quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

O cotidiano

Sentei num banco à sombra enquanto esperava lavar o carro.


Aproximam-se um afro descendente e um garoto de uns seis anos.

Ambos sentaram-se no meio fio e o menino reclamou:

- Nós chegamos primeiro.

Disfarcei e disse que eles podiam sentar no mesmo banco se quisessem.

O guri muito simpático e com ar desinibido abraçava duas bandas de côco verde. O adulto também sorridente segurava uma chuteira. Querendo puxar conversa balançou as duas chuteiras e comentou:

- São pesadas.

Para ser simpático segui a conversação:

- O Senhor joga em qual posição?

- Zagueiro sentado.

- Não, é que a maior parte do tempo fico no banco.

Sorri com seu bom humor e voltei-me para o garoto.

Brinquei e perguntei se ele não me dava um pedaço de côco.

- Pode levar. Respondeu sem titubear.

Elogiei seu comportamento e perguntei seu nome.

- Meu nome é Caio.

- Caio Prado Júnior comentei. Não sei por que essa bobagem da gente repetir o nome de alguém famoso.

- Errou. Caio Barbosa Lobo. E sei imitar Maicon Gerson.

Pensei um desses meninos prodígio.

- Ah você sabe imitar o Michael Jackson imita ai que eu vou filmar com o celular.

Liguei a geringonça para filmar, mas não encontrei a função desejada.

O garoto consolou-me.

- Liga não. Teu celular tá de bobeira.

São coisas simples da vida com poesia e humor guardadas no baú da sabedoria popular.

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