terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Cabra da peste.

Vou dividir com vocês um entrevero ocorrido com um jornalista do Paraná por conta de um artigo de sua lavra publicado no jornal O Estado do Paraná.
Primeiro transcrevo o artigo para estabelecer o clima da polêmica em seguida minha réplica.


*Um Mundo que Parou no Tempo* - *Alex Gutemberg*


O Nordeste brasileiro é um mundo à parte. O que os portugueses fizeram com o povo da região, durante 4 séculos, foi criminoso. Usaram as índias. Ou melhor, estupraram as índias aos milhões e depois as pobres negras escravas.
Obviamente não assumiram as proles, pelo contrário, deixaram as coitadas grávidas, os maridos traídos na marra e ainda acabaram com as virgens indígenas, que não tinham a menor idéia do que estava se passando. O custo social disso tudo foi gigantesco. Todo brasileiro sofre até hoje.

Essa violência criminosa destruiu várias sociedades de tribos nordestinas, humilhou ainda mais as negras e os negros e gerou uma civilização estranha, de miseráveis, com poucas oportunidades, que influencia uma nação e não consegue se desenvolver por causa dessa contínua falta de assistência.

Eles estão mais sujeitos a doenças, aos problemas sociais e a violência do que o povo do Sul do Brasil. Não resistem.

Essas contínuas gerações de mamelucos e cafuzos, resultado de uma miscigenação desenfreada - e aqui um parêntese, não existe preconceito nesta afirmação, pois os brancos não podem nem viver perto de índios para não contaminá-los com nossas doenças esquisitas, quanto mais ter relações consangüíneas, sofre diariamente. Passa fome continuamente.

Eles têm seus direitos sociais e civis cassados pelas minorias brancas, pelos políticos e até mesmo por seus conterrâneos. O trabalho escravo persiste por todos os cantos.

O que se ouve de Salvador a São Luís são avisos constantes aos turistas, ou a quem tem a pele branca: cuidado, não saia com a máquina fotográfica. Não saia com esse tênis, não leve dinheiro para a rua.

Cuidado na praia, os ladrões estão em todos os cantos.

A liberdade não existe entre eles. Existe sim o medo crônico, uns dos outros, às vezes de pessoas maltrapilhas e famintas, que podem ser bandidos ou apenas mendigos.

O povo nordestino vive num mundo à parte. As cidades são imundas, o crime compensa e a exploração por meia dúzia de coronéis em cima do retirante, do miserável é uma constante infinita. Eles não têm noção de limpeza, de educação, de respeito entre eles mesmos. São muito hospitaleiros.

O povo de uma maneira geral, trata bem o sulista. Entretanto, acham que

o futuro da humanidade está nos Bolsas-Esmolas do Lula, que, certamente será o novo Padim Padre Cícero da região. Um santo.

Nesse mundo diferente, longe da globalização, até os ricos e mais letrados acreditam no Lula, no governo petista. Pior, sabe lá o que se passa na cabeça desse povo mal alimentado, para adorar seus políticos, como Inocêncio de Oliveira, Antônio Carlos Magalhães, José Sarney e clã, entre outros.

Minha  réplica:

Senhor Alex,

Refiro-me ao seu inditoso texto publicado no dia 11 de fevereiro no Jornal do Estado do Paraná sobre o nordeste e os nordestinos.

Apesar de pífio e preconceituoso não merecendo, portanto a menor consideração ocupo-me em respondê-lo.

Gostaria de entender em primeiro lugar quais as razões que levam uma pessoa, em sã consciência, a produzir uma peça com tanta estupidez. Será simplesmente fruto da ignorância que se vê estampada na verborrágica matéria ou será uma estratégia de marketing da mente poluída, doente, de um energúmeno querendo aparecer?

Mesmo admitindo que o autor devesse ser punido exemplarmente com uma sanção de caráter civil, pela agressão praticada contra uma gente ordeira e hospitaleira, como ele mesmo reconhece, qualquer das hipóteses que o motivaram a tamanha estupidez, nos induz a um sentimento de pena e compaixão.

É a liberdade de imprensa, a liberdade de pensamento que defendo veementemente. A liberdade consentida é a negação dos direitos do homem. A liberdade tem que ser plena e incondicional, mesmo expressando idéias abomináveis, como é o caso.

Meus direitos não devem ser condicionados às suas razões nem submissos aos seus conceitos. Eles são sim, inalienáveis, indeclináveis e permanentes.

Por isso, mesmo constrangido, o perdôo.

Entretanto, Sr. Alex saiba que a civilização estranha de miseráveis e a geração de “mamelucos e cafuzos” qualificadas por Vossa Senhoria são as mesmas que abrigam vultos como Gilberto Freire, José Américo de Almeida, Ariano Suassuna, Pedro Américo, Augusto dos Anjos, Epitácio Pessoa, Graciliano Ramos, Celso Furtado, Severino Araújo, Chateaubriand, Sivuca, Jose Ramalho, Elba Ramalho, Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Chico Anízio.

Um universo de personalidades que contribuíram nas artes, na literatura, na política, para o engrandecimento deste País e que Vossa Senhoria já ouviu falar, supondo naturalmente que sua instrução não se limite à cultura de almanaque.

Quanto à violência urbana, será que Vossa Senhoria, sendo um homem de jornal, não lê, não assiste televisão?

Não vê que este é um fenômeno social global e que essas mazelas mais recrudescem na região sul do País?

Que dizer das avalanches nas praias de Copacabana, dos assaltos e balas perdidas, em São Paulo, em Curitiba, em Floripa, e outras capitais?

Sim nós temos políticos do mensalão, mas será que é um privilégio do nordeste? E onde ficam os Jose Dirceu, os Genuínos, Beluzios, Pallocis, e para não dizer que não falei das flores os Lupions que o Paraná nos presenteou no passado?

Meu caro Alex estamos todos no mesmo barco furado, mas que continua ainda navegando graças à raça e ao destemor dos nordestinos.

Esse seu preconceito não constrói nem contribui para nada.

Lamento pela sua miopia.

Saudações nordestinas do “cabra da peste”

Maurício Montenegro

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