Mudança no menu. O verso substitui a prosa.
Hoje resolvi fazer uma homenagem singela ao "poeta do absurdo" - Zé Limeira, considerado o Dali do repente. Notabilizou-se por seus neologismos esdrúxulos e suas construções poéticas verborrágicas sacrificando a coerência em favor da métrica.
As quadrinhas seguintes são homenagens singelas a esse paraibano do Sítio Tauá na serra de Teixeira.
Vinte e três mais sete trinta
A quinta é depois da quarta.
Eu não sei quem é que pinta
Nem quem é que escreve a carta
Só sei que a vida é uma finta
É briga que não se aparta
Fantasma só vem de noite
Carneiro morto é churrasco
Pancada grande é açoite
Quem traz a morte é carrasco
O corredor é ligeiro
Quem pega bola é goleiro
Torcedor no futebol
Se não é Flamengo é Vasco
Faca de aço é cutelo
Amor primeiro é o que fica
Quem sabe dá uma dica
Quem bate prego é martelo
Se for cacete é uma pica
Nem você nem Freud explica
Pobre morar num castelo
Quem mata a fome é comida
Mulher solteira é sozinha
Abelha grande é rainha
Corte na carne é ferida
Quem faz o prato cozinha
E se esmera na bebida
Comendo mel com farinha
Na entrada e na saida
Seguro morreu de velho
Mala pequena é malote
Quem não tem o rabo preso
Mostra o pau esconde o bote
E quem tem o olho aceso
Não tem medo de calote
Baleia grande tem peso
Sapo pequeno é caçote
O galo que não tem gogo
É o rei do galinheiro
E mulher que perde o fogo
Não arruma companheiro
Homem que perde a carteira
Mulher que dinheiro acha
Tudo isso é baboseira
Nem é pão nem é bolacha
Se por fora estão sorrindo
Só não vê quem se abaixa
Por dentro os dois tão mentindo
Pode crer tudo se encaixa
Tomei café num dedal
Banho tomei num riacho
E brinquei o carnaval
Com o pinto fiz um penacho
E passei a noite inteira
Boiando numa banheira
Navegando rio abaixo
Nenhum comentário:
Postar um comentário