quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Respondendo Alex Gutenberg.

Ontem divulguei uma matéria sobre um comentário depreciativo feito por um jornalista paranaense (Alex Gutenberg) sobre a região nordeste.
Pois bem este senhor retorna e me convida para um debate. Só que  no meu entender seria um corpo a corpo desequilibrado.
Ele tem um jornal à sua disposição na mesa de cabeceira e eu teria que me valer da análise de seu editorial para avaliar se minhas matérias teriam interesse jornalístico para serem publicadas  a custo zero.
Assim resolvi responder com a carta abaixo e até hoje espero sua resposta.


Caro Senhor Alex.

Recebi com surpresa sua resposta às minhas considerações sobre seu artigo relacionado ao nordeste. Confesso que não esperava esta atenção.

Apesar de esposarmos pontos de vista antagônicos muito obrigado pela consideração em responder-me.

Vossa Senhoria me convida para um debate.

Como debater com isenção com alguém que quer tapar o sol com a mão?

Com alguém que não quer enxergar o óbvio?

Com alguém que parece estar prejulgando sem isenção de ânimos?

É incontestável que os atos de violência urbana também existem por aqui, porém são mais freqüentes e com maiores índices na região Sul onde alcança níveis insuportáveis a ponto de ser necessário o concurso de forças federais para minimizá-los. É o que se vê frequentemente na mídia televisiva.

Sou forçado a reconhecer os baixos índices ostentados pela região nordeste, no setor de educação básica e em relação à renda per capita, se comparado ao sul maravilha.

Acontece que o País só é confederado na bandeira e nos hinos. Na prática a teoria é diferente. A distribuição da riqueza nacional é ordenada de forma discriminatória beneficiando os estados ricos em detrimento das unidades federativas mais pobres. Isto se projeta negativamente na capacidade de investimento desses estados com reflexos na geração de empregos e da renda.

É verdade que ainda padecemos de políticas e políticos clientelistas. Aqui os direitos de cidadania ainda são pouco assimilados pela grande maioria. Na verdade somos uma gente injustiçada, isso sim. Mas uma gente ordeira, solidária, trabalhadora, mas carente da atenção dos poderes constituídos.

Aqui paramos nas ruas para socorrer um acidentado. Aqui olhamos para o próximo como um irmão e não como uma estatística. Aqui ainda podemos pisar na grama e namorar.

Vossa Senhoria manifestou o interesse de aqui habitar.

Venha, será um prazer. Só assim terá oportunidade de mensurar nossa hospitalidade e a verdadeira grandeza de nosso povo. Além do mais poderá exorcizar esse bairrismo nefasto e primitivo.

Maurício Montenegro

“o cabra da peste”

Um comentário:

  1. Olá
    Caro senhor
    Só vi seu blog - hoje, 5 de junho de 2010. Não sabia da existência dele. Se soubesse já teria me comunicado contigo antes.
    Vamos aos esclarecimentos.
    1 - Não trabalho mais no jornal. Não tenho o jornal para usar contra as pessoas conforme o senhor afirmou. Nunca o tive. Falo apenas a verdade, apontando as injustiças, erros e absurdos, no norte, nordeste e sul. Onde for necessário.
    2 - Não sou paranaense. Sou filho de baiano com paulista. E moro em São Paulo.
    3- Não tenho qualquer preconceito. E não tenho nenhuma preferência pelo sul do país. Nenhuma.
    4 - Sobre a distribuição da riqueza nacional, não ela não beneficia os estados do sul. nos últimos 20 anos os repasses do governo federal são muito maiores, proporcionalmente, aos estados do Nordeste.
    Não há a discriminação que o senhor mencionou.
    5 - apontei erros graves no nordeste, que poderiam ser solucionados rapidamente, mas com ajuda da população. o que vi é que ninguem se interessa em melhorar no nordeste. No sul e sudeste as pessoas buscam a melhora.
    6 - a violência existe sim no sul e no sudeste. mas nessas regiões, eles combatem-na, e procuram prender os culpados. No nordeste eles tratam como uma coisa comum, que é normal.
    7 - As pessoas do nordeste deram relevância apenas a essa coluna, na qual critiquei fortemente o que acontece aí. Durante 10 anos critiquei o sul e o sudeste fortemente também, como está registrado nos arquivos do jornal e na biblioteca local. Foram críticas duras a paulistas, cariocas, gaúchos, paranaenses. Sou neutro.
    8 - Não tenho a menor dúvida que o povo nordestino é solidário como ninguém, trabalhador (conheci milhares de trabalhadores árduos em sao paulo, vindos do Nordeste); e por último, o senhor diz que eles estão carentes do poder constituido. Sim, mas todo mundo está. os sulistas também estão, mas eles vão a luta e conquistam. Os nordestinos se acomodaram. Isso é que me deixou triste. Acomodaram-se com esses politicos e sistema de coronelismo da região.
    Muito obrigado por me deixar comentar sobre o assunto.
    9 - Tenho sangue nordestino.
    10 - e por último, acho João Pessoa, de longe, a mais bela cidade do litoral brasileiro.
    Alex Gutenberg

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