Imagine-se você e uma corriola de amigos num trem a 100 km por hora. Quem está fora tem a sensação exata da velocidade, mas para quem está no interior da locomotiva você e seus amigos estão parados. Esse exemplo é como o Irmão Olavo (Vicente Albuquerque de Sousa) nos ensinava as noções de movimento e a teoria da relatividade, no colégio marista PIO X.
A propósito de teoria da relatividade há uma anedota sobre uma senhora que perguntou ao Dr. Albert Einstein o que vinha a ser a Teoria da Relatividade ao que ele respondeu com uma historinha.
Um cego perguntou a um professor qual a cor do cisne.
- O cisne é da cor de leite. – respondeu-lhe o professor.
Notando que o cego continuava ignorando o professor pegou o pescoço do cego e começou a torcer enquanto explicava:
- O cisne é uma ave que tem um pescoço assim, assim... - e torcia o pescoço do cego tentando dar-lhe a forma do pescoço do cisne.
- Pare Professor, já sei a cor do cisne. – gritou o cego.
A anedota passa a idéia de que a relatividade é uma coisa simples, mas seu entendimento requer alguns pré-requisitos.
A relatividade se aplica em tudo na vida. Até no envelhecimento das pessoas. Observe que as pessoas com quem convivemos diuturnamente parecem manter a mesma fisionomia. As mudanças são atenuadas. Já os amigos que encontramos esporadicamente parecem envelhecer com mais intensidade.
Tenho uns amigos de infância a quem sempre chamei dos meninos. Ainda hoje passados centenas de janeiros continuam sendo os meninos. È a relatividade funcionando.
Pois bem, teorias a parte, me deparo com mais dois exemplos.
Minhas duas sobrinhas, Beatriz (Bia) e Marina. Lindas, maravilhosas, inteligentíssimas.
Sempre as vejo como gurias com cheiro de cueiro, apesar de já serem duas moças, uma casada (Marina) já é mãe, a outra (Bia), exuberantemente bela e saudável, universitária de acurado senso crítico.
Ambas têm um saber eclético e escrevem com um poder de síntese de fazer inveja a muitos jornalistas e articulistas profissionais. A pesar da pouca idade são pessoas “antenadas “ com tudo que ocorre na nossa aldeia global. Discutem com segurança e propriedade sobre política, meio ambiente, religião, comportamento humano, qualquer que seja o assunto.
As duas são seguidoras e críticas do meu blog. Não perdoam uma vírgula nem um assunto mal colocado. Qualquer descuido la vem a Marina ou Bia com suas tesouras afiadas botando ordem na casa.
Processo seus comentários e críticas simultaneamente com sentimentos de orgulho e de prazer.
De orgulho pelo talento e inteligência dessas duas criaturas, sabendo-se uma tratar-se de minha descendência por via indireta, e a outra minha estirpe, sangue do meu sangue.
De prazer pelo convencimento de que ao escrever o que penso não estou plantando no deserto.
A dinâmica da vida tem esses nuances. A passagem do tempo não contemporiza. O tempo se encarrega de moldar as criaturas dotando-as de atributos que lhes realçam as qualidades. O aprendizado se faz no viver. O esmero, tempero da ciência, se faz no conviver.
Com o ego massageado me certifico que pelo menos elas me honram com seu carinho e sua atenção. Além da satisfação de escrever é este o oxigênio que nutre a permanência deste blog.
E fico matutando: logo aquelas meninas que ontem faziam xixi nas calças escrevendo desse jeito como se fosse gente grande.
Acontece que elas estavam dentro da locomotiva comigo e não percebi que cresceram e se ajuizaram a cem por hora. Deu-se a metamorfose. O casulo de repente se fez libélula. A menina num relance se fez mulher.
É a relatividade.
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