terça-feira, 6 de julho de 2010

Passsione.

Curiosa e questionável a inspiração dos autores globais (rede Globo) responsáveis pelas histórias narradas nas suas telenovelas.

Agora é a vez de Passione escrita pelo novelista Sílvio Abreu.

A novela envolve uma trama recheada de péssimos exemplos do comportamento humano.

Um baú repleto de maledicências, mau caratismo e ilícitos penais.

Um desfile interminável de fraudes, engodos, estelionatos, falsários, corrupção e aliciamento de menores para a prostituição.

O lugar comum é a mentira.

A novela começa com uma grande mentira guardada por várias décadas por Eugênio (Mauro Mendonça) escondendo da mulher Bete Gouveia (Fernanda Montenegro) a existência de um filho bastardo, Totó (Tony Ramos).

Olavo (Francisco Cuoco) mente pra esposa Clô (Irene Ravache).

Clara (Mariana Ximenes) mente pra Bete Gouveia) e engana Totó.

Fred (Reynaldo Gianecchine) mente pra todo mundo.

Danilo (Cauã Raymond) mente para os pais.

Berilo (Bruno Gagliasso) mente para as duas esposas Jéssica (Gabriela Duarte) e Agostina (Leandra Leal).

Gerson (Marcello Antony) casado com Diana (Carolina Dieckmann) esconde curioso segredo e mente para a esposa e para a família.

Jaqueline (Alexandra Richter) secretária de Olavo mente para o patrão e para a patroa.

Mimi (Marcelo Médice) mente para o avo Benedetto (Emiliano Queiroz).

Stela (Maetê Proença) fatura os garotos sarados nos motéis e mente para o marido (Werner Schunemann).

Agnelo (Daniel de Oliveira) mente para a irmã Agostina.

Felícia (Larissa Maciel) mente para a filha Fátima (Bianca Bin) escondendo a maternidade.

Por sua vez Fátima grávida mente para a mãe Felícia e para a avó Candê (Vera Holtz) .

Valentina (Dayse Lucidi) a vovó cafetina alicia a neta menor Kelly ( Carol Macedo) induzindo-a à prostituição para corromper a fiscalização municipal como aconteceu com Clara sua irmã mais velha.

Até a octogenária D. Brígida (Cleyde Yáconis), paulista quatrocentona, esconde encontros furtivos com o motorista da família Diógenes (Elias Gleizer).

E assim a história se desenvolve, capítulo por capítulo, sem espaço para atitudes dignas.

E haja mentiras.

Quanto desperdício!!!

sexta-feira, 2 de julho de 2010

O sonho acabou.

Acabou o sonho e o País volta à normalidade.

Durante dezoito dias toda nação permaneceu numa espécie de letargia coletiva.

Aos olhos da nação adormecida nada importava a não ser a esperança depositada nos pés de onze atletas brasileiros.

As atividades políticas e sociais, o mercado, os atos de violência urbana, as pesquisas eleitorais sobre a sucessão presidencial, nada conseguia superar as expectativas e a motivação originada dos jogos da copa do mundo.

A vida restringia-se aos passes e dribles que aconteciam em cada partida realizada no continente africano.

De repente uma adversidade inesperada desconfigura todo esse cenário.

A seleção brasileira sofre a primeira derrota frente à equipe holandesa e é forçada a abandonar o campeonato provocando uma frustração coletiva.

Cai o manto da invencibilidade resultando a desolação que se instala no coração de cada brasileiro.

Chora o homem, mulher e criança.

É a Pátria ferida.

A partida com a Holanda teve lances de euforia como o gol de Robinho e de desencanto como o gol contra de Felipe Melo este, aliás, expulso por um gesto impensado e intempestivo. Nem todo mundo está preparado para administrar pressões.

Passa a página da história nos permitindo enxergar a crua realidade do dia a dia.

Os noticiários televisivos retomam os temas em voga. Os desastres vitimando pessoas em Pernambuco e Alagoas, as pesquisas de opinião registrando empate entre os presidenciáveis, alguns “ficha sujas” conseguindo se livrar dos impedimentos e a seleção retorna para hibernar por mais quatro anos à espera da nova copa quando se renovarão as esperanças do esperado hexa.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Adeus a Radegundis.

Conheci Radegundis na década de 80, mais ou menos em 85 ou 86, na casa do amigo comum Edmilson Oliveira.

Edmilson ou Xibimba, como o tratamos na intimidade, é um aficionado pela música e freqüentemente reunia em sua casa, nos finais de semana, um grupo de amigos para sessões vespertinas que varavam a noite na maior alegria bebericando e consumindo as iguarias preparadas por Orlandina.

Ali encontrávamos com freqüência Waltinho do Acordeon um dos maiores tecladistas que conheci, Naelson com seu violão, e outros tantos que deixo de nominar para não me estender muito.

Numa dessas reuniões conheci Radegundis e seu irmão Heleno (Costinha).

Radegundis chegou atrasado, de bermuda e com seu trombone de vara.

Na sala executavam choros de Ernesto Nazaré.

Radegundis foi chegando, retirou seu instrumento do case, ajustou o bocal do trombone e logo se incorporou aos demais fazendo os acordes que deram nova vestimenta à obra em execução. Foi um verdadeiro deslumbramento.

Radegundes era portador do que se chama “ouvido absoluto” ou “perfect pitch” como dizem os ingleses, que é a faculdade de ouvir e reproduzir o som ouvido. Esta habilidade enalteceu gente famosa com Villa Lobos, Ludwig Van Beethoven, Wolfgang Amadeus Mozart, Fréderic Chopin, e o maestro americano Leonard Bernstein.

Contou-me Radegundis um episódio que lhe ocorrera em Paris, na França.

Estava ele inscrito numa espécie de concurso e quando chegou sua vez foi cientificado que não poderia executar a música que ele havia estudado, pois a mesma fora escolhida por outro concorrente europeu. Radegundis respondeu com um desabado e uma coragem própria do nordestino. Destemido e resoluto estudou apenas três dias e apresentou a peça Czardas de Monti, uma obra de dificílima execução principalmente para trombone de vara. Foi laureado em primeiro lugar.

Radegundis Feitosa Nunes era doutorem trombone performance pela “The Catholic University of America de Washington – DC e mestre pela Julliard School, em Nova York. Foi considerado um dos maiores trombonistas do mundo.

Hoje pela manhã, Radegundis foi vítima de um acidente automobilístico vindo a falecer juntamente com mais três colegas músicos que se destinavam às festividade de 150 anos de fundação de sua cidade natal Itaporanga.

Todas as festividades foram imediatamente suspensas quando a notícia chegou à cidade.

O luto cobre toda a Paraíba e a comunidade artística do mundo inteiro pranteia a perda de um grande talento.