quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Meu cálculo renal

Convivo ha alguns anos com esse indefectível cálculo renal.
Essa mazela ja se tornou lugar comum em minhas agruras e as crises agora são semestrais.
Escrevi esses pensamentos para homenageá-lo.

Nenhum colosso basáltico, sedimentar ou vulcânico;
É capaz de produzir um fenômeno satânico
Como a avalanche provocada
por esse minúsculo aglomerado mineral, ou será vegetal?
Que promove hercúleos açoites
Varando dias e noites
E invadindo minhas vísceras como exércitos de samurais
No meu carcomido corpo com dores abissais
Os remansos biliares de súbito excitam-se
E o grão fatídico em micro-movimentos
Abre veredas sangrentas
Nas minhas entranhas doloridas
Ardendo e agindo em focos puntuais
Acentuam-se os espasmos musculares
Cada vez mais freqüentes e superlativos
O grito inevitável sucede a dor
A dor paralisa os músculos
Intumesce o abdômen, embota o cérebro...
E a razão vagueia num limiar
Entre o inconsciente e a realidade
Uma hora, um dia, outro dia,
Um lapso de tempo
Mas uma eternidade de sofrimento e dor
Os remédios mostram-se ineficazes,
meros placebos, ícones da desilusão
A esperança foge a cada minuto
Escondendo nas sombras o lenitivo
Que não vem...
Súbito, um clic milagroso...
E como um passe de mágica
Aquele estranho corpo é abortado
Navegando nos raios de sangue
Dos dutos uretrais
A concreção enfim é exorcizada
e tudo volta a ser como antes
no quartel de Abrantes.

3 comentários:

  1. Caro maurício
    Como relatei no sábado dia 10/10, havia dois comentários sobre doenças.
    abs
    Ricardo

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  2. ótimo essa postagem do cáuculo, não pelo cálculo que lhe atormenta, mas pela escrita tão bem feita que só voê sabe escrever...

    Deuu até cálculo em mim...

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