domingo, 7 de novembro de 2010

Nordestino, antes de tudo um forte.

Leio com certa indignação preconceituosos comentários assacados contra os nordestinos divulgados na Internet por pessoas mesquinhas e obtusas.

Sobre o assunto ganhou destaque as declarações da paulista, estudante de Direito, Mayara Petruso, que postou no twitter: “Nordestino não é gente. Faça um favor a SP, mate um nordestino afogado!”

Mayara não foi a única destrambelhada que pariu tantas abominações sobre nossa gente tão honrada. O amigo Roberto Wagner, executivo de proa do BB, me enviou lá da Bahia uma mensagem com mais de uma centena de impropérios cabeludos com manifestações impublicáveis sobre o mesmo assunto.

São mensagens pífias e preconceituosas não merecendo, portanto a menor consideração, entretanto ocupo-me em comentá-las neste Blog tomando carona e entusiasmado pelo texto enviado pela amiga Dineusa, de autoria do Sr. José Barbosa Júnior, que com refinada ironia responde os achincalhes assacados contra os nordestinos.

O xis do problema origina-se no resultado eleitoral dando maioria na região nordeste à então candidata Dilma Roussef.

Concordo plenamente que os efeitos maléficos do famigerado Bolsa Família teve maior influência na região nordestina.

É verdade que ainda padecemos de políticas e políticos clientelistas. Aqui os direitos de cidadania ainda são pouco assimilados pela grande maioria. Na verdade somos uma gente injustiçada, isso sim. Mas uma gente ordeira, solidária, trabalhadora, mas carente da atenção dos poderes constituídos.

Aqui paramos nas ruas para socorrer um acidentado. Aqui olhamos para o próximo como um irmão e não como uma estatística. Aqui ainda podemos pisar na grama e namorar.

Que dizer dos arrastões em Copacabana, dos assaltos e balas perdidas em São Paulo, Curitiba, em Floripa e outras Capitais?



Mesmo admitindo que essas pessoas devessem ser punidas exemplarmente com uma sanção de caráter civil, pela agressão praticada contra uma gente ordeira e hospitaleira, qualquer das hipóteses que as motivaram a tamanha estupidez, nos induz a um sentimento de pena e compaixão.

É a liberdade de pensamento que defendo veementemente. A liberdade consentida é a negação dos direitos do homem. A liberdade tem que ser plena e incondicional, mesmo expressando idéias abomináveis, como é o caso.

Por isso, mesmo constrangido, as perdôo.

Todavia saibam esses energúmenos que a gente nordestina que construiu São Paulo são pessoas simples e personalidades que abrigam vultos como Gilberto Freire, Manuel Bandeira, José de Alencar, José Américo de Almeida, Ariano Suassuna, Pedro Américo, Augusto dos Anjos, Jorge Amado, Epitácio Pessoa, Graciliano Ramos, Celso Furtado, Severino Araújo, Sivuca, Jose Ramalho, Elba Ramalho, Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Chico Anízio.

Um universo de personalidades que contribuíram nas artes, na literatura, na política, para o engrandecimento deste País.

O fato é que estamos todos no mesmo barco furado, mas que continua ainda navegando graças à raça e ao destemor dos nordestinos.

O preconceito não constrói nem contribui para nada. Lamento profundamente pela miopia dessas pessoas.

Você tem toda razão Euclides: “O sertanejo é, antes de tudo, um forte!”

Saudações do “cabra da peste” Maurício Montenegro

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