terça-feira, 13 de setembro de 2011

Curiosidades Forenses

O jornalista Luis Torres divulgou no programa REDE VERDADE que o Ministro JOAQUIM BARBOSA tinha para análise e julgamento nada mais nada menos que 12.000 processos.


Façamos um pequeno exercício numerológico sobre esses dados.

O ano, no calendário gregoriano, tem 52 semanas, conseqüentemente 104 sábados e domingos. Considerando os dias santos e feriados nacionais esse número se amplia para 115 dias.

Por sua vez os Juízes gozam de 32 dias de recesso mais 60 dias de férias forenses o que totaliza 207 dias não trabalhados por ano resultando apenas 158 dias úteis por ano.

Assumindo a hipótese que sua Excelência leia e julgue 1 processo por dia, o que é absolutamente improvável, ter-se-á:

12.000 dividido por 158 = 76 anos.

Isto seria o tempo necessário para o Ministro julgar todos os processos admitindo-se que não lhe sejam mais distribuídos nenhum outro.
Agora durma tranquilo.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Cabaré ou sanatório geral.

O crack Carlos Roberto de Oliveira não o Roberto Dinamite, mas o da comunicação, o amigo e conterrâneo, ex-secretário de comunicação da Paraíba, escreveu com muita propriedade um belíssimo artigo comparando as instituições republicanas a um cabaré.
Julguei a comparação uma afronta aos cabarés e enviei-lhe a carta a seguir:

Caro amigo Carlos Roberto


Estava eu nesta quinta feira na sala de espera da Concessionária Renault aqui em JAMPA, quando tive a felicidade folhear uma revista e encontrar um artigo de sua lavra com o título “Sanatório geral ou cabaré, à escolha”

Li com muita atenção e redobrado interesse abordando com muita propriedade e inteligência um fenômeno atual do cotidiano brasileiro que temos vivenciado em nossas instituições políticas.

Neste momento minha intenção além da satisfação em comunicar-me com uma das mais brilhantes cabeças da comunicação é também, com sua permissão, fazer um pequeno comentário a guisa de reparação de um equivoco, no meu julgamento, inserido no cerne de seu artigo.

Amigo Carlos Roberto: julgo que comparar os poderes (apodrecidos) da República com um cabaré é uma afronta desmedida à instituição cabaré.

Todos nós sabemos que nos cabarés o jogo é perfeitamente definido. Já se sabe com antecedência e sem surpresas o que se vai encontrar ali. A licenciosidade e os prazeres da carne.

Não há subterfúgio nem enganação. Você entra paga e goza.

Não é o que ocorre em nossas instituições republicanas. Estas vendem uma fachada, uma imagem de defesa da representação democrática e escondem os trapos de uma catedral de sinecura, de nepotismo, de negociatas, de mensalão e de tráfico de influência das sanguessugas do poder.

Vergonha, traição, mentiras, engodo, prevaricação, corrupção, roubo, propina, cartel, quadrilha, falsidade, lama, cobiça, é o que se constata nodoando atualmente a Pátria desnuda e ultrajada.

O Congresso Nacional sangra numa UTI, ferido fulminantemente pela vergonhosa ação de seus membros corruptos e corruptores.

O Poder republicano fragilizado, ultimando-se e agonizante, refugia-se nos delírios pueris de seus arautos.

O Governo é a síntese do caos e a metáfora do rabo preso.

Os mais altos escalões republicanos vivem mergulhados num lamaçal, numa convivência promiscua com delinqüentes, meretrizes, gangsteres, traficantes, são as pústulas da nação.

Por isso meu caro amigo façamos uma ressalva aos cabarés. Quando muito vamos aceitar o sanatório geral.

Com os meus mais sinceros votos de apreço e admiração
Maurício Montenegro

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Bandidagem & Educação

Escute os noticiários radiofônicos, leia os jornais, as revistas, veja os programas televisivos, qualquer que seja o meio de comunicação a notícia preponderante é aquela relacionada com a violência urbana e os atos de corrupção.


A cada dia cresce o rol dos registros policiais envolvendo crimes contra a pessoa e contra o patrimônio público.

A bandidagem aumenta em progressão geométrica aperfeiçoando seu “modus operandi” e fortalecendo continuamente o poder paralelo.

É realmente preocupante o ambiente de convivência, na atualidade, em qualquer esfera social. Crimes hediondos de toda sorte são perpetrados impunemente e acontecem com tanta freqüência que já não causam mais espécie nem indignação.

O senso crítico coletivo cansou com a inversão de valores e o êxito alcançado pelas nulidades.

Os predicados e atributos de moralidade e ética foram substituídos pela “Lei de Gerson” aquela de levar vantagem em tudo.

O pacto social e as instituições como a família, o casamento estão ameaçados de extinção.

A união marital de homossexuais pode resultar numa queda do crescimento populacional.

Um almanaque surrealista retrata as mazelas sociais recheado de ilícitos cometidos por autoridades, religiosos, militares, profissionais liberais. Não se pode confiar mais em nada nem em ninguém. O cidadão comum é um órfão desprotegido perdido no caos sem ter a quem apelar.

Diante desse cenário as perspectivas de futuro são assustadoras, sobretudo porque não se vislumbra uma saída.

A mudança só será possível acontecer com investimentos maciços na educação.

De nada adianta os rigores das leis nem os aparatos policiais. Tudo se resume numa mudança de atitude e de comportamento. Ou seja, há que se investir nas novas gerações com eficientes programas educacionais para que se consiga alcançar uma sociedade justa, saudável e igualitária.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Sebastião Matias


Hoje faço uma homenagem a um artista plástico que vive no anonimato que apelidei de o artesão do Cariri.

SEBASTIÃO MATIAS



Uma sobrinha de praia desbotada, uma pequena mesa tosca de metal protegendo alguns toros de imburana bruta e seca encimada por diversas esculturas talhadas na madeira compõem o atelier e a moradia de Sebastião Matias.

Ali naquele arremedo de habitação vive com a mulher Maria.



Quem é Sebastião Matias?

Sebastião Matias é um escultor, um autodidata da escultura em madeira.

Filho dos Agricultores Manuel José Cordeiro e Francisca Matias, nasceu no sítio Capim Grosso, no município de Itaporanga, no dia 19 de agosto de 1950.

Escolaridade?

Responde com certo desdém: Nunca freqüentei uma escola.

Sabe apenas assinar o nome, o suficiente para tirar o título de eleitor.

De comportamento nômade morou em várias cidades do Sertão e do Cariri, Patos, Juazeiro de Padre Cícero, Campina Grande, Juazeirinho e agora em João Pessoa.

A primeira infância se passou no sítio onde nasceu e aos 10 anos descobriu que tinha pendores para a arte de talhar a madeira.

É diabético, canhoto e tem uma perna amputada.

Como aconteceu? pergunto com certo receio.

Descuido. Me descuidei e aconteceu, tive que amputar quando eu tinha 54 anos.

Hoje estou com 58 anos sou católico, temente a Deus e espero pouca coisa na vida, pelo menos uma casa para morar.

Sou casado há 20 anos com essa mesma mulher Maria.

Com ela tenho dois filhos, Danilo e Sebastião.

Sebastião (filho) está começando a trabalhar a madeira, leva jeito.



Esse cavalo marinho é dele, o golfinho é dele, o tubarão é dele, essa mãozinha segurando o coração é dele. Aponta as peças expostas sobre a mesa junto com outras de suas produções.

Sebastião (filho) se encanta com os seres vivos e natureza, eu exploro mais as formas curvas dos corpos humanos e imagens do santos. Danilo não quer saber de nada. Está na escola, por enquanto, também tem só 13 anos.

A quem quiser seguir esta profissão eu diria que precisa ter muita perseverança e se conscientizar que não vai trilhar uma estrada de rosas, mas vai encontrar muitos espinhos e experimentar muitas dificuldades.

No fundo no fundo compensa quando vejo a obra concluída e sendo objeto de admiração.

Não tenho pretensão de divulgar nenhuma mensagem em minhas obras nem seguir nem fazer escola, vou esculpindo e improvisando. Não projeto minhas peças, vou entalhando a madeira de acordo com o que ela sugere no seu estado natural e só Deus sabe o que vai ser no final.

Não sei precisar até hoje quantas peças produzi. Sei que foram muitas, milhares.

Sempre uso a imburana que me é fornecida por um amigo de Juazeirinho. Acho melhor de trabalhar.

Em média levo uma semana para talhar uma peça de tamanho médio como esta – aponta uma pequena estatueta de aproximadamente 30 cm de altura e pouca complexidade espacial.

Muitas delas estão no Japão, na Alemanha, na França e em Portugal.

Meus maiores clientes são estrangeiros.

A maior que produzi foi comprada por Burity e está exposta no Mercado de Artesanato, em Tambaú, custou 6.000 cruzeiros.

A segunda peça de maior valor quem comprou foi um Francês que a levou para Paris custou 4.000 cruzeiros.

Não recebi ajuda nenhuma de nenhum governo.

Até hoje não tenho uma casa para morar.

O Governador Cássio tem demonstrado que quer ajudar aos artistas da terra, mas parece que certas pessoas ao seu redor não apresentam a mesma vontade a não ser sua mulher D. Silvia que tem dado muita atenção aos artesãos.

Acho ruim por que ele está recebendo muita pressão do outro que foi governador. Acho que é inveja e não querem que ele trabalhe direito do jeito que ele sabe e cresça como merece.

Gostaria muito de poder um dia conversar com ele (Cássio) e dizer isso e também pra ver se eu consigo uma casinha aqui em João Pessoa, ali no Renascer, quem sabe??!!

Sebastião protagoniza a história de muitos artesãos paraibanos que esbanjam talento, mas vivem no anonimato a espera de uma oportunidade.

(Este material foi coletado por Maurício Montenegro no dia 25 de Novembro de 2007 e está sendo reproduzido com autorização do entrevistado).