terça-feira, 30 de março de 2010

Expressões idiomáticas.

Rebuscando meus alfarrábios recolho alguns fragmentos sobre a origem de algumas expressões de uso corrente e não me ocorrendo um assunto mais apropriado preencho meu fastio literário com essas designações.


OLHO POR OLHO, DENTE POR DENTE - (Lei de talião)

Esta expressão remonta ao ano de 1780 a.C., no reino da Babilônia, no Código de Hamurabi.

Talião não é um nome próprio como parece. Escreve-se com inicial minúscula, pois se refere à correspondência de correlação e semelhança entre o mal causado a alguém e o castigo imposto a quem o causou; para tal crime, tal pena.

O criminoso é punido TALITER, ou seja, de maneira igual ao dano causado a outrem.

O termo LEX TALLONIS não somente se refere a um literal código de justiça, mas aplica-se à mais ampla classe de sistemas jurídicos que formulam penas específicas para crimes específicos, aplicados de acordo com a gravidade.

No código escrito por Hamurabi, o princípio da reciprocidade é exatamente usado com muita clareza. Por exemplo, se uma pessoa causou a morte do filho de outra pessoa, aquela pessoa que matou o filho (o culpado) seria colocada à morte por matar a criança.

MÃO NA RODA

Esta expressão origina-se de um fato.

Antigamente quando as viaturas possuíam tração animal e atolavam nas estradas, não havia solução melhor que pedir auxílio a outras pessoas, e todas colocavam a “mão na roda”, num esforço para tirar o veículo da lama.

Daí o sentido de ajuda, auxílio, etc.

BODE EXPIATÓRIO E BOI DE PIRANHA

São duas expressões que induzem, ou melhor, imputam uma penalidade indevida a uma pessoa inocente.

Os tropeiros ao atravessarem um rio com piranhas escolhiam um boi mais magro do rebanho e colocavam no rio, morto, para ser devorado pelas piranhas e atravessavam noutro local com o rebanho são e salvo. Figurativamente é o indivíduo que é submetido a uma situação de sacrifício para livrar outrem de uma dificuldade ou culpa.

O bode expiatório era um animal que era apartado do rebanho e deixado só na natureza selvagem como parte das cerimônias hebraicas do YOM KIPPUR, o Dia da Expiação.

Este rito é descrito na bíblia em Levítico Capitulo 16. No sentido figurado: alguém escolhido arbitrariamente para levar a culpa sozinho de um crime ou qualquer evento negativo. (Em inglês Scapegoat ou Fall Guy)

ENTRE A CRUZ E A ESPADA

Esta expressão origina-se na idade média à época da inquisição.

A cruz representando a Igreja e a espada representando o Estado.

Aderir à Igreja ou ao Estado em qualquer situação era um dilema constrangedor cuja opção poderia resultar na própria morte.

NAS COXAS

Aas primeiras telhas do Brasil eram feitas de argila moldada nas coxas dos escravos.

Como os escravos variavam de tamanho e porte físicos, as telhas ficavam desiguais.

Daí a expressão estão fazendo nas coxas, ou seja, de qualquer jeito.

VOTO DE MINERVA

Na mitologia Grega, Orestes, filho de Clitemnestra, foi acusado de tê-la assassinado.

No julgamento havia empate entre os jurados, cabendo à deusa Minerva, da Sabedoria, o voto decisivo.

O réu foi absolvido, e voto de Minerva passou a ser portanto, o voto decisivo.

CASA DE MÃE JOANA

Na época do Brasil Império, mais especificamente durante a menoridade de Dom Pedro II, os homens que realmente mandavam no País costumavam se encontrar num prostíbulo do Rio de Janeiro cuja proprietária se chamava Joana.

Como, fora dali, esses homens mandavam e desmandavam no país, a expressão casa de mãe Joana ficou conhecida como sinônimo de lugar em que ninguém manda.

CONTO DO VIGÁRIO

Duas igrejas de Ouro Preto receberam, como presente, uma única imagem de determinada santa, e, para decidir qual das duas ficaria coma escultura os vigários apelaram à decisão de um burrico.

Colocaram-no entre as duas paróquias e esperaram o animalzinho caminhar até uma delas.

A escolhida pelo quadrúpede ficaria com a santa.

O burrico caminhou direto para uma delas...

Só que, mas tarde, descobriram que um dos vigários havia treinado o jegue, e conto do vigário passou a ser sinônimo de falcatrua e malandragem.





A VER NAVIOS

Dom Sebastião, jovem e querido Rei de Portugal (sec. XVI), desapareceu na batalha de Alcácer-Quibir, no Marrocos.

Provavelmente morreu, mas seu corpo, como o de Ulisses Guimarães, nunca foi encontrado.

Por isso o povo português se recusava a acreditar na morte do monarca, e era comum que pessoas subissem ao Alto de Santa Catarina, em Lisboa, na esperança de ver o Rei regressando à Pátria. Como ele não regressou, o povo ficava a ver navios.

NÃO ENTENDO PATAVINAS

Os portugueses tinham enorme dificuldade em entender o que falavam os frades italianos patavinos, originários de Pádua, ou Padova.

Daí que não entender patavina significa não entender nada.

SEM EIRA NEM BEIRA

Os telhados de antigamente possuíam eira e beira, detalhes que conferiam status ao dono do imóvel.

Possuir eira e beira era sinal de riqueza e de cultura.

Estar sem eira nem beira significa que a pessoa é pobre e de fraco raciocínio.

Um comentário:

  1. Eu conheço outra versão para a expressão entre a cruz e a espada. No período da inquisição, os condenados deveriam ou beijar a cruz (geralmente aquecida ou embebida de ácido) ou aceitar a morte, representada pela espada. Gostei mais da sua ;)

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