sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Zelimeiriando

Mudança no menu. O verso substitui a prosa.
Hoje resolvi fazer uma homenagem singela ao "poeta do absurdo" - Zé Limeira,      considerado o Dali do repente. Notabilizou-se por seus neologismos esdrúxulos e suas construções poéticas verborrágicas sacrificando a coerência em favor da métrica.
As quadrinhas seguintes são homenagens singelas a esse paraibano do Sítio Tauá na serra de Teixeira.


Vinte e três mais sete trinta

A quinta é depois da quarta.

Eu não sei quem é que pinta

Nem quem é que escreve a carta

Só sei que a vida é uma finta

É briga que não se aparta



Fantasma só vem de noite

Carneiro morto é churrasco

Pancada grande é açoite

Quem traz a morte é carrasco

O corredor é ligeiro

Quem pega bola é goleiro

Torcedor no futebol

Se não é Flamengo é Vasco



Faca de aço é cutelo

Amor primeiro é o que fica

Quem sabe dá uma dica

Quem bate prego é martelo

Se for cacete é uma pica

Nem você nem Freud explica

Pobre morar num castelo



Quem mata a fome é comida

Mulher solteira é sozinha

Abelha grande é rainha

Corte na carne é ferida

Quem faz o prato cozinha

E se esmera na bebida

Comendo mel com farinha

Na entrada e na saida



Seguro morreu de velho

Mala pequena é malote

Quem não tem o rabo preso

Mostra o pau esconde o bote

E quem tem o olho aceso

Não tem medo de calote

Baleia grande tem peso

Sapo pequeno é caçote





O galo que não tem gogo

É o rei do galinheiro

E mulher que perde o fogo

Não arruma companheiro



Homem que perde a carteira

Mulher que dinheiro acha

Tudo isso é baboseira

Nem é pão nem é bolacha

Se por fora estão sorrindo

Só não vê quem se abaixa

Por dentro os dois tão mentindo

Pode crer tudo se encaixa



Tomei café num dedal

Banho tomei num riacho

E brinquei o carnaval

Com o pinto fiz um penacho

E passei a noite inteira

Boiando numa banheira

Navegando rio abaixo

Nenhum comentário:

Postar um comentário