ADMINISTRATIVA

Projeto de lei estabelecendo três salários mínimos como piso salarial para os barnabés estaduais. Implantar um auxílio natalino como 14º salário.

Férias de trinta dias úteis. Onde já se viu férias em sábados,domingos e feriados, estes já são feriados por si mesmos.

DESENVOLVIMENTO SOCIAL

Implantar dois programas de relevante alcance social, a “Bolsa Moleza” e o “PRO EMPRENHO”.

O primeiro (Bolsa Moleza) faculta a todo e qualquer cidadão, que se encontre eventualmente sem emprego, uma remuneração mensal, a título de ajuda emergencial, no valor de um salário mínimo por um prazo nunca inferior a 12 meses, podendo ser prorrogado, por igual período.

O segundo (Pró-Emprenho), assistirá todas as mães solteiras cujos companheiros (pai da criança) se encontrem numa das seguintes condições: foragido, neguem a paternidade ou estejam pagando penas prisionais.

O homem não pode viver só do trabalho e obrigações, é imprescindível o lazer para se manter o equilíbrio emocional e para que vida tenha um sentido prazeroso e saudável na convivência social. Assim é imperioso que sejam incentivados os festejos populares. Criar o SANJUECA, o São João fora de época, o Pbqueijo ou o festival do queijo, o Pbgueijo ou o festival do caranguejo, o Pbioca, o festival da Tapioca, o Pbgay, o festival dos gays. Enfim, um calendário repleto de folguedos de forma que todo mês haja uma festa para deleite dos Paraibanos.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Pequeno artigo sobre as siglas - PASS

Subitamente tenho a impressão de que estamos numa corrida vertiginosa em direção às nossas primitivas origens e ainda não nos conscientizamos disso. Pelo menos é o que deduzo observando as atuais formas de comunicação escrita e oral.

Não sei se o fenômeno ocorre em outras pátrias, mas aqui na nossa república federativa o idioma do Sr. Camões vem sofrendo uma metamorfose que nos obriga uma atualização permanente sob pena de “ficarmos na missa sem ver o padre”.

É a síndrome das Siglas.

O homem primitivo, nossos ancestrais trogloditas, usava poucas expressões ou grunhidos, para se comunicar. Um grunhido longo, outro breve, outro nasal, cada um expressava um sentimento ou alguma coisa. Mas, sobretudo tudo era muito compacto.

Hoje na idade do chip (já que houve a da pedra, do fogo, etc.) estamos quase voltando lá. Se o distinto leitor observar a famigerada família de siglas que somos obrigados a conviver no nosso dia a dia, há de convir que dentro em breve será preciso o concurso de um lexicógrafo esclarecer o significado das ORTN’s, CIC, TPM, DARF, DOC, TED, CEP, INSS, RG, CPMF, IPTU, ICA, IRPF, PEC, PAC, LTN, e quem sabe outras dos ET’s vindo nos OVNI’s.

É preciso, pois conclamar a ABL para juntamente com o MP e o SDC estabelecerem um TAC, como também apelar ao CN para promulgação de uma PEC regulamentando o instituto das siglas no sentido de se evitar uma CTM.

P.S - Para que não me chamem de CDF e antes que me mandem à PQP é só. OBG e AD.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

O verso e o reverso

Abra o jornal.


Leia a manchete. Leia o editorial. Leia os colunistas. Consulte os classificados se tiver algum interesse.

Pronto.

Tudo que você leu é verdadeiro?

Isso depende.

Você tem que entender o que está por traz da notícia.

Isso é um assunto muito complexo e delicado. Você tem que conhecer as relações e principalmente, as linhas de interesse entre o dono do jornal e as pessoas ou grupos econômicos vinculados à notícia que está sendo veiculada.

As notícias impressas muitas vezes são falaciosas.

A linha editorial do jornal pode estabelecer sutilmente que você pode escrever sobre o que quiser desde que respeite tais e tais compromissos políticos ou econômicos.

O articulista tem ampla liberdade de expressão, todavia não pode nem deve fazer críticas sobre assunto conflitantes com os interesses econômicos do jornal. A liberdade de imprensa é condicionada.

Portanto você deve tomar certas precauções e não acreditar piamente em tudo que está impresso.

Sem contar com certas artimanhas que são utilizadas para “criar” notícia.

Certa vez presenciei um episódio envolvendo um executivo Rio-grandense do Norte, diretor do Departamento Estadual de Estradas, e um jornalista, que traduz um ardil malicioso para “criar” a notícia.

O Major Walter, era esse seu nome, reclamava de uma notícia inverídica noticiada envolvendo o órgão público sob sua direção e exigia uma reparação.

O jornalista desculpou-se e arrematou.

Major, ontem estava sem uma notícia de interesse público para fechar minha coluna e inseri essa matéria. Hoje o senhor rebate, com toda razão, e me propiciou outra notícia. Fique tranqüilo.

Com se vê, há que se precaver para não comprar gato por lebre.

domingo, 18 de outubro de 2009

DICAS PARA CRIAR SENHAS

A informatização é uma inovação que exige das pessoas, em qualquer nível, cumprirem certos procedimentos e protocolos para realização de qualquer atividade.

Por exemplo, o instituto da senha para acesso às informações.

Para sua segurança, isto é, para evitar que terceiros invadam sua privacidade é necessário que você crie uma senha.

Todo dia, toda hora, você precisa de uma senha para movimentar sua conta bancária, para abrir o portão de sua residência, para abrir sua pasta de documentos, para ler seu correio eletrônico, para desbloquear seu celular, enfim, sempre há uma necessidade que só será suprida utilizando-se de uma senha.

Para isto você deve ter duas preocupações básicas.

O código escolhido não deve ser fácil de ser decifrado mas que seja fácil de ser lembrado.

Ao criar uma senha evite números que façam referência aos seus dados pessoais, aniversário de casamento, data de nascimento, número da residência, etc.etc.

Uma boa prática é adotar as iniciais das palavras que compõem uma sentença que lhe seja conhecida.

Por exemplo: Deus criou o mundo em sete dias. Utilizando-se as primeiras letras de cada palavra resulta: dcomesd.

Substituindo-se o s de sete pelo algarismo romano 7 você terá um desdobramento em uma senha alfa-numérica: dcome7d.

Outro exemplo: Nem só de pão vive o homem – nsdpvoh.

Para uma senha numérica crie um código de correspondência, por exemplo: PERNAMBUCO.

Pernambuco tem 10 letras. Atribua a cada letra um valor numérico na ordem crescente.

P=1; e=2; r=3, e assim sucessivamente.

Forme uma palavra chave com as letras, por exemplo: NABUCO, resulta: 4578910

Tudo depende de sua imaginação. Mãos a obra.

sábado, 17 de outubro de 2009

Ode ao mar do Bessa

Mar que te quero verde...

Contemplo-te verde.

Sempre verde como te vejo agora.

Verde esperança, verde atlântico, verde natureza.

Navegar-te não ouso, só contemplar-te e quando muito banhar-me em tuas vagas lavando o peito e a alma.

Vejo rugas brancas em tua face. São ondas quebrando nos arrecifes numa genuflexão respeitosa de saudação a Netuno.

Oh! Mar dos meus encantos. Bem perto de mim e tão longe adornando os céus no horizonte.

Maurício Montenegro

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

A FÉ

O que é a fé?

É um sentimento ou uma faculdade?

A fé é uma manifestação de crédito incondicional sobre alguma coisa que não podemos ver nem tocar, mas que apenas sentimos.

É a fé que impulsiona o homem a realizar algo impossível.

O impossível é algo que não pode ser realizado até que é feito.

A fé é o oxigênio dos grandes feitos.

A fé não exige predicados nem condiciona o indivíduo. Pode manifestar-se no católico e no pagão.

Pode-se duvidar da existência de Deus, mas não da existência da fé. Ela prescinde da existência de Deus, embora toda vez que se fala em fé, logo surge a idéia de religião, de divindade.

Mesmo o cientista mais cético, tem fé na ciência, tem fé em si mesmo, tem fé na inteligência, nos princípios, na ética.

Retome-se a Bíblia quando Jesus foi procurado por uma mulher com um fluxo de sangue e disse-lhe que seria curada se tocasse as vestes do Mestre. Após o milagre disse Jesus: “a tua fé te curou”. Isto é, o que importa é a fé e não quem realiza o milagre.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Relocalização do Aeroclube

A localização do aeroclube da Paraíba tem sido, ao longo dos anos, um problema mal resolvido.
Na década de 40 implantou-se em Tambauzinho, hoje Expedicionários, onde está o Espaço Cultural, na época endereço do 8º Regimento de Artilharia Motorizada (Oitavo RAM).
Com o passar do tempo, lá pelos anos 50, a expansão urbana forçou sua mudança para o litoral norte, precisamente no bairro do Bessa.
Novamente o adensamento verificado nessa região está a exigir um novo posicionamento, pois as condições locais ameaçam tanto a segurança do vôo como das habitações lindeiras.
Apesar de uma convivência aparentemente pacífica é notória a preocu~pação dos moradores do bairro diante da possibilidade de acidentes que possam vir a ocorrer, causados pelas aeronaves. Por outro lado, além da questão da segurança, ressentem-se da ausência de melhorias urbanas que não acontecem impedidas pela presença daquele equipamento.
A insatisfação nã se limita apenas aos que habitam a vizinhança, os usuários também reclamam de algunspontos negativos da estrutura atual como é o caso, por exemplo, de um local adequado para dobragem de pára-quedas, posicionamento impróprio do posto de abasttecimento de combustível, local para realização de eventos sócio-recreativos (atualmente essesw eventos são realizados em um dos hangares exigindo-se desalojar os aviões para possibilitar os festejos).
A relocalização desse aeródromo, portanto, é uma providência inquestionável e necessária tanto para a melhoria da qualidade de vida dos moradores do bairro, como para segurança dos praticantes de aereodesportos.
É preciso, no entanto, que se tenha como objetivo uma solução que interrompa o ciclo vicioso de mudanças a cada estágio de crescimento da cidade.
Ha que se adotar uma solução que atenda esta condição assegurando uma vida útil prolongada ao equipamento e no mínimo, protegido das pressões impostas pelo crescimeno natural da cidade.
Sugere-se como idéia básica dispor uma cobgertura vegetal, com espécimes de orte médio, no entorno da área do novo projeto.
Uma vez dimensionadas e disponibilizadas todas as áreas de manobra, pouso, decolagem, edificações, enfim todos os dispositivos requeridos e, observadas as relações espaciais exigidas pelas normas que disciplinam a matéria, acrescenta-se ao lay out, um grande cinturão vegetal. Esta providência além de proteger o equipamento da interferência das edificações adjacentes será, sem dúvidas, um benefício à melhoria das condições ambientais.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

A questão da Educação

O Sr. Silvio Geremia é um pequeno industrial em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul. Fabrica equipamenjtos para extração de petróleo. Uma atividade que utiliza tecnologia de ponta e muita pesquisa.
Para sobreviver nesse nicho de mercado concorrendo com empresas dos Estados Unidos e Canadá necessita de um quadro de pessoal altamente quaalificado. Assim implantou como estratégia, na sua empresa, um programa de custeio da educação, em todos os níveis, para todos os funcionários de sua empresa.
Muito bem se não fosse o entendimento de fiscais do INSS que estão lhe autuando entendendo que os cursos oferecidos aos seus obreiros são salários indiretos e portanto sujeitos ao pagamento de impostos da contribuição social.
Os fiscais do INSS entendem que o Sr. Geremia deve recolher à Previdência a contribuição sosbre os valorespagos aos estabelecimentos de ensino frequentados pelos funcionários, acrescidos de juros de mora e multa obrigando-o a pagar a quantia de R$28.000,00.
Aqui em João Pessoa a Prefeitura construiu um belo edifício cognominado Estação Ciência onde foram investidos cerca de 35 milhões de Reais.
Em que pese a beleza arquittetônica da edificação e o prestígio do autor do projeto (Oscar Niemeyer) questiona-se a prioridade do investimento diante das reais necessidades da urbe.
Os dois exemplos caracterizam um fato constatado no dia a dia da administração pública. Primeiro a indiferença da própria sociedade com relação à educação.
Segundo a inversão de valores verificada na gestão da coisa pública.
Há uma relação biunívoca entre osd dois fatos. Um encoraja o outro.
Isto é, o administrador público elege osupérfluo em detrimento do substantivo por força da equivocada visão da sociedade que aplaude a obra de pedra e cal e vê com desdém os investimentos em cultura e educação, como nossos indígenas que se deliciavam com as quiquilharias e penduricalhos. A lógica do círculo vicioso.
A sociedade se alimenta do supérfluo. Reconhece e aprova as obras de fachada e vê sem muito entusiasmo os esforços reservados às ações voltadas para a melhoria do ensino, por exemplo.
A miopia coletiva impede e desestimula o ordenamento das prioridades estabelecidas a partir daquilo que realmente é importante para o desenvolvimento social.
A consciência coletiva é estereotipada e burra.
A solução não é fácil, mas passa, sem dúvidas, pela ruptura desse circulo vicioso. O grande desafio que se enfrenta é como alcançar este objetivo.
Há que se estabelecer mudanças sobretudo no comportamento do homem.
Volta-se a questão inicial: é uma questão de cultura, de responsabilidade social, de espírito público.