O idílio psicótico entre uma lâmina de barbear
e uma verruga facial resulta na moral de que o prazer é efêmero e tem um custo.
Sempre que a verruga sentia a aproximação da lâmina de
barbear ficava sob uma enorme tensão que lhe causava tonturas e ânsias de
vômito e uma sensação mórbida de horror. Um frenesi.
A lâmina pressentindo o temor da pequena protuberância
procurava tranqüilizá-la.
– Ei verruga, não
tenha medo. Não vou lhe machucar. Tenho enorme admiração e curto um montão esta
tua aparência de solo lunar e formas sensuais que me incitam a libido.
A verruga ouvia o galanteio da lâmina guardando desconfiança.
Não acreditava nem um pouco no que estava ouvindo.
- Deixa-me te massa
gear, propôs a lâmina procurando imprimir o máximo de sinceridade em suas
palavras. Garanto que não te arrependerás.
A verruga criou alma nova e resolveu aceitar o assédio da
lâmina.
A lâmina se aproximou e iniciou uns movimentos de vai e vem
ora no sentido ascendente escalando suas encostas ora descendo suavemente.
A verruga começou a
ficar excitada e pensou numa frase de um almanaque; “Você é livre para fazer
suas escolhas, mas é prisioneiro das conseqüências”.
A lâmina continuou suavemente os movimentos de vai e vem e
justo quando a verruga estava alcançando o orgasmo de tanto prazer vapt – vupt cortou-a pela base num gesto abrupto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário