terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Para que servem as calçadas.

Lexicamente as calçadas (Sidewalk, em Inglês, Chaussée, em Francês, Burgersteig ou Gehsteig, em Alemão) são caminhos ou ruas revestidas de pedra.

As ruas não são formadas apenas pelas vias para veículos existem ruas para uso dos pedestres, as calçadas. Assim foram chamadas originando-se do Latim, calcare que significa “pisotear, bater com os pés, calcar”. Esta palavra deu origem também a calcanhar e decalco.

Provavelmente o calceteiro, artífice que construía a calçada, seja talvez uma das mais antigas das profissões excluindo-se naturalmente as prostitutas.

As calçadas, com pavimento, já existiram nos povos tribais, como superfície que servia para execução dos rituais religiosos e rituais de poder.

As mais antigas que se tem registro são as calçadas romanas, executadas por escravos.

Do ponto de vista espacial assumem formas e características diversas como as famosas calçadas Portuguesas construídas em Coimbra, Lisboa, no Porto ou suas similares em Copacabana, no Rio de Janeiro ou no Museu do Ipiranga, em São Paulo.

Pode-se inferir que sua principal função, enquanto elemento urbanístico em todas as cidades do planeta é possibilitar a locomoção das pessoas. Lamentavelmente não é o que se constata nas cidades. Às vezes assumem outras funções como palco para apresentação de artistas populares, dançarinos de tango em Buenos Aires, mágicos e instrumentistas em Paris ou Nova York, capoeiristas e humoristas, no Rio de Janeiro ou pregadores religiosos, em Londres.

Sempre está ali a calçada como um servidor público colaborando no dia a dia do cidadão.

Aqui na capital das Acácias sua utilização ao longo dos tempos e com razoável frequência tem sido diversificada para finalidades que se contrapõem à sua principal função urbanística e constitui uma flagrante agressão aos códigos de urbanismo e à população sobretudo como obstáculo ao seu direito de ir e vir.

Um passeio por qualquer rua da cidade é um exercício onde se pode constatar o uso indevido das calçadas com estacionamento de veículos, dispositivos de publicidade (placas e outdoors), estabelecimento de pequenos negócios (ambulantes), enfim uma parafernália de atividades que muitas vezes impede o caminhar obrigando as pessoas a utilizarem as mesmas vias dos veículos expondo-se aos riscos de acidentes. O mais constrangedor que tudo se passa com a plena aquiescência do poder público que a tudo assiste sem esboçar a menor reação.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

A soma e o resto.

Acabei de conferir a mais nova publicação do Ex-presidente Fernando Henrique Cardoso “A soma e o resto”.

Trata-se da condensação do pensamento do renomado sociólogo hoje cidadão do mundo. O livro com 195 páginas editado pela Civilização Brasileira reúne confissões, lembranças, reflexões e desabafos, resultado de mais de 10 horas de conversas gravadas em seu apartamento por Miguel Darcy de Oliveira. A informalidade é a tônica da obra onde o autor explicita sua visão atual sobre o Brasil e o mundo.

“Este livro talvez seja o mais espontâneo que já publiquei”. Diz o líder tucano sobre sua obra.

Ao contrário do metalúrgico que achava a leitura pior que exercício físico e da Presidente que faz questão de ser chamada Presidenta e que até agora não fez outra coisa a não ser uma faxina tentando exorcizar os pulhas do governo (pelo menos isso), nosso representante tucano apresenta-se como um ponto fora da curva como bem qualificou o jornalista Augusto Pontes na Veja.

Fugindo da politica nanica FHC prefere fazer história e foge do ostracismo que ronda os “ex” com sabedoria e experiência. Reúne-se com os Elders, grupo de ex-presidentes fundado por Nelson Mandela, protagoniza um documentário onde se discute o problema das drogas “Quebrando o Tabu”, do cineasta Fernando Grostein Andrade, busca soluções para o Oriente Médio, escreve livros e é alvo de elogios até da presidente Dilma Roussef.

Identifiquei na leitura ricos conceitos do ilustre cientista social:

Quem mais comanda hoje é o mercado, não o Estado ou a sociedade, com seus valores e suas políticas. Eu sou contra isso. Numa sociedade democrática, não pode ser o mercado quem comanda. Tem que ser a sociedade.

Quando se tem uma somatória de desemprego, autoritarismo, corrupção, desesperança e, simultaneamente, maior acesso à informação e liberdade de comunicação, a coisa explode.

É a emergência do novo que move a sociedade. Não estamos repetindo o passado nem seguindo modelos de fora. Algo original está sendo gerado aqui e agora.

Considerando sua produção intelectual e, sobretudo sua participação na comunidade científica mundial reputo-o como sendo uma das mais marcantes personalidades deste século. Um líder formador de opinião que se impõe pelo saber, um “maître à penser” como o Nelson Mandela.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Nos tempos do Pedro Américo.

Semana passada encontro o amigo Fernando Guedes Pereira no Mag Shopping. Após um abraço efusivo nos cumprimentos comenta:

- Hoje me lembrei de você relendo o livro de Paulinho Soares “Nos tempos do Pedro Américo” quando ele atribui seus cabelos brancos a uma praga jogada por Chiquinho gerente e proprietário do bar.

Lembro, como se fosse hoje, do lançamento dessa obra do grande Pediatra e amigo numa reunião vespertina lá pelos anos de 1989, no Cassino da Lagoa.

A referência de Fernando aguçou minha nostalgia. Logo que chego em casa procuro e não encontro meu exemplar daquela preciosidade escrita por uma das figuras mais impressionantes e de humor tão rico que jamais conheci em toda minha vida. O médico, escritor, professor, humanista e agora fazendeiro Dr. Paulo Soares Loureiro, amigo e parceiro desde a época dos bancos universitários.

Passadas duas décadas procuro meu exemplar e não encontro. Cansado da busca conclui devo ter emprestado e não lembro a quem. Aliás, sobre esta história de emprestar livros meu guru Desembargador Paulo Bezerril dizia: Quem empresta um livro é um tolo, quem devolve também.

A cada hora aumenta minha ansiedade pela perda de inestimável bem. Resta-me a esperança de apelar para o próprio autor.

Estabeleço o contato e descrevo minha angústia.

- Paulinho onde posso encontrar um exemplar do teu livro.

Com a presteza que lhe é peculiar e sem arrodeios ele responde de pronto:

- Para tua sorte fui fazer uma mudança e encontrei dez volumes.

Marcamos um encontro num barzinho lá no Jardim Luna.

Hora aprazada chega Paulinho com meu presente de Natal.

Mesmo antes de cumprimentar-me joga o livro em cima da mesa num gesto que dizia era isto que procuravas amigo?

Não devo ter disfarçado minha alegria e contentamento.

Pedimos dois uísques e conversamos algumas horas sobre amenidades e coisas comuns aos dois.

Maurício, Deus me fez de um excelente material apenas negligenciou no acabamento.

A definição retrata o humor que o diferencia agregando-lhe valor e enriquecendo sua personalidade e seu bom caráter.

Despedimo-nos sem que ele deixasse que eu pagasse a conta.

Tô pagando para ele ler meu livro. – comentou para alguém que acabara de chegar exercitando seu humor característico.

Chegando em casa retomo a leitura após vinte e dois anos e experimento um prazer renovado. Viajo ao passado e vejo desfilando numa tela imaginária o mundo colorido da minha juventude. A charanga Ferro de Engomar, a churrascaria Bambu, a Zona, o Drive-in, as noitadas do CEU (Clube do Estudante Universitário), as “primas” da Maciel Pinheiro, da Silva Jardim, dos Becos do Milagre e do Zumbi, Maria de Janúncio, a casa de Dina e de Hosana, a boite de Berta libertinagem dos intelectuais e o Bar de Carioca. Ah que tempos saudosos e maravilhosamente vividos.

Continuo a leitura num frenesi permanente e descubro novas nuances nas riquezas de detalhes de ambientes e ações pintadas pela magia e pela erudição do seu narrador o genial pediatra que manipula um pincel fictício como se fosse um Rembrandt, o mestre das luzes e das sombras, ou um Rafael Sanzio. Tudo realça como dizia um jargão televisivo “cada mergulho é um flash”.

Somente o talento e a memória fenomenal de um gênio como Paulinho poderiam reproduzir com tanta fidelidade e poesia a paisagem humana e social, os fatos e as pessoas neles envolvidas fazendo-nos reviver tantas alegrias.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

O engano de Papai Noel

Numa tarde ensolarada, no início de Dezembro de 2020, Papai Noel pilotava sua Harley-Davidson pela moto via Chalenger que liga o Rio de Janeiro à Lapônia, na Finlândia.

Suas renas Rudolph, Dasher, Dancer, Prancer, Vixen, Comet, Cupid, Donner e Blitzen, estavam aposentadas num Zoo, na Escandinávia, por força de uma ação popular promovida por uma ONG ambientalista. Por essa razão os trenós são tracionados pela possante Harley-Davidson 1200 Custom.

Apesar de seu inabalável bom humor o velhinho não conseguia disfarçar a preocupação com um fato que o atormentava. Há cerca de uma semana recebera em sua caixa postal uma mensagem cifrada dando conta que até aquele momento apenas 15% de suas encomendas haviam sido aviadas. Prenunciava-se pela primeira vez na história da humanidade uma ameaça de transformar o Natal num fracasso. Milhões de criancinhas deixariam de receber s eu presente de Natal. O velho Noel estacionou numa lanchonete frequentada por pessoas da terceira idade. Serviu-se de um sanduiche natural e um suco de beterraba. Pelo smarthphone de 40 GBytes fez alguns contatos com seus agentes nos quatro continentes deles cobrando providências para evitar o colapso do Natal a todo custo. Em seguida retirou seu notebook de quatro terabytes de sua sacola Louis Vuitton e atualizou as planilhas com os endereços e especificações dos presentes solicitados em todo mundo. Tomou seu remédio de controle da pressão arterial pagou a conta com cartão e saiu.

Ao sair deparou-se com uma mulher maravilhosa. Um monumento feminino não condizente com a faixa etária dos frequentadores. Uma loira monumental com aproximadamente 20 anos de idade. A mulher chegara também numa moto e logo se estabeleceu entre os dois um agradável clima de atração.

A mulher o cumprimenta e de repente sabendo que o destino dos dois era idêntico arrisca:

- Por que não fazemos companhia um ao outro se vamos para o mesmo lugar?

Papai Noel achou a proposta tentadora e concordou.

- Acho perigoso viajar a noite. Poderíamos parar na próxima estalagem onde poderíamos jantar jogar um buraquinho e logo cedo seguiríamos a viagem. Propôs a mulher irradiando certa voluptuosidade.

- A maioria de minhas viagens, em razão do meu ofício e especialmente no mês de Dezembro são a noite mas não faço a menor restrição em passarmos a noite numa atividade ludo recreativa.

Ato contínuo pegaram suas motos e foram à estalagem Ninho da Ternura.

Em lá chegando souberam que só havia um aposento disponível.

- Por mim tudo bem, disse a moça.

Acomodaram-se e foram ao restaurante para um pequeno repasto.

Papai Noel para corresponder à gentileza da mulher pediu uma garrafa de Château d’Yquem 1811 e mexilhões ao vinagrete o que impressionou a mulher profundamente.

Enquanto provavam as iguarias o velhinho notou que por mais de uma vez os pés da mulher tocavam os seus e a medida que o gesto se repetia ia subindo por suas calças até alcançar seus órgão sexuais. Papai Noel conscientizou-se das reais intenções da moça e disfarçadamente foi ao banheiro e por garantia tomou um viagra.

Voltou à mesa e continuaram bebendo e como era de se esperar a conversa conduziu-se para assuntos libidinosos. A moça continuava e massagear o pinto do velhinho que a esta altura já estava a meio pau. Então aproximou sua cadeira com uma mão baixou o decote que escondiam um par de peitinhos que mais pareciam dois bolinhos de geleia carnosos e duros com a outra mão desabotoou a enorme calça vermelha de ceda e alcançou o pau do velhinho que já estava a mil.

Papai Noel ofegante e ansioso sugeriu que fossem ao quarto. Noel assinou a conta e saíram como um raio. Já no quarto a loira abraçou o velhinho beijando-lhe fervorosamente na boca e enfiando toda sua língua na garganta de Noel. Ato contínuo Noel se esvaindo de gozo sacou o vestido da mulher e teve sua maior decepção. Pensando que ia dar a maior trepada do século ao despir a loira pôde notar que a loura não era tão loura. De fato era um louro travestido e portador de um membro maior do que o seu.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Ser ou não ser.

Doente terminal com falência múltipla dos órgãos.

Assim encaro o universo agonizante das instituições políticas brasileiras.

Um amálgama putrefato deteriorado pelos atos criminosos dos gestores públicos caracterizado pelas fraudes, corrupção, improbidades, enfim toda coletânea de ilícitos penais.

Os protagonistas dessas hediondas façanhas são legisladores, presidentes, governadores, prefeitos, ministros, juízes, autoridades policiais, membros do judiciário e das forças armadas, eclesiásticos, reitores, todos sanguessugas travestidas de servidores públicos.

A subversão é universal. A política é uma ferida braba, uma chaga aberta que exala seu pus por onde passa e apodrece aqueles que a tocam.

Não há um segmento sequer que não esteja contaminado com o vírus da corrupção.

A sociedade brasileira contaminada fica então dividida em três camadas: os corruptos assumidos, os enrustidos que não querem admitir que o são, e raríssimos gatos pingados que ficam observando todo esse teatro numa letargia crônica, alimentando a vã esperança que um dia aconteça o milagre da transformação.

Agora surge um reforço engrossando o cordão dos criminosos. Os jornais televisivos denunciam várias esposas de prefeitos municipais envolvidas em crimes contra o patrimônio público. Algumas delas ostentam longas fichas criminais sendo o mais comum o desvio de recursos da merenda escolar para custeio de suas despesas particulares e gêneros de interesse não republicano como uísque e ração para animais.

As notícias divulgadas na imprensa já não causam mais indignação. Está institucionalizada a corrupção.

A regra geral é ser corrupto a exceção é não ser, ainda.

domingo, 27 de novembro de 2011

Adeus poesia.

Reencontro Areia Vermelha após alguns anos de um jejum involuntário. Experimentei uma desditosa surpresa. O que deveria constituir um deleitamento transformou-se num desencanto.


Cadê aquele glamour tropical? Cadê aquele papo descontraído nas rodinhas de amigos que se formavam na ilha provisória? Cadê aquela aquarela adornada pelas velas coloridas dos day sailers, dos hobie cats e dos catamarãs?

Hoje o cenário é sombrio pra não dizer patético. Um amontoado de máquinas. Um desfile de possantes motores de popa numa disputa compulsiva de status onde os pontos são aferidos pelos Hp’s dos motores e pelos celulares a prova d’água.

Adeus poesia.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Carajas & Tapajos

Quase cinco milhões de eleitores paraenses estão sendo convocados num plebiscito que será realizado no dia 11 de dezembro próximo, optando se querem ou não a criação de dois Estados, Tapajós e Carajás que serão desmembrados do Pará.

Existem dois projetos separatistas em curso, O primeiro criando o Estado de Carajás já foi aprovado pela Câmara dos Deputados em maio do corrente ano e o segundo criando o Estado de Tapajós prescinde da aprovação do Senado Federal. Uma vez aprovados o Estado do Pará ficará reduzido a apenas 17% de seu atual território, caso a resposta dos eleitores seja afirmativa.

Apesar de idade avançada não sou refratário às mudanças.

Pelo contrário estimulo e pactuo com qualquer inovação objetivando a melhoria de qualquer coisa.

Entretanto esta pretendida divisão do Estado do Pará não me parece uma ideia salutar e me coloco radicalmente contra tal medida.

Já dizia o notável conterrâneo José Américo de Almeida que o paralelo é uma das melhores formas de julgamento.

No caso não há necessidade de se estabelecer um paralelismo para análise das consequências que advirão com a pretendida fragmentação político-administrativa, pois um único dado põe em cheque todos argumentos favoráveis.

Limito-me apenas a esta constatação:

A criação de Carajás e Tapajós representará uma perda orçamentária anual para a União de dois bilhões de Reais, enquanto a divisão territorial permitirá ampliação das representações legislativas (Deputados e Senadores) resultando apenas na ampliação do universo de atores que irão conjugar o verbo furtar em todos os tempos, presente, passado, futuro e gerúndio.

Portanto caso eu fosse paraense votaria contra nesse inditoso plebiscito.

sábado, 12 de novembro de 2011

O que sei de LULA

Li com incontido interesse o livro “O que sei de Lula” escrito pelo conterrâneo José Nêumanne Pinto, jornalista, poeta e escritor, imortal da Academia Paraibana de Letras.

O livro é uma aula de história e como disse Alexandre Garcia “é nitroglicerina pura”.

O autor descortina, sem tirar nem por, todo iceberg de lama caracterizado pela cúpula do PT.

Denuncia com veemência e riqueza de detalhes as peripécias, os malogros, os conluios engendrados nos bastidores do poder, e os caminhos percorridos pelo sindicalista Lula até sua ascensão ao mais alto posto da república.

Fiel aos registros históricos e à sua privilegiada memória descreve importantes episódios narrando os métodos pouco recomendáveis que promoveram o crescimento do “partido dos trabalhadores”.

Mostra em verdadeira grandeza um LULA não televisivo, um LULA sem maquiagem, despojado e ambicioso, sem deixar de reconhecer nele um ente de extrema habilidade política, um receptáculos de contradições por exemplo, quando apontou, numa entrevista à revista Playboy, Mahatma Gandhi, um pacifista e Adolf Hitler um beligerante, entre as figuras que ele admira.

Um líder sindical com origens interioranas e criado no ABC paulista estigmatizado pelas contradições que marcaram sua vida e os caminhos tortuosos e cheios de lama por ele percorridos no poder. Useiro e vezeiro em argumentos dúbios de sair de cena fingindo ignorância quando acossado.

Conta-nos o conterrâneo NÊUMANNE que o personagem biografado não media distância em tripudiar e escantear um companheiro desde que esta atitude servisse aos seus propósitos dando ora uma no cravo outra na ferradura.

Fico a imaginar como pode um líder conviver com tantas falcatruas, ser conivente e cumplice de tantos ilícitos penais e deles tirar proveito e manter-se incólume ostentando altos índices de popularidade por tanto tempo.

Que será que o blindou e o tornou imune aos escândalos perpetrados por seus assessores e colaboradores diretos.

Resulta da leitura da obra que “nunca na história deste País” o vício alinhou-se tão bem à virtude e tomou sua forma como no “reinado” LULA.

NOTA; Ouso questionar uma informação inserida na obra de que a construção de Brasília foi o vetor que “quebrou” a previdência social. Com todo respeito, no meu julgamento, quem quebrou a Previdência Social foram atos de volúpia administrativa praticados por agentes públicos perdulários concedendo benefícios a pessoas que nunca contribuíram com um centavo para a previdência. (Leia-se FUNRURAL- um programa de assistência aos trabalhadores rurais).

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

DO FUNDO DO BAU VIII

O OVNI DE SANTO ANDRÉ.


Não tenho opinião formada sobre a vida após a morte, entretanto me incluo na legião de pessoas que acredita na existência de seres extraterrestres e vida inteligente noutros planetas.

Os sinais e provas documentais são incontáveis. Tenho um desejo, como se fosse uma obsessão, de que me ocorresse um contato com um ser extraterrestre.

Certa vez em companhia do então deputado Pedro Paschoal, tio da minha mulher e a quem eu prestava serviços de assessoria técnica, saímos de Juazeirinho com destino ao município de Santo André para um contato relacionado com a construção de uma escola ou outro prédio público.

No trajeto, eis que de repente, surgiu no céu bem à nossa frente, um globo de brilho incandescente que se movimentava com uma velocidade impressionante.

- Pedro pare um pouco, vamos descer para ver melhor.

- Rapaz toda vida quis ter um contato com um ser extraterrestre e pode ser que seja agora.

- Você tá doido, vamos embora.

O objeto continuou sua trajetória e pouco a pouco desapareceu.

Dia seguinte os jornais davam conta que tratar-se de experiências realizadas com sondas meteorológicas lançadas na base aérea, em Natal.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

DO FUNDO DO BAU VII

COINCIDÊNCIA OU EXPERIÊNCIA DO ALÉM


O Sr. Adauto Toledo, amigo do meu pai, sendo Diretor do Departamento de Águas Rurais do Estado da Paraíba convidou-me para ser o Diretor Técnico daquele órgão. Ali estreitei amizade com uma profissional da engenharia da maior competência, o engenheiro Alkmar de Castro Coutinho a quem a gradeço pelos meus primeiros paços na profissão.

O Governo do Estado havia contratado a perfuração de diversos poços tubulares na região da Borborema com a Cia. T. Janer. Efetuei uma peregrinação, numa Rural Willys, em companhia do motorista Gonzaga para efetuar a fiscalização dos poços contratados objetivando o pagamento dos serviços. A viagem durou mais de uma semana visitando inóspitos e recônditos lugares, caminhando por trilhas e driblando as urtigas macambiras. Último dia procurando localizar o caminho de volta observei que estávamos num círculo vicioso trafegando a esmo. O sol havia se posto já era início da noite.

Notei que havíamos passado duas vezes pelo mesmo casarão de alvenaria sem reboco com as janelas e portas tamponadas com tijolos superpostos sem argamassa. No terreiro desse edifício, na segunda volta, encontramos duas senhoras idosas, de pele branca, cabelos brancos compridos soltos, e muito simpáticas, trajando vestidos cinza longos, uma delas cega. As duas se pareciam muito, como se fossem gêmeas. Paramos a Rural e as abordamos em busca de informações como chegar à rodovia para Campina Grande.

Muito solícitas nos orientaram como prosseguir.

Alguns minutos depois nos deparamos com uma pequena choupana numa bifurcação. A casa estava fechada. Batemos à porta e fomos atendidos por um senhor. Indagamos que direção tomar e na conversa narramos o encontro que tivemos com as velhinhas. O ruralista demonstrando certa surpresa nos relata:

Vocês passaram por uma casa grande assim, assim com as portas fechadas.

Após nossa confirmação concluiu:

- Aquelas senhoras são irmãs e morreram há mais de um ano não foi Maria?

Olhei pra Gonzaga que mais parecia uma múmia. Agradecemos a informação e fomos embora.

Até hoje não sei se foi uma mera coincidência ou coisas do além.

domingo, 6 de novembro de 2011

DO FUNDO DO BAU VI

CIMENTO POZOLÂNICO


Na década de 70 fiz parte de uma empresa de engenharia a Sama – Sociedade Anônima de Mecanização Agrícola. Ganhamos uma concorrência na Prefeitura Municipal durante a Administração de Dorgival Terceiro Neto (Março de 1971 a Julho de 1974) para execução da pavimentação da Avenida Campos Sales, hoje Argemiro de Figueiredo, no bairro do Bessa, em João Pessoa.

O pavimento foi dimensionado com emprego de uma base solo-cimento.

Na confecção dessa base, em cada estaca (unidade equivalente a 20,0m) distribuíam-se 27 sacos de cimento de 50,0 Kg que era misturado e homogeneizado com auxílio de uma moto niveladora e grades de disco.

A cada 100,00m, uma vez concluída a compactação, efetuava-se um furo para extração de amostra do material para teste da resistência à compressão.

Concluído os primeiros 500 metros os testes realizados indicaram valores não compatíveis com as especificações. Originou-se uma pequena discussão técnica.

A metodologia utilizada foi a usual. O número de passadas dos equipamentos de compactação e a quantidade de cimento foram confirmados pela fiscalização. O que havia de errado? Mesmo assim houve que arrasar 300 metros de base.

Efetuava-se o arrasamento com o escarificar da moto niveladora.

A dureza do material de base era tanta que chagava a quebrar os dentes do escarificador.

O que nos chamou atenção.

Casualmente num contato com Jesuíno, gerente da Cimepar (fabrica de cimento) tomamos conhecimento que por conta de uma crise de combustíveis as fábricas estavam produzindo o cimento Pozolânico e não o Portland comum.

Enquanto o cimento Portland comum requeria 28 dias para a cura o Pozolânico requeria mais tempo talvez 30 ou 35 dias, mas ao final apresentava resistência superior. Ou seja os testes deveriam ser realizados com idade maior da base.

Esta informação salvou a pátria e o prejuízo.

sábado, 5 de novembro de 2011

DO FUNDO DO BAU V

AS FRENTES DE EMERGÊNCIA E O AVIÃO DO GOVERNADOR


Recebi instruções para dirigir-me a Princesa Isabel averiguar ameaças de invasão pelos ruralistas.

Logo que cheguei percebi a aproximação de grupos vindos de várias partes da cidade os comerciantes locais começaram a cerrar as portas de seus estabelecimentos.

Corro para uma coletoria estadual onde havia uma estação de rádio SSB único meio de comunicação disponível.

Tento contato com o DER para descrever a situação e solicitar autorização para abertura de mais uma frente de emergência.

Nesse ínterim uma voz interrompe minha chamada.

-Papa tango eco eco Charlie, procedente de João Pessoa, tem preferência na faixa.

Era o avião do Governador para avisar de sua chegada. Pressionado pela situação de emergência em que me encontrava, respondi:

- Preferência porra nenhuma. Preferência tenho eu que estou aqui num sufoco, tentando arrego, vendo a cidade ser invadida.

Meses depois o Governador faz uma visita às frentes de emergência e num almoço em Itaporanga chama o Engº Guilherme Vilar e pergunta:

Guilherme quero falar com o engenheiro responsável pelos serviços aqui em Itaporanga.

Dr. Guilherme me apresenta ao Governador.

O Governador mandou-me sentar e massageando um sinal cutâneo, gesto que lhe era peculiar, com voz pausada me interpelou:

- Engenheiro esse serviço de rádio amador é uma coisa muito boa para facilitar a comunicação, não é verdade?. Mas existe um órgão chamado Dentel que normatiza e fiscaliza sua utilização. A primeira coisa que se deve ter em conta ao utilizar esse serviço é usar uma fraseologia educada. Não se deve falar palavrões que no mínimo denota falta de educação.

.Acho que o Senhor sabe a que me refiro.

A cada frase eu afundava na cadeira desconcertado sem saber para onde olhar.

No final admiti que sabia do que se tratava e garanti que o ocorrido não mais se repetiria e nada mais sendo dito me retirei.

Já na porta ao sair do local do encontro ouvi a voz do governador a mim dirigida num tom pra que todos escutassem:

- Engenheiro!

- Quero que saiba que se eu estivesse no seu lugar naquela ocasião teria agido da mesma maneira. Pra mim soou como um elogio.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

DO FUNDO DO BAU IV

AS FRENTES DE EMERGÊNCIA E FREI DAMIÃO


A logística dos programas de emergência de assistência aos necessitados atingidos pelas estiagens funcionava assim:

Ruralistas premidos pela necessidade e pela fome dirigiam-se em bandos às cidades circunvizinhas em busca de comida, conduzindo apenas suas ferramentas manuais de trabalho, foices, enxadas, etc.

Uma vez detectada uma dessas ocorrências havia a intervenção do governo com um programa de assistência patrocinado pela SUDENE – Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste.

O executor era o Governo Estadual através do Departamento de Estrada de Rodagem.

Os homens eram recrutados para trabalharem em serviços de recuperação das rodovias estaduais. Depois de alistados eram agrupandos em pequenos grupos de14 pessoas. Um deles era designado como feitor outro para a preparação das refeições, outro para o provimento de água e os onze restantes ocupavam-se de tarefas de tapa buracos e capinagem nas rodovias estaduais onde se encontravam. Os grupos assim formados eram distribuídos a cada quilômetro ao longo das vias.

Para cada grupo distribuía-se um tambor de 200 litros para depósito de água, carrinhos de mão, pás, picaretas, enxadas e ancinhos.

Um caminhão pipa diariamente provia o suprimento de água que era depositada nos tambores.

Pagava-se semanalmente Cr$70 cruzeiros a cada grupo cabendo cinco cruzeiros a cada pessoa, o equivalente aproximadamente a 1 dólar por pessoa por semana, mais uma cesta básica composta de feijão, carne de charque, bolachas, arroz, sal, café, açúcar e farinha, batata doce e rapadura.

Os víveres chegavam em caminhões para serem distribuídos entre os “flagelados”.

Na década de 70 fui contratado pelo DER-PB para trabalhar numa dessas frentes de emergência. O Governador do Estado era o Dr. João Agripino Filho.

O Eng.º Guilherme Dantas Vilar efetuava a coordenação Geral do programa e a sub coordenação ficava a cargo do Eng° Valdênio Dervile Araruna.

Fui destacado para a região polarizada por Itaporanga onde se localizava a base das operações envolvendo ainda os municípios de Monte Horebe, Conceição, Diamante e Bonito de Santa Fé. Ao todo atendíamos a um contingente de aproximadamente 8.000 pessoas atingidas pelo flagelo das secas.

Uma de minhas funções era o gerenciamento dos grupos distribuindo-lhes as tarefas e providenciando o pagamento semanal.

Certo dia estávamos, eu e Valdênio, em Bonito de Santa Fé.

Comentava-se que aquela cidade estava sendo “invadida” pelos ruralistas. Dirigimo-nos a uma casa que havia sido alugada pelo DER para depósito de gêneros.

Pelas frestas de uma janela pudemos ver que grupos de pessoas se dirigiam justamente para casa onde estávamos à procura de alimento. Eram dez, de repente trinta e logo formou-se pequena multidão. Cerramos todas as portas com tramelas. As pessoas insistiam em entrar e batiam na porta com os cabos de suas ferramentas. Do lado de dentro apavorados informávamos que na casa não existia comida ainda. De nada adiantava. O clamor aumentava e o medo também. Tentamos fugir pelos fundos o que não foi possível em virtude de haver um abismo ao final do muro.

Foi quando aconteceu então a intervenção de um religioso, Frei Fernando, um frade capuchinho que acompanhava Frei Damião nas suas memoráveis missões e na oportunidade ali se encontrava.

Frei Fernando infiltrou-se na turba esfomeada apaziguando-a. Com os braços levantados, com voz firme falou:

- Todos me conhecem, tenham calma, estou com Frei Damião e vou entrar nessa casa e verificar se é verdade o que os funcionários do governo estão dizendo.

Abrimos a porta cuidadosamente, o frade entrou e tudo terminou bem.

Por pouco não fomos assediados.

Fomos salvos pelo gongo ou graças a Frei Damião de Bozzano que por acaso ali se encontrava.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

DO FUNDO DO BAU III

SEMEADURA DE GRAMA NOS TALUDES


Esta narrativa suplementa a postagem de ontem enfocando os serviços de pavimentação da BR 343, no Piaui.


Na mesma obra especificou-se a semeadura de uma gramínea para proteção dos taludes de corte. Um determinado corte de composição geológica com pedregulhos por mais que fosse irrigada a grama não pegava.

O fiscal insistia que a grama não pegava em razão da empreiteira não irriga-la com a frequência e quantidade suficientes. Certo dia íamos os dois no mesmo carro quando subitamente o fiscal me pede para parar e me convida para descer enquanto apontava para um corte de material rochoso.

- Ta vendo ali, você tá querendo me descontrolar e me fazer de bobo. Plantou a grama nesse corte de rocha pra justificar que ela não pega porque o terreno não ajuda.

- Colega olhe direitinho e raciocine pelo menos uma vez.

De fato o corte não estava concluído. Não era plantio de grama. Eram pequenos tapumes de capim que se colocou para proteção dos furos na rocha para colocação de dinamite, evitando sua obstrução ou saturação no caso de chuvas.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

DO FUNDO DO BAU II

BUEIRO BR 343


Na década de 80 me transporto para o Piauí, a serviço da Construtora Irmãos Cabral, para execução dos serviços de pavimentação de um trecho da BR 343 entre as cidades de Amarante e Floriano.

Os serviços de implantação básica haviam sido iniciados há mais de um ano e um bueiro duplo tubular de aproximadamente 20,00m de comprimento fora concluído e medido, porém o contratante (DNER, hoje DNIT) não efetuou o pagamento em razão de um questionamento levantado pela Consultora contratada para fiscalização dos serviços (SONDOTÉCNICA).

Alegava o Eng.º Fiscal que o resultado do ensaio realizado para verificação da resistência à compressão do concreto utilizado no berço do referido bueiro não estava dentro dos limites estabelecidos nas especificações.

A recomposição do bueiro implicava também o arrasamento e reconstrução de um aterro de aproximadamente oito metros de altura.

O problema vinha sendo protelado há quase um ano.

Quando assumi a direção da obra a construtora já havia se dado por vencida e assimilado a ideia de arrasar o aterro e o bueiro para sua devida reconstrução.

Alguns indícios favoreciam a dúvida de reconstruir ou não.

Só foi realizado um teste de resistência, nenhuma contra prova. Os valores encontrados pouco ou quase nada diferiam da especificação.

Passado todo esse tempo a obra não indicava o menor vestígio irregularidade.

O aterro permanecia estável e o bueiro uma linha perfeita em toda sua extensão.

Mesmo diante desses atenuantes, orientação da consultoria era de que a obra d’arte tinha que ser refeita quando sua aceitação fosse mais uma a questão de bom senso.

Foi quando conseguimos convencer o fiscal para que efetuássemos uma última tentativa realizando um teste de resistência à compressão com um deflectômetro de impacto tomado por empréstimo na Unifor (Universidade de Fortaleza)

O teste foi realizado, constatou-se a integridade da obra e os serviços foram aceitos e pagos.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

DO FUNDO DO BAU

Registro a partir de hoje fatos ocorridos ao longo dos anos, no exercício da profissão, e guardados na memória por sua singularidade ou senso de humor.

Muitas vezes o engenheiro se depara com situações embaraçosas que desafiam a perspicácia e exigem um pouco de criatividade na sua solução.

Às vezes a singularidade do fato envolve um sentido curioso ou inusitado, outras vezes se caracterizam por tiradas bem humoradas que enriquecem o anedotário.

Aqui serão narrados fragmentos da história por mim vivenciados no exercício da profissão.

GUNÇAR

Recém-formado fui contratado pelo DNOCS- Departamento Nacional de Obras Contra as Secas para gerenciar a implantação de um projeto de irrigação no açude público Sumé, no Estado da Paraíba. Certo dia precisei contratar um prestador de serviço para a confecção de uma cerca numa área do projeto.

O Sr. Ramiro, chefe do escritório local, me apresenta um senhor simpático, bem apresentado e bem afeiçoado chamado Mariano Japiassu, conhecido na cidade como Pissu.

Logo após as apresentações de praxe iniciamos a negociação e questionei o preço pretendido para os serviços.

O Sr. Pissu argumentou que não podia ser mais em conta, pois o serviço envolvia várias ações, e declinava:

- Tenho que cavar a cova, colocar as estacas, esticar os arames, grampear e gunçar.

Fiquei intrigado sem entender o significado daquele termo “gunçar”. Mas não quis dar o braço a torcer para não passar a ideia de desentendido.

Ao final, concluída a contratação dos serviços e estando a sós com o Sr. Ramiro, indaguei:

-Ramiro que é que é gunçar?

- É afinar a ponta da estaca para evitar que o acúmulo de água quando chover não apodreça a madeira.

- Ah! Entendi. Aguçar.

domingo, 30 de outubro de 2011

Desperdício na construção civil

Nos quatro quadrantes do Planeta a Indústria da Construção Civil caracteriza-se como uma das atividades econômicas que mais contribui para a geração de empregos e composição do PIB com índices que variam de 3 a 5% nos países em desenvolvimento e 5 a 10% nos países desenvolvidos. No Brasil, segundo Macedo-Soares (1996, p.1) estima-se que alcance a marca de 7%.

Em que pese a importância dessa atividade para o desenvolvimento da economia e apesar de convivermos na Era da Informação, da robótica e das sofisticadas tecnologias, este setor apresenta dados desanimadores no tocante ao desperdício quer de materiais ou homens/hora (produtividade).

Levantamento realizado em 69 canteiros pela UFMG e outras 15 universidades brasileiras em 12 estados, confirma que os níveis de desperdício na construção civil continuam atingindo níveis preocupantes. Por exemplo, materiais como argamassa chega a apresentar 90% de perda. Entenda-se como desperdício não apenas o material refugado no canteiro, mas também toda e qualquer perda durante o processo. Portanto, qualquer utilização de recursos além do necessário à produção de determinado produto é caracterizada como desperdício.

De uma maneira geral os desperdícios atingem a percentagem da ordem de 20 a 30%. Trocando em miúdos em cada 100 prédios construídos se perde 30 prédios. Isto tem um significado importante no custo das obras e por via de consequência reflete-se no custo Brasil.

Identificam-se como fatores determinantes desse desempenho o desenvolvimento insuficiente de novas tecnologias, a baixa qualificação profissional e a falta de planejamento.

O engenheiro brasileiro planeja pouco resultando que o trabalho acaba sendo marcado pela improvisação.

Segundo Roberto Andrade, da Empa S.A, nos países desenvolvidos os engenheiros gastam seis meses na elaboração de um projeto cuja construção pode durar apenas 30 dias. No Brasil é exatamente o contrário.

Aqui os empresários do setor via de regra interessam-se mais por preços módicos que pela qualidade dos materiais.

Quanto à produtividade brasileira equivale a 32% da americana. Segundo Picchi a produtividade no Brasil é menor que um quinto da produtividade dos países industrializados.

Dados da empresa de consultoria McKinsey, essa baixa produtividade se deve à deficiência de planejamento e de gerenciamento de projetos, instabilidade macroeconômica, falta de mecanismos de financiamento de longo prazo e ausência de prestadores de serviços organizados, desenvolvimento insuficiente da indústria de materiais pré-fabricados e o baixo grau de automação.

No mundo atual cada empresário há que tomar consciência do papel social e ecológico de sua empresa. Por outro lado as empresas da construção civil precisam absorver a ideia que existe uma relação entre a produtividade e a qualidade de vida dos trabalhadores. Não se pode esperar qualidade e produtividade, por exemplo, de quem constrói moradias e não possui a sua, como o pedreiro Waldemar da canção de Wilson Batista:

Voce conhece o pedreiro Waldemar?

Não conhece?

Mas eu vou lhe apresentar

De madrugada toma o trem da Circular

Faz tanta casa e não tem casa pra morar

Leva marmita embrulhada no jornal

Se tem almoço, nem sempre tem jantar

O Waldemar que é mestre no oficio

Constrói um edifício

E depois não pode entrar



Como esperar qualidade no trabalho de pessoas que não têm perspectivas de melhoria na sua qualidade de vida?

Para que a mudança aconteça é preciso a adesão incondicional do empresário com novo foco comportamental.

Os programas de Gestão da Qualidade Total, que envolvem vários agentes internos e externos à organização, evidenciam-se como um instrumento eficaz na promoção da competitividade das empresas, agindo diretamente na produtividade (inovação tecnológica, qualificação do trabalhador e desperdício) com o contínuo aperfeiçoamento dos processos e produtos.

A engenharia civil, devido a interferência que promove na sociedade, precisa mais que nunca repensar os rumos que vem seguindo.

As empresas de construção civil precisam, mais do que nunca, repensar seu papel e o significado de sua produção para a sociedade e para a natureza.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

NOVO PACTO

Os atos de corrupção e improbidade administrativa na administração pública a cada dia se tornam mais frequentes.

Toda sociedade brasileira está indignada e saturada com as notícias divulgadas pela imprensa denunciando os grandes esquemas de corrução praticados por gestores públicos e luminares da república.

Nos últimos dez meses houve a troca de quinze ministros acusados de corrução, nove no governo Lula e até agora seis no governo Dilma.

O mais assustador é que não se vislumbra uma perspectiva de que esta avalanche de ilícitos tenha fim ainda que sobre legislação para identificar e punir os criminosos.

Uma virtual solução seria a intervenção divina com reedição do que aconteceu em Sodoma e Gomorra, como apregoam os registros bíblicos, quando estas cidades sucumbiram pelo fogo provocado pela ira de Deus contra os atos imorais de seus habitantes e ai recomeçar do zero.

Como esta hipótese é praticamente inexequível ou impossível sugere-se a adoção de medidas saneadoras radicais com estabelecimento de novo pacto social e uma nova modelagem político-administrativa.

Simplesmente com um só ato plebiscitário extinguem-se todas as casas legislativas: Senado e Câmaras.

Os Poderes Executivo e Judiciário seriam reformados integralmente dando lugar a um novo arranjo. Não existiriam ministérios nem secretarias.

Para todas as atividades e gerenciamento de todas as funções existiria um Conselho de Notáveis (não remunerado) que tomava as decisões e autorizava execução de ações executivas.

Existiria um Chanceler eleito pelo povo apenas para representar o País diplomaticamente.

O Tesouro Nacional seria gerenciado por um triunvirato que assumiria as funções de arrecadação de impostos e pagamento de todas as contas públicas.

As demarcações geográficas com os limites territoriais existiriam apenas nos mapas. Para efeito de distribuição da riqueza tudo seria uma aldeia global.

Cada unidade federativa teria uma gestão compartilhada formada por Conselhos com autoridade mediadora e consultiva responsáveis por todas as funções urbanas, culturais, abastecimento, segurança, educação e saúde.

Certamente haveria uma margem menor para a ocorrência de atos de improbidade e por outro lado o custo Brasil seria enormemente reduzido sobrando larga margem de recursos para investimentos públicos.
Compre esta ideia.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Cássio & Wilson

Esta semana Cássio e Wilson são a bola da vez.

Após 10 meses de um mandato que lhe foi subtraído e para o qual foi eleito pelo sufrágio de mais de um milhão de paraibanos o Senador Cassio finalmente conclui um processo onde amargou mais uma penúria nessa via-crúcis política.

Foi diplomado ontem (26) pelo TER e deverá tomar posse hoje ou mais tardar amanhã, em Brasília.

Cássio teve seu posto questionado em mais de um mandato, primeiro como Governador e agora como Senador.

Líder predestinado e carismático experimentou o doce e o amargo da política e na adversidade robusteceu sua estrutura para enfrentar a mesquinhez de uns e a miopia de outros.

Foi vítima de campanhas sórdidas e implacáveis e do acirramento político.

Agora um entra e outro sai.

A assessoria jurídica do ex-senador Wilson Santiago (o que foi sem nunca ter sido) ensaia um recurso no TSE contra a diplomação de Cássio.

Desespero jurídico ou “jus esperniandi”?

É preciso que se tenha em conta o que foi comentado pelo próprio Cássio: “No Senado só tem espaço para quem foi eleito”.

Para um sobrou para outro faltou votos é o que aconteceu.

Por tudo isso merece nosso respeito e admiração.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Dog Street (O Sombra)

Um mestiço de procedência não sabida, meio pastor alemão, meio labrador, raça indefinida, um cão sem dono, um dog streeet.
Alguém lhe pôs o nome de Sombra.
Sorrateiramente foi chegando e aqui fez sua morada.
Demarcou seu território e pousava de patrão na frente do prédio.
O veterinário Robson impressionado com a personalidade do animal colheu amostra de seu sangue e pôs-lhe uma coleira.
Vivia errante desfrutando uma liberdade permitida, porém quer faça chuva quer faça sol sempre retornava ao portal do prédio.
De pouca conversa sem ser agressivo. Se alguém tentasse uma aproximação ele disfarçava e saia adiante. Só uma moradora do prédio e exclusivamente ela conseguia sua intimidade com quem permitia uma caminhada diariamente.
Todos na vizinhança logo dele se afeiçoaram e sua presença integrou-se à paisagem urbana.
Muitos traziam-lhe comida que ele a priori desdenhava e se repastava quando sabia estar só.
Sexta feira 28 Sombra morreu atropelado quando contávamos aproximadamente seis meses de convívio diuturno.
Senti sua falta como se fora um amigo íntimo.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Tsunami financeiro

Os bancos suíços são mundialmente procurados para guarda das grandes fortunas de origem duvidosa.

O encanto deve-se ao fato das leis suíças proibirem que os banqueiros divulguem a existência da sua conta ou dê quaisquer outras informações a esse respeito sem o consentimento dos titulares com exceção de determinadas circunstâncias.

Esta confidencialidade é institucionalizada no artigo 47 da Lei Federal de bancos e caixas econômicas, (Federal Law on Banks and Savings Banks), que entrou em vigor em 8 de novembro de 1934.

Esta lei garante que o sigilo bancário de um cliente seja inviolável considerado sagrado sob pena de pesadas sanções impostas aos bancos ou funcionários bancários que violarem a confiança de um cliente. Mesmo os titulares da conta corrente são abrangidos por este dispositivo legal de privacidade e confidencialidade.

Esta prática remonta ha mais de 300 anos.

Se um banqueiro divulgar informações sobre uma conta bancária sem permissão, ele irá sofrer um processo imediato por parte de um promotor público suíço. Os banqueiros enfrentam até seis meses de prisão e uma multa de até 50 mil francos suíços.

As únicas exceções à regra de privacidade dos serviços bancários na Suíça são atividades criminosas, como tráfico de drogas, uso indevido de informações privilegiadas ou crime organizado.

Outro parâmetro catalisador da preferência dos grandes investidores por bancos suíços prende-se ao fato de que há anos, a Suíça possui uma economia e uma infra-estrutura extremamente estáveis e não entra em guerra com nenhum outro país desde 1505.

Entretanto esse “céu de brigadeiro” na economia helvética está sob ameaça.

O Sistema bancário Suiço corre sérios riscos de uma débâcle.

São as fortes pressões que os países europeus e principalmente os EE.UU estão exercendo no sentido quebra do sigilo bancário.

Itália, por exemplo, ofereceu uma anistia fiscal aos cidadãos italianos que retirarem as suas contas bancárias na Suíça e depositarem em seu próprio país, resultando em cerca de US $ 35.000 milhões serem transferidos da Suíça e uma perda estimada de US $ 350 milhões em receita para o setor bancário privado suíço.

Recentemente o Presidente Barack Obama avalizou uma estratégia pressionando e conseguindo que um dos maiores bancos suíços (USB AG – Union Bank of Sswitzerland) divulgasse dados financeiros de algumas centenas de aplicadores americanos.Agora já se propugna para quebra do sigilo de 2.500 aplicadores americanos.

É o início da hecatombe financeira.

Quem viver verá.

sábado, 8 de outubro de 2011

Capitalismo capitulando.

Notícias preocupantes nos jornais do dia.
Capitalismo ameaçado. Autofagia com seu próprio veneno: o vil metal.
A maior lavanderia de dinheiro do mundo ameaçada. Os poderosos bancos suiços estremecem diante das pressões mundiais (leia-se EE.UU) pela extinção do sigilo bancário. Esse dogma tão reclamado pelos empresários e investidores que enriqueceram ilicitamente e escondem suas fortunas nos mealheiros suiços. A queda do sigilo bancário nas Suiça será a bancarrota, será uma catástrofe econômica.
Leio também que o sistema bancário europeu enfrenta um risco sistêmico de falência e precisa, urgentemente, de recapitalização, segundo   o Sr. Jean Pierre Jouyet, Presidente da Autoridade dos Mercados Financeiros (AMF), da França apesar dos desmentidos de Presidentes e Primeiro Ministros da Europa.
Inegavelmente há uma ameaça  patente de forte recessão sobre a economia mundial.
Uma multidão estimada em 30 mil manifestantes invade as ruas de Wall Street exibindo cartazes clamando por emprego e justiça social.
Uma bola de neve.
Quem sair por último apague a luz.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Curiosidades Forenses

O jornalista Luis Torres divulgou no programa REDE VERDADE que o Ministro JOAQUIM BARBOSA tinha para análise e julgamento nada mais nada menos que 12.000 processos.


Façamos um pequeno exercício numerológico sobre esses dados.

O ano, no calendário gregoriano, tem 52 semanas, conseqüentemente 104 sábados e domingos. Considerando os dias santos e feriados nacionais esse número se amplia para 115 dias.

Por sua vez os Juízes gozam de 32 dias de recesso mais 60 dias de férias forenses o que totaliza 207 dias não trabalhados por ano resultando apenas 158 dias úteis por ano.

Assumindo a hipótese que sua Excelência leia e julgue 1 processo por dia, o que é absolutamente improvável, ter-se-á:

12.000 dividido por 158 = 76 anos.

Isto seria o tempo necessário para o Ministro julgar todos os processos admitindo-se que não lhe sejam mais distribuídos nenhum outro.
Agora durma tranquilo.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Cabaré ou sanatório geral.

O crack Carlos Roberto de Oliveira não o Roberto Dinamite, mas o da comunicação, o amigo e conterrâneo, ex-secretário de comunicação da Paraíba, escreveu com muita propriedade um belíssimo artigo comparando as instituições republicanas a um cabaré.
Julguei a comparação uma afronta aos cabarés e enviei-lhe a carta a seguir:

Caro amigo Carlos Roberto


Estava eu nesta quinta feira na sala de espera da Concessionária Renault aqui em JAMPA, quando tive a felicidade folhear uma revista e encontrar um artigo de sua lavra com o título “Sanatório geral ou cabaré, à escolha”

Li com muita atenção e redobrado interesse abordando com muita propriedade e inteligência um fenômeno atual do cotidiano brasileiro que temos vivenciado em nossas instituições políticas.

Neste momento minha intenção além da satisfação em comunicar-me com uma das mais brilhantes cabeças da comunicação é também, com sua permissão, fazer um pequeno comentário a guisa de reparação de um equivoco, no meu julgamento, inserido no cerne de seu artigo.

Amigo Carlos Roberto: julgo que comparar os poderes (apodrecidos) da República com um cabaré é uma afronta desmedida à instituição cabaré.

Todos nós sabemos que nos cabarés o jogo é perfeitamente definido. Já se sabe com antecedência e sem surpresas o que se vai encontrar ali. A licenciosidade e os prazeres da carne.

Não há subterfúgio nem enganação. Você entra paga e goza.

Não é o que ocorre em nossas instituições republicanas. Estas vendem uma fachada, uma imagem de defesa da representação democrática e escondem os trapos de uma catedral de sinecura, de nepotismo, de negociatas, de mensalão e de tráfico de influência das sanguessugas do poder.

Vergonha, traição, mentiras, engodo, prevaricação, corrupção, roubo, propina, cartel, quadrilha, falsidade, lama, cobiça, é o que se constata nodoando atualmente a Pátria desnuda e ultrajada.

O Congresso Nacional sangra numa UTI, ferido fulminantemente pela vergonhosa ação de seus membros corruptos e corruptores.

O Poder republicano fragilizado, ultimando-se e agonizante, refugia-se nos delírios pueris de seus arautos.

O Governo é a síntese do caos e a metáfora do rabo preso.

Os mais altos escalões republicanos vivem mergulhados num lamaçal, numa convivência promiscua com delinqüentes, meretrizes, gangsteres, traficantes, são as pústulas da nação.

Por isso meu caro amigo façamos uma ressalva aos cabarés. Quando muito vamos aceitar o sanatório geral.

Com os meus mais sinceros votos de apreço e admiração
Maurício Montenegro

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Bandidagem & Educação

Escute os noticiários radiofônicos, leia os jornais, as revistas, veja os programas televisivos, qualquer que seja o meio de comunicação a notícia preponderante é aquela relacionada com a violência urbana e os atos de corrupção.


A cada dia cresce o rol dos registros policiais envolvendo crimes contra a pessoa e contra o patrimônio público.

A bandidagem aumenta em progressão geométrica aperfeiçoando seu “modus operandi” e fortalecendo continuamente o poder paralelo.

É realmente preocupante o ambiente de convivência, na atualidade, em qualquer esfera social. Crimes hediondos de toda sorte são perpetrados impunemente e acontecem com tanta freqüência que já não causam mais espécie nem indignação.

O senso crítico coletivo cansou com a inversão de valores e o êxito alcançado pelas nulidades.

Os predicados e atributos de moralidade e ética foram substituídos pela “Lei de Gerson” aquela de levar vantagem em tudo.

O pacto social e as instituições como a família, o casamento estão ameaçados de extinção.

A união marital de homossexuais pode resultar numa queda do crescimento populacional.

Um almanaque surrealista retrata as mazelas sociais recheado de ilícitos cometidos por autoridades, religiosos, militares, profissionais liberais. Não se pode confiar mais em nada nem em ninguém. O cidadão comum é um órfão desprotegido perdido no caos sem ter a quem apelar.

Diante desse cenário as perspectivas de futuro são assustadoras, sobretudo porque não se vislumbra uma saída.

A mudança só será possível acontecer com investimentos maciços na educação.

De nada adianta os rigores das leis nem os aparatos policiais. Tudo se resume numa mudança de atitude e de comportamento. Ou seja, há que se investir nas novas gerações com eficientes programas educacionais para que se consiga alcançar uma sociedade justa, saudável e igualitária.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Sebastião Matias


Hoje faço uma homenagem a um artista plástico que vive no anonimato que apelidei de o artesão do Cariri.

SEBASTIÃO MATIAS



Uma sobrinha de praia desbotada, uma pequena mesa tosca de metal protegendo alguns toros de imburana bruta e seca encimada por diversas esculturas talhadas na madeira compõem o atelier e a moradia de Sebastião Matias.

Ali naquele arremedo de habitação vive com a mulher Maria.



Quem é Sebastião Matias?

Sebastião Matias é um escultor, um autodidata da escultura em madeira.

Filho dos Agricultores Manuel José Cordeiro e Francisca Matias, nasceu no sítio Capim Grosso, no município de Itaporanga, no dia 19 de agosto de 1950.

Escolaridade?

Responde com certo desdém: Nunca freqüentei uma escola.

Sabe apenas assinar o nome, o suficiente para tirar o título de eleitor.

De comportamento nômade morou em várias cidades do Sertão e do Cariri, Patos, Juazeiro de Padre Cícero, Campina Grande, Juazeirinho e agora em João Pessoa.

A primeira infância se passou no sítio onde nasceu e aos 10 anos descobriu que tinha pendores para a arte de talhar a madeira.

É diabético, canhoto e tem uma perna amputada.

Como aconteceu? pergunto com certo receio.

Descuido. Me descuidei e aconteceu, tive que amputar quando eu tinha 54 anos.

Hoje estou com 58 anos sou católico, temente a Deus e espero pouca coisa na vida, pelo menos uma casa para morar.

Sou casado há 20 anos com essa mesma mulher Maria.

Com ela tenho dois filhos, Danilo e Sebastião.

Sebastião (filho) está começando a trabalhar a madeira, leva jeito.



Esse cavalo marinho é dele, o golfinho é dele, o tubarão é dele, essa mãozinha segurando o coração é dele. Aponta as peças expostas sobre a mesa junto com outras de suas produções.

Sebastião (filho) se encanta com os seres vivos e natureza, eu exploro mais as formas curvas dos corpos humanos e imagens do santos. Danilo não quer saber de nada. Está na escola, por enquanto, também tem só 13 anos.

A quem quiser seguir esta profissão eu diria que precisa ter muita perseverança e se conscientizar que não vai trilhar uma estrada de rosas, mas vai encontrar muitos espinhos e experimentar muitas dificuldades.

No fundo no fundo compensa quando vejo a obra concluída e sendo objeto de admiração.

Não tenho pretensão de divulgar nenhuma mensagem em minhas obras nem seguir nem fazer escola, vou esculpindo e improvisando. Não projeto minhas peças, vou entalhando a madeira de acordo com o que ela sugere no seu estado natural e só Deus sabe o que vai ser no final.

Não sei precisar até hoje quantas peças produzi. Sei que foram muitas, milhares.

Sempre uso a imburana que me é fornecida por um amigo de Juazeirinho. Acho melhor de trabalhar.

Em média levo uma semana para talhar uma peça de tamanho médio como esta – aponta uma pequena estatueta de aproximadamente 30 cm de altura e pouca complexidade espacial.

Muitas delas estão no Japão, na Alemanha, na França e em Portugal.

Meus maiores clientes são estrangeiros.

A maior que produzi foi comprada por Burity e está exposta no Mercado de Artesanato, em Tambaú, custou 6.000 cruzeiros.

A segunda peça de maior valor quem comprou foi um Francês que a levou para Paris custou 4.000 cruzeiros.

Não recebi ajuda nenhuma de nenhum governo.

Até hoje não tenho uma casa para morar.

O Governador Cássio tem demonstrado que quer ajudar aos artistas da terra, mas parece que certas pessoas ao seu redor não apresentam a mesma vontade a não ser sua mulher D. Silvia que tem dado muita atenção aos artesãos.

Acho ruim por que ele está recebendo muita pressão do outro que foi governador. Acho que é inveja e não querem que ele trabalhe direito do jeito que ele sabe e cresça como merece.

Gostaria muito de poder um dia conversar com ele (Cássio) e dizer isso e também pra ver se eu consigo uma casinha aqui em João Pessoa, ali no Renascer, quem sabe??!!

Sebastião protagoniza a história de muitos artesãos paraibanos que esbanjam talento, mas vivem no anonimato a espera de uma oportunidade.

(Este material foi coletado por Maurício Montenegro no dia 25 de Novembro de 2007 e está sendo reproduzido com autorização do entrevistado).











quarta-feira, 16 de março de 2011

Ociosidade

Às vezes tenho vontade de escrever um livro, não por satisfação pessoal ou uma manifestação do inconsciente, mas por necessidade de preencher o tempo. Criar um mecanismo de defesa contra o lado nefasto da ociosidade.


Não ter o que fazer é uma das piores coisas do mundo e ter criatividade para preencher os minutos de cada hora é um desafio que muitos não conseguem e se entregam a um “laisser faire” como diria Sarkozy , ou “Dolce far niente” falando como Berlusconi.

A ociosidade é um caminho curto com endereço certo para o desequilíbrio emocional e para a loucura.

Daí escrevo o que me vem à tona, mesmo sem nexo. Sei que parece uma coisa meio idiota quando visto por quem ainda não identificou o problema. A questão da comunicação, de se ter o que fazer, de sentir-se útil. Quando esgotarem-se todas alternativas de ocupação eleja uma futilidade como seu campo de ação.

Lembra daquele filme com Tom Hanks que passou dias e dias como náufrago numa ilha deserta? Lembram-se qual foi sua saída para o isolamento? Foi aquela bola de vôlei que ele nomeou como Wilson. Conversava com ela horas e horas como se fosse um ente vivo. Era sua válvula de escape para sanear a mente e equilibrar seu cosmos.

Muito interessante seria como pensou o fabuloso e genial Chaplin numa hipótese traduzida no cinema na película “O curioso caso de Benjamin Button”. Sua existência teria começo no fim da terceira idade e daí em diante você iria remoçando ano a ano até tudo acabar num grande orgasmo.

domingo, 13 de março de 2011

Praia Bela



Ontem, juntamente com o amigo Anibal, passei o dia em Praia Bela, no litoral Sul, logo após Tambaba.
O lugar é belíssimo, realmente paradisíaco. Fica aproximadamente a uns trinta minutos de João Pessoa.
Muitas barraquinhas oferecendo frutos do mar e bebidas geladas com preços acessíveis e serviço elogiável.Tendas para guarda dos veículos.
Passeio de canoa e caiaque (R$5,00 por 30 minutos)
Vale a pena conferir.

Ode ao numeral

Hoje acordei e ainda meio sonolento escrevi esta
brincadeirinha para seu deleite.

6,7 e 8.
O seis é de Satanás

O sete de mentiroso

Nessa conta digo mais

Prá não ficar duvidoso

O oito que vive em pé

Se um dia fica deitado

Ele vira o infinito

Fica muito mais bonito

Como um corpo de mulher

quarta-feira, 2 de março de 2011

Aeroclube - Audiência pública.

Na noite de ontem, no auditório da Cidade Viva, aconteceu uma audiência pública para discutir a questão de implantação, pela Prefeitura Municipal, do Parque Cidade na área ocupada pelo Aeroclube da Paraiba.
Tenho experiência própria de outros eventos e plena ciência de que os habitantes desse bairro e adjacências não são mujito participativos em movimentos comunitários. Sinceramente não sei por que este jejum com coisas da coletividade. Mas ontem surpreendi-me com a audiência. O auditório com capacidade para mais de 1000 pessoas sentadas estava repleto.
Presentes o Prefeito Luciano Agra, secretários municipais, vereadores, deputados estaduais, lideres comunitários e uma expressiva representação da comunidade.
Na ocasião foi apresentado num telão alguns detalhes do que será o Parque cidade e seus equipamentos inclusive um Teatro.
A participação popular foi realmente surpreendente, com diversos questionamentos e manifestações de apoio.
Para mim  resultou que o cidadão pessoense, especificamente do Bessa e adjacências, demonstrou que nesta questão do aeroclube os direitos do cidadão está acima dessa peleja jurídica entre aeroclube e Prefeitura.

terça-feira, 1 de março de 2011

Dicas & Tricas II

Segunda parte Buenos Aires.


Antes de qualquer coisa devo acrescentar que ontem me esqueci de comentar sobre um restaurante giratório em Santiago que é um verdadeiro deslumbre. Fica no bairro da Providência. Vista espetacular da cidade. Serviço nota dez e ótima comida. Compensa dar uma chegadinha. (Preços razoáveis: dois pratos + vinho =32.200 pesos chilenos = R$ 107,00)


Um lembrete o câmbio comportava-se com 1 Real = 2,23 pesos argentinos e 299,2 pesos chilenos.

Hospedamo-nos no Grand King Hotel, muito bem localizado na Rua Lavalle entre as ruas Florida e San Martin. Um bom hotel considerando o preço das diárias. Só um pequeno inconveniente é que a Lavalle é uma rua de pedestre. Para compensar a primeira esquina dista 50 metros da Portaria do hotel e os taxis podem ter acesso.

Logo após as acomodações no hotel fomos à feirinha de Santelmo onde almoçamos.

Segunda à noite fomos ao Tango Portenho. Paga-se $ 120 por pessoa sem o jantar.

Em nossa mesa tivemos a companhia um jovem casal londrino, Sofia e Jaime, ambos muito simpáticos. Sofia parecia mais uma linda Catarinense. O show muito bem o montado com excelente iluminação. Dia seguinte fomos ao passeio do Rio Tigre. Rápida parada em S. Izidro onde visitamos uma linda capela estilo gótico. Ao adentrar o distrito de Buenos Aires pode-se ver a maior favela da cidade a Favela 31, com mais de 6000 pessoas. Divisamos uma casa de madeira exposta num enorme poste metálico. Trata-se da publicidade de um programa habitacional de casas populares de uma ONG chamada “Un techo para mi País”.

O passeio de barco no delta do Tigre é muito interessante. O arquipélago é formado por mais de 1000 ilhas, todas com habitação, escolas e mercados. Nossa guia Cláudia, uma portenha espirituosíssima tornou o passeio mais agradável ainda. Paga-se $130,00 por pessoa. Saímos 09:30 e voltamos às 15:00 horas.

Na segunda feira almoço no restaurante La Chacra, na Av. Cordoba, 941. Uma casa fundada em 1976, muito bonita, decoração típica dos Pampas. Comemos um chorizo e degustamos um excelente vinho de uva Malbec “ La Linda”. E por falar na Av. Cordoba merece registro a exuberante beleza arquitetônica do edifício onde funciona a Polícia Naval localizado na esquina da Cordoba com a Florida.

Dia 15 fomos ao Abastos, precisamente no Museu Carlos Gardel. Dividimos o espaço com um grupo de crianças de um colégio local.

Ali fiquei sabendo que Alfredo Le Pera, o paulista parceiro de Gardel, morreu no mesmo acidente que vitimou Gardel mais 15 pessoas. Ao todo foram 17 pessoas carbonizadas.

Gardel voltava de um giro artístico pela América, vinha de Bogotá e ia para Cali quando um trimotor da companhia aérea S.A.C.O chocou-se com outra aeronave no aeroporto Olaya Herrera, em Medellin, Colombia.

O acidente ocorreu no dia 24 de junho de 1935.

O corpo carbonizado de Gardel só foi reconhecido pelo enorme anel de ouro e diamantes que usava na mão esquerda.

É realmente impressionante o número de fumantes em Buenos Aires. Nas ruas encontramos a todo instante jovens, adultos e idosos num fumacê geral. Muitos restaurantes apõem placas anunciando – aqui área de fumantes.

Dia seguinte participamos de uma cerimônia cívica em comemoração à independência do México, na Praça San Martin, com a presença de autoridades governamentais dos dois países, México e Argentina. Na praça um obelisco chamou-me atenção com inscrições do poeta espanhol Esteban Echeverria (1855 – 1935):

“Los escravos o los hombres sometidos al poder absoluto no tienem pátria porque la Patria no se vincula a la tierra natal sino em el libre exercício de los derechos ciudadanos.”

“Vosotros Argentinos luchas por la democracia de Mayo y vuestra causa no solo ES legitima sino t ambien santa ante los ojos de dios y de los pueblos livres Del mundo”.

“Miserables de aquellos que vacilan cuando la tirania se ceba en las entrañas de la Patria”.

Durante todo dia a TV não para de anunciar o casamento de Roberto Piazza um gay editor de modas muito prestigiado que casou na tarde de hoje com outro gay seu parceiro Walter Vásquez, com cerimônia no civil e religioso, com direito a um prolongado beijo na boca assunto ventilado e divulgado com destaque em todos os canais de TV.

No café da manhã comentei o fato com um amigo que fiz na viagem, um aguerrido gaucho, Juiz de Direito aposentado de nome Milton Foojen. Perguntei sua opinião ao que ele me retrucou: Maurício, estou adorando, só assim nascem menos argentinos – e deu uma enorme gargalhada. Brincadeirinha com todo respeito e admiração que tenho aos portenhos.

Hoje para combater o cansaço das andanças diurnas jantamos no próprio hotel. Um pollo com papas fritas e uma garrafa de vinho tinto “Pequeña Vazija”. No sec. XVIII se utilizavam pequenas quantidades de vinho em vasilhas de barro daí a origem do nome deste vinho produzido em Mendoza . No rótulo há uma imagem de uma das 4500 peças que hoje pertencem à coleção do Mundo do Vinho da Bodega La Rural.

Fim da viagem, foi bom enquanto durou.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Dicas & Tricas de viagem.

O amigo Ricardo Cartaxo cobra e questiona minha ausência neste blog.

Realmente tenho sido acometido de enorme fastio literário. Para sair dessa hibernação resolvi comentar nosso último passeio ao Chile e revisitando Buenos Aires.

Primeira parte no Chile.

Saímos de Jampa e almoçamos no Aeroporto, em São Paulo, no restaurante VIENA. Self service muito agradável. Optamos pelo trivial, dois pratos com sucos de frutas da época, pagamos R$42,00.

Tudo corria às mil maravilhas não fosse um atraso de mais de duas horas em Buenos Aires, no embarque para Santiago.

O vôo até Buenos Aires foi super agradável também pudera, não sei por qual razão nos colocaram na classe Comfort de um 767-300 (avião porreta).

Minha mulher Merinha comprou um perfume no free shop, em Buenos Aires, e ganhou de “regalo” um chapéu do Panamá, (que apesar do nome é manufaturado no Equador onde é chamado El fino) legítimo.

Em Santiago primeira visita foi a La Chascona (despenteada), moradia de Pablo Neruda. Um lugar bucólico e muito agradável, digno de um poeta maior. Fomos de metrô até a estação Baquedano e daí fomos caminhando até o final da Rua Pio IX, no final dobrar a direita. Se paga 2.500 pesos por pessoa. Vale a pena visitar. As visitas são com hora marcada e guias em Espanhol ou Inglês. Fomos almoçar no Mercado Central. O mercado é um prédio antigo, enorme, repleto de restaurantes notadamente com frutos do mar. O assédio dos garçons pela preferência é muito grande. Optamos pelo Joya Del Pacífico. Merinha pediu um salmão grelhado e tomamos um Santa Helena Gran Reserva .

Um passeio interessante ao Monte San Cristobal. De lá se tem uma vista panorâmica da cidade. Subimos e descemos de Funicular, uma espécie de bondinho sobre trilhos. 1600 pesos por pessoa. Demos uma esticada a VALPARAISO e VIÑA DEL MAR.

Saímos do hotel numa VAN que nos levou até o ônibus da Empresa Transistur às 9:55 (8:55 no Chile). Primeiro Viña Del Mar onde fomos recepcionados com um show folclórico e provamos uma bebida fermentada de milho a Chicha. Nas proximidades da cidade passaamos por um lago artificial (Peñuelas) construído pelo exército Chileno em 1910 para o abaste cimento de Valparaizo. O passeio fica por 72.000 pesos por pessoa já incluída a taxa adicional de 10%.

Almoçamos em Viña Del Mar – um desastre que até esqueci o nome do restaurante. Apelidei meu prato de camarão amerdaçado, com arroz.

Entrei no Pacífico. Água geladíssima. Fiquei impressionado com o preço dos apartamentos comparando com João Pessoa. Segundo o guia Sérgio era possível comprar um apartamento em f rente ao mar por um preço médio de US$ 400.000,00.

Valparaizo é como se fosse um anfiteatro construído para se observar o Pacífico.

Santiago é a verdadeira expressão de um País com economia equilibrada. O povo é muito gentil e hospitaleiro. Enfim o Chile nos causou ótima impressão. Achei os taxis muito caros. A gazonilna é quase o mesmo preço do Brasil, 1 litro = um dólar e meio.
Amanhã voltarei com a ida a Buenos Aires.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Final Infeliz

Definitivamente não gostei do final da novela Passione.

Sei que podem perfeitamente discordar mas, o Sr. Silvio Abreu que já vinha tropeçando num ciclo vicioso urdiu um desfecho sem criatividade e de profundo mau gosto.

Entre outras coisas disfarça uma apologia ao crime quando o permite que a personagem Clara que durante toda trama feriu todos os artigos do código penal termina impune e armando novo golpe.

Há uma crítica explícita à justiça doa homens quando Frederico Lobato é condenado por um crime que não cometeu.

Estimula a bigamia e a promiscuidade amorosa com cenas deprimentes da serelepe e octogenária Brígida divorciando-se, casando-se e amasiando-se simultaneamente.

Quanta asneira!

A imaginação só é fértil nos talentos.