sábado, 20 de novembro de 2010

Graciliano

"Comovo-me em excesso, por natureza e por ofício. Acho medonho alguém viver sem paixões."



Graciliano Ramos

Graciliano Ramos
No dia 27 de outubro de 1892 nasceu em Quebrângulo, nas Alagoas, Graciliano Ramos de Oliveira, o primogênito do casal Sebastião Ramos de Oliveira e Maria Amélia Ferro Ramos, que teve dezesseis filhos.

Graciliano ainda infante deu sinal de seu talento para as lides literárias. Assim, aos 12 anos de idade, fundou o Dilúculo (alvorada) um jornal de criança, do qual foi Diretor.

Aos 16 anos publicou seus primeiros sonetos sob pseudônimo de Almeida Cunha.

Casou em primeiras núpcias com Maria Augusta Barros com quem teve quatro filhos. Enviuvou e em 1928 casou novamente com Heloisa Medeiros.

Em 1927 foi eleito Prefeito de Palmeira dos Índios.

Foi preso, sem processo, em Maceió, pelo governo Vargas. Em 1945 filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro. Faleceu em 1953, no dia 20 de março, numa casa de saúde em Botafogo, vítima de um câncer no pulmão. Foi enterrado no dia 21 no cemitério São João Batista.

Expoente da literatura brasileira e um dos e seus maiores romancistas, Graciliano escreve dizendo o máximo com o mínimo de recursos. Impressionante seu poder de síntese. Um escritor eminentemente substantivo, conciso. Usa o mínimo de palavras e as mais simples e mesmo coloquiais, para alcançar um fim mais rico.

No dizer de Tristão de Athayde Graciliano “foi um apaixonado subversivo, contra as injustiças sociais e contra toda sorte de alienações no plano político e econômico”.

Em nossa heróica Paraíba temos visto, neste período de transição, o desencontro entre os governadores que sai e o que entra.

Não há como se estabelecer uma convivência pacífica e proativa entre os dois.

Gladiaram-se durante a campanha e continuam se ofendendo mutuamente agora no processo de transição que se desenrola no mesmo clima beligerante como se observa nos jornais, nas rádios, na TV e nos portais da web.

Que falta nos faz o “Mestre Graça” para inspirar esses contendores com sua verve prodigiosa como o que se destaca de um dos seus relatórios enviados ao Governador do Estado, Álvaro Paes.

...“Dos funcionários que encontrei em janeiro do ano passado restam poucos: saíram os que faziam política e os que não faziam coisa nenhuma. Os atuais não se metem onde não são necessários, cumprem as suas obrigações e, sobretudo, não se enganam em contas. Devo muito a eles.”

...“Não sei se a administração do Município é boa ou ruim. Talvez pudesse ser pior.”

... “ 724$000 foram-se para uniformizar as medidas pertencentes ao Município. Os litros aqui tinham mil e quatrocentas gramas. Em algumas aldeias subiam, em outras desciam. Os negociantes de cal usavam caixões de querosene e caixões de sabão, a que arrancavam tábuas, para enganar o comprador. Fui descaradamente roubado em compras de cal para os trabalhos públicos.”

...“as despesas com a cobrança dos impostos montaram a 5:602$244. Foram altas porque os devedores são cabeçudos.”

São coisas ditas realçando o que é substantivo sem rebuscamento, mas sem perder o brilho, como ele mesmo dizia: “(A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer”.

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