sábado, 22 de maio de 2010

Os que foram ou os que forem.

“No princípio era o Verbo. Depois, veio o sujeito e os outros predicados: os objetos, os adjuntos, os complementos, os agentes, essas coisas. E Deus ficou contente. Era a primeira oração.” (Eno Teodoro Wanke)

Na religião verbo significa a sabedoria eterna, agora, aqui entre nós, ele o verbo, é o grande vilão da história.

Retomando o comentário sobre a eficácia da Lei Ficha Limpa acho que acertei na mosca.

Os subterfúgios estão tomando forma muito antes do esperado.

Agora é o tempo do verbo posto no texto da Lei. Questiona-se a intenção dos legisladores quanto à flexão usada. Particípio passado ou futuro do subjuntivo?

To be or not to be that is the question.

A dúvida Shakespeariana da lugar à nova questão:

“Os que foram...” ou “Os que forem...” Isto nos leva a uma conjectura surrealista.

A natureza do crime é temporal.

Isto é se o delito foi praticado ontem é aceitável e permitido se for praticado a partir de hoje é passível de pena.

Tudo aconteceu num curto trajeto burocrático entre o côncavo e o convexo. Isto é, entre a Câmara e o Senado o Projeto sofreu modificações no texto original.

Não foram emendas substantivas, mas o suficiente para anexar dúvidas na interpretação da Lei.

Tudo ardilosamente engendrado para sacanear a paciência de todo mundo e confundir a opinião pública.

É o resultado de quem legisla em causa própria.

Como disse o ex-ministro e consagrado constitucionalista Torquato Jardim a lei eleitoral é o único elo do Direito onde as normas são elaboradas por seus próprios destinatários.

É a raposa tomando conta do galinheiro.

Por esta razão a lei é um placebo. Um engodo coletivo maquiavelicamente urdido para enganar a sociedade.

O verbo IR, coitado, já tido como verbo anômalo por apresentar profundas irregularidades, será um dos veículos coadjuvantes de transformação da lei em pizza.

Os juristas debruçados nesse imbróglio certamente dele irão obter valiosíssima munição para suas orgias processuais. Abre-se outra vereda para perpetuação da impunidade.

Que coisa louca.

Fui!

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