sexta-feira, 21 de maio de 2010

Acorrentado.

A manifestação de incentivo com palavras de ordem e aplauso partia do terceiro andar do prédio em frente ao que estacionei.


Num final de tarde no início da semana que passou estacionei meu carro em frente a uma clínica, em Manaíra.

O proprietário do estabelecimento costuma, ao final do expediente, fechar a frente da clínica, na calçada, com grades de ferro removíveis. Não sei até que ponto esta prática é consentida pelo código de postura municipal.

Meu carro impediu a colocação de uma dessas grades. Um empregado da clínica encarregado dessa operação talvez frustrado e incomodado com a posição do meu veículo reagiu estabanadamente.

Simplesmente utilizou uma corrente de ferro e entrelaçou-a envolvendo várias partes do meu veículo, pelas rodas, pelo eixo e outros componentes impedindo qualquer movimento, para frente ou para trás

Não estou bem certo se a forma como estacionei infringiu alguma norma ou direito de terceiros, mas mesmo que eu estivesse errado isto não dava o direito ao empregado de agir como fez. No mínimo ele deveria investigar junto aos vizinhos sobre a propriedade do veículo.

Tentei de várias formas me livrar das amarras que estavam presas ao veículo por dois cadeados. Até pensei talvez chamar a polícia. De pronto desisti desse propósito pensando no tempo que levaria para a chegada dos policiais. Depois de várias tentativas fracassadas consegui um martelo e pude abrir os cadeados e assim me safar.

Resultou que fomos constrangidos eu e minha mulher, durante várias horas impedidos de retornar para casa , foi ameaçada a integridade física do veículo, me foi subtraído, embora temporariamente, meu direito constitucional de ir e vir.

Tudo tão somente fruto da arbitrariedade e da insensatez. Imagino que o empregado agiu sob orientação de seus patrões.

É curioso como certas pessoas fazem as próprias leis ignorando o direito alheio e considerando-se acima da razão acham que podem julgar e punir.

Desconfio que esse caso poderia acolher uma reclamação judicial pelos transtornos passados mas resolvi fazer vista grossa.

O incentivo demonstrado pela moradora do prédio aplaudindo minha reação induz à dedução que não era esta a primeira ocorrência e que aquele absurdo foi praticado outras vezes.

Engrossa o elenco de coisas proibidas e atropelos no trânsito. Agora temos de cuidar de mais uma proibição.

Não bastam os flanelinhas, os que se apossam das zonas de estacionamento da cidade como se delas proprietários fossem, sem falar na azul editada pela administração municipal, os malabaristas dos semáforos, os distribuidores de folders de propaganda, há que se cuidar agora dos donos das calçadas.

Haja saco!

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