domingo, 25 de outubro de 2009

O Lagostim flambado.

Minha cunhada Rosana é pródiga em qualidades e atributos. Dentre eles destaco o prazer de cozinhar.

Rô, como a chamamos na intimidade, nunca freqüentou uma escola de culinária, mas domina essa arte com exímia maestria. É um dom natural. Já foi proprietária de um restaurante onde preparava o mais gostoso arroz “à Piemontese” jamais preparado nesta cidade e alhures.

Uma reunião social em sua casa é um festival de gastronomia tanto na variedade das iguarias como no esmero do preparo e na apresentação dos pratos.

Ela providencia todos os detalhes com uma simpatia contagiante.

Os sabores são indescritíveis e representam um desafio a qualquer gourmet. Tudo é divino, mesmo com as restrições de Alex (o marido) com o sal.

Ontem fui convidado para um papinho em sua residência. Participava apenas um “petit comitê” formado pelo casal anfitrião, sua belíssima filha e minha sobrinha Rosa Karenina, além de seus primos Fred Marinheiro e Carleusa, esta ansiosa e esbanjando alegria esperando o Antônio Carlos, o segundo filho, que chegará lá para o início de janeiro do próximo ano.

Salgadinhos deliciosos, com destaque para as codornas primorosas providenciadas por Alex, whisky honesto e o papo gostoso se desenrolava focalizando amenidades, como de costume.

Eis que de repente foi servido um lagostim refogado na manteiga e flambado.

A cor fortemente corada da casca do lagostim assumia um brilho levemente oleoso produzido pela manteiga e contrastava com o branco do filé.

O conjunto era de um efeito glamoroso e apetecedor agindo rápida e magicamente nas papilas gustativas.

Olhei para aquele prato com uma ansiedade maior que o prazer.

Os lagostins ali deitados, inertes, em posição decúbito dorsal, pareciam dizer: me coma, me coma.

Fiquei desconcertado e parti para a ação sem ligar para a mínima regra de etiqueta.

Com as mãos capturei um lagostim e devorei com a voracidade de um primata.

Foi um gesto rápido e preciso.

Somente notei a gafe quando Carleusa sutilmente observou:

- Rosana providencia uma toalha pra Maurício, acho que ele vai precisar tomar um banho.

Mancada a parte aquele lagostim merecia uma estátua de bronze ou no mínimo um tango.

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